O espírito do capitalismo e a docência na educação a distância
DOI:
https://doi.org/10.14244/198271994685Palavras-chave:
Educação a distância, Condições do trabalho docente, Capitalismo.Resumo
A docência na Educação a Distância (EaD) se caracteriza, dentre outras coisas, pela racionalização do trabalho. Nesse sentido, são comuns as pesquisas que buscam analisá-la a partir de uma perspectiva materialista. Para além das especificidades do modo de produção capitalista e sua influência nas superestruturas, acredita-se que é preciso considerar as relações entre a configuração do trabalho docente nessa modalidade e o sentido subjetivo atribuído à ação social. Assim, o objetivo desta investigação é analisar a docência na EaD à luz da sociologia compreensiva. Trata-se de um ensaio teórico que aborda, precisamente, a teoria weberiana. Como instrumento metodológico, tem-se o tipo ideal que possibilita construir abstrações da realidade social. Mais especificamente, são constituídas, neste estudo, tipologias referentes ao trabalho capitalista contemporâneo – e sua ética própria – e a docência na EaD em cursos que adotam uma abordagem sistêmica. Por meio das discussões apresentadas, sugere-se que as atividades dos profissionais docentes na modalidade se orientam por um ideário atrelado ao modo de produção capitalista. Para garantir o sucesso no trabalho, a docência está assentada numa ordem legítima que influi decisivamente no sentido subjetivo atribuído ao agir. Noutras palavras, supõe-se que os profissionais introjetam aspectos atinentes à ética capitalista que permeia o trabalho na contemporaneidade. Supera-se, portanto, o caráter tradicionalista da docência na educação presencial, fazendo com que os docentes da EaD se sujeitem às condições da modalidade, quais sejam: burocratização e consequente racionalização das funções a fim de atingir ideais de produtividade.
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