Revista Eletrônica de Educação

Apresentação do Dossiê Concepções, Políticas e Práticas de Indução Docente

Giseli Barreto da Cruz — 2024-05-30

Apresentação: Dossiê Concepções, Políticas e Práticas de Indução Docente.

Indução docente: formação de professores iniciantes em perspectiva

Giseli Barreto da Cruz — 2024-05-30

O estudo teve por objetivo analisar sentidos de indução docente e perspectivas para a sua implementação, seja pela via de políticas públicas educacionais, programas institucionais ou ações específicas em sua direção. Decorre de pesquisa teórico-empírica, de natureza qualitativa, centrada em uma revisão sistemática de literatura, para fins de síntese de evidências. Foram revisados 83 artigos, publicados em 5 bases distintas, selecionadas pelo fato de abrangerem uma coleção significativa de periódicos científicos internacionais com interface na área de Educação: Sage Journals, Science Direct, SciELO, Scopus e Taylor y Francis. O recorte temporal estabelecido foi de 2002 a 2022, de modo a abarcar as duas últimas décadas, quando o tema da indução docente alcançou maior circularidade e consolidação na área. As análises são descritas em quatro eixos: enfoques temáticos; enfoques teórico-metodológicos; ações e intenções; perspectivas de formação. Os resultados indicam que as práticas de indução se coadunam com o apoio e a assistência formativa ao professor que se encontra nos primeiros anos de exercício profissional, por meio de políticas e programas de indução, que apresentam níveis e configurações distintas, conforme o contexto, as condições e as contingências institucionais. As análises permitiram a composição de um quadro de perspectivas à indução assentado em três marcos estratégicos: considerar as dificuldades dos professores e suas formas de resistência; estimular o desenvolvimento profissional; e garantir condições objetivas de trabalho e formação.

Indução e desenvolvimento profissional de professores: desafios e possibilidades

Maria Assunção Flores — 2024-05-30

Neste texto analisamos a indução profissional a partir da literatura existente neste domínio discutindo o seu contributo para o desenvolvimento profissional dos professores. Reconhecendo-se a especificidade desta etapa de formação, analisam-se quatro temas principais: os desafios e dificuldades dos professores principiantes; o processo de socialização profissional, a (trans)formação da identidade profissional e o desenvolvimento de programas de apoio e orientação. São ainda discutidas as questões da relevância e da eficácia dos programas de indução, defendendo-se a necessidade de apostar no desenvolvimento de políticas neste âmbito e a pertinência de aprofundar o tema do ponto de vista da prática e da investigação. Mais concretamente, refletimos sobre a indução como prioridade política; a indução na perspetiva do desenvolvimento profissional; o papel do mentor e a agência do professor principiante. Argumentamos que o desenvolvimento de programas de indução eficazes e pertinentes tem de ir para além da perspetiva da deficiência, segundo a qual é necessário proporcionar aos novos professores estratégias de sobrevivência. Em vez disso, sugerimos que a indução constitui um espaço e um tempo de construção de conhecimento profissional, valorizando-se o contributo dos professores neófitos para o desenvolvimento da escola e para a promoção de uma cultura profissional colaborativa na medida em que pode promover o desenvolvimento profissional não só dos professores principiantes, mas também dos mentores.

Novos professores na América Latina: os desafios em tempos incertos

Denise Vaillant — 2024-05-30

O artigo apresenta a situação dos novos professores na América Latina, e se concentra nas dificuldades que enfrentam, as iniciativas para seu desenvolvimento profissional e os desafios do pós-pandemia. Com base na revisão da literatura e nas pesquisas anteriores de um dos autores, examina-se o cenário atual em que professores iniciantes começam e iniciam sua prática profissional. Identificam-se as principais dificuldades que os professores enfrentam nos seus primeiros dias de aula, como por exemplo o planejamento pedagógico, a personalização do ensino, a motivação dos alunos, a atenção aos diferentes ritmos de aprendizagem e a gestão da disciplina na sala de aula. Também são analisadas as diferentes iniciativas promovidas pelos países, dando especial atenção à figura dos mentores. A rede de fatores envolvidos no sucesso e fracasso de várias intervenções identificadas também é examinada neste artigo. O trabalho aborda um dos desafios mais importantes que os professores iniciantes que atuam em contextos vulneráveis têm hoje em dia: o nivelamento dos alunos que sofreram perda de aprendizagem durante a pandemia de COVID-19. Embora as evidências ainda sejam muito recentes, não há dúvida de que as consequências da pandemia afetaram com maior ênfase o trabalho dos novos professores.

Políticas de indução profissional docente: análises de programas realizados pela UFSCar, os mentores e sua formação

Aline Maria de Medeiros Rodrigues Reali — 2024-05-30

Considerando parte das contribuições e desafios identificados em três pesquisas-intervenções centradas em programas de mentoria para professores iniciantes, apresentam-se alguns resultados sobre os mentores e características das propostas formativas para que esses professores pudessem oferecer o suporte pretendido. Os programas foram desenvolvidos, ao longo dos últimos 20 anos, por um grupo de pesquisadores de uma universidade pública e apresentam especificidades em suas ofertas, tais como: assistência a professores iniciantes que atuam em diferentes níveis de ensino (Educação Infantil, Ensino Fundamental - anos iniciais, Educação de Jovens e Adultos); características dos mentores (perfis profissionais e tempo de atuação em sala de aula); usos da Internet (entre mentores e iniciantes e entre mentores e grupo de pesquisa); e uso ou não de ferramentas virtuais. Algumas dimensões dos programas investigados são apresentadas: concepção sobre a mentoria; eixos teóricos e metodológicos, principais características e práticas. Os resultados referem-se aos professores experientes participantes das iniciativas e características das ações de formação inicial e continuada ofertadas para atuar como mentores de professores em início de carreira. Por fim, sugere-se que as políticas de apoio aos professores iniciantes da carreira profissional, indução e mentoria considerem o desenvolvimento de processos formativos sistemáticos e de longo prazo. O esforço central das propostas formativas com esse propósito deve ser o ensino, a aprendizagem da docência e a atuação profissional docente.

Práticas de indução docente e desenvolvimento profissional: contribuições do Programa de Mentoria para professoras iniciantes

Lúcia Gracia Ferreira — 2024-05-30

A indução docente visa atender professores em início de carreira, num processo de acompanhamento, assessoria e formação, considerando as vivências da prática profissional. Assim, este texto tem por objetivo analisar as práticas de indução e o desenvolvimento profissional docente de professoras iniciantes, participantes do Programa de Mentoria Online, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, tendo como foco as relações, acompanhamento e os desafios. Para tanto, foi realizada uma investigação de abordagem qualitativa e exploratória, cujos dados foram produzidos no ano de 2022, no município de Itapetinga-BA. Contou com a participação de duas professoras iniciantes da Educação Infantil, que participaram de um programa de indução. Os dados foram produzidos a partir da entrevista semiestruturada e analisados a partir da técnica de análise de conteúdo, com emersão de duas categorias: a) relação e acompanhamento; b) desafios. Evidenciamos a contribuição do Programa de indução na construção da docência das professoras iniciantes e que as práticas empreendidas beneficiaram o seu Desenvolvimento Profissional. Constatamos que as aprendizagens da docência foram constantes, e que a indução vivenciada colaborou para busca de superação de desafios e construção de relações. Entendemos, com isso, que as práticas de indução precisam avançar para o caráter permanente, subsidiadas como políticas públicas.

A pesquisa-formação como prática de indução docente: experiência formativa com professoras em início de carreira

Carolina Ribeiro Cardoso — 2024-05-30

Este artigo tem como objetivo analisar o processo de desenvolvimento de uma pesquisa-formação, considerada como prática de indução docente. Dessa forma, apresenta reflexões sobre uma experiência formativa com professoras iniciantes, assumindo a narrativa (auto)biográfica como aporte teórico-metodológico para a compreensão dos principais desafios vivenciados no início da docência, bem como as estratégias encontradas pelas professoras para superá-los. As reuniões ocorreram mensalmente e foram protagonizadas por professoras de duas Redes Públicas Municipais de Ensino de Santa Catarina. Considerou-se como docentes iniciantes quem estivesse entre o primeiro e o quinto ano de exercício profissional na educação básica, considerando efetivos ou substitutos. Os autores que subsidiaram a pesquisa-formação e os estudos sobre indução profissional foram, Delory-Momberger (2016), Bragança (2011), Josso (2006) e Cruz, Farias e Hobold (2020). Os conceitos de narrativa, experiência, biografia e identidade mostraram-se essenciais para a compreensão das contradições e potências existentes na investigação da narrativa autobiográfica para formação de professores (Pereira; Silva; Hobold, 2021). A experiência evidenciou a potencialidade da pesquisa-formação como prática de indução docente, sendo que, ao compartilharem histórias de vida e profissão, as professoras refletiram sobre diferentes aspectos que envolvem o exercício do magistério, pensaram coletivamente em estratégias para superar os desafios da carreira e produziram um forte elo de identidade nas discussões concernentes ao ingresso na docência.

Professores iniciantes e as estratégias de ação frente aos desafios da docência partilhadas em uma pesquisa-formação

Iure Coutre Gurgel — 2024-05-30

O presente artigo objetiva discutir a importância das práticas de acompanhamento e processos de indução de professores iniciantes na educação básica, focalizando as estratégias para superação dos desafios vivenciados por esses profissionais no início da docência. Como problema de pesquisa, destaca-se: de que forma as práticas de indução podem contribuir para a aprendizagem do professor iniciante da rede básica cearense? O estudo caracteriza-se pela abordagem qualitativa de pesquisa, resultante de uma pesquisa em rede concluída em caráter interinstitucional e apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, tendo o dispositivo da pesquisa-formação como caminho metodológico reflexivo para a indução docente. Os sujeitos participantes deste estudo foram professores dos Anos Iniciais da rede básica cearense. O aporte teórico que deu sustentação ao estudo caracterizou-se a partir dos contributos de Cruz, Farias e Hobold (2020), Garcia (1999), Mizukami (2004), Veenman (1984), dentre outros. Os resultados evidenciam que as principais estratégias de superação partilhadas pelos professores iniciantes foram: buscar apoio com os pares e a gestão; ser afetivo na relação com os alunos; fortalecer a relação família-escola; refletir sobre a prática; e buscar melhorias permanentes através da pesquisa, estudo e formações para superar os desafios da docência. Os dados apontam a importância do apoio da gestão da escola a partir da prática de indução como perspectiva formativa para o desenvolvimento dos professores no início da carreira.

O início da docência no contexto cearense: estudo sobre a prática de indução profissional docente

Diana Aguiar Salomão — 2024-05-30

O início da docência é uma etapa essencial da formação docente para o desenvolvimento profissional de professores, pois é marcado pelo enfrentamento de desafios e dificuldades que impactam diretamente a aprendizagem da profissão. Nessa perspectiva, o processo de indução docente é uma possibilidade de amenizar as dificuldades que impactam esse período, sendo caracterizado pelo investimento em ações intencionais e sistematizadas de apoio e acompanhamento do trabalho docente. Isso posto, o presente artigo versa sobre o início da docência e objetiva discutir uma ação específica de indução profissional docente a partir das narrativas de professores iniciantes sobre os seus modos de agir e reagir diante dos desafios da profissão, considerando seus processos de acolhimento, suas trajetórias profissionais, as estratégias exitosas de superação e a experiência vivenciada entre pares em um Grupo de Formação. O debate e os dados apresentados são resultados de uma pesquisa-formação desenvolvida no contexto cearense. Para o desenvolvimento do estudo, realizou-se uma investigação de cunho qualitativo, do tipo pesquisa-formação. Os resultados do estudo demonstram que os professores iniciantes, ao participarem da pesquisa-formação, vivenciando processos de escuta, partilha de questões e trocas de experiências, consolidaram conhecimentos e práticas próprias à profissão docente e encontraram apoio e acompanhamento para o exercício da docência, sendo o desenvolvimento de um processo reflexivo de indução profissional o principal impacto dessa iniciativa.

Acolhimento profissional como estratégia de indução docente

Fernanda Lahtermaher — 2024-05-31

O artigo focaliza constatações de uma pesquisa com professoras iniciantes e experientes, que integram uma comunidade de aprendizagem docente, com o objetivo de compreender as relações estabelecidas entre elas a partir das narrativas sobre os movimentos de acolhimento e seu potencial contributivo para uma indução docente formadora de práticas profissionais. Teoricamente, apoiou-se nos estudos de Zeichner (2010; 2014), Cochran-Smith (2002) e Nóvoa (2017). Metodologicamente, conduziu-se um estudo de caso, com entrevistas e observação participante online, de modo que as expectativas, as experiências e as trajetórias de inserção das professoras fossem compreendidas tendo em vista a tecitura de relações estabelecidas entre iniciantes e experientes durante o período da inserção profissional. Assim, organiza-se em torno de dois eixos analíticos: acolhimento profissional docente e comunidade de aprendizagem docente. Conclui-se que as ações de acolhimento são traduzidas em duas perspectivas: receptiva e profissional, que, por não serem excludentes, podem contribuir para a indução docente. A pesquisa indica que as comunidades de aprendizagem docente podem facilitar o acolhimento profissional enquanto estratégia de indução docente, posto que, quando são organizadas considerando quem são os sujeitos, reconhecendo a horizontalidade de saberes e as diferentes formas de exercer a docência, contribuem para se pensar as práticas profissionais que rompem o isolamento e abandono da profissão nos primeiros anos.

Narrativas de professores iniciantes, no contexto do Agreste de Pernambuco: indução profissional em foco

Maria Joselma do Nascimento Franco — 2024-05-31

O presente artigo é recorte de três pesquisas desenvolvidas no PPGEduC/UFPE, articuladas à REDEP – Rede de Estudos sobre Desenvolvimento Profissional Docente, que tomam como objeto a formação de professores iniciantes nas redes públicas municipais do Agreste pernambucano. Neste, discutimos a indução profissional compreendida enquanto o processo de orientação, acompanhamento e acolhimento de professores iniciantes, assim como a imersão enquanto exercício de autoria e aderência à docência, que contribui para a busca na consolidação da carreira. Traçamos um percurso metodológico que se constitui pela via das narrativas, evidenciadas e analisadas com base nos grupos de discussão (Weller, 2006; 2010) e intervenção (Gouveia, 2020). Dentre as narrativas utilizadas, tivemos a constituição de Casos de Ensino (Mizukami, 2000; 2001; 2002; 2004), compreendidos como caminho de desenvolvimento profissional e aprendizagem da docência; os Diários Reflexivos (Zabalza, 2007) enquanto instrumento autoral, impulsionador da tomada de consciência das práticas de professores, e os Memoriais Formativos (Passeggi, Passeggi e Câmara, 2008), enquanto possibilidade da escrita de si e do aperfeiçoamento docente. Os “achados das pesquisas” indicam a necessidade de constituição de uma política de indução profissional e de formação continuada dos profissionais da educação, que parta de suas demandas reais e que considere o contexto, a reflexão e a dimensão da autoria de professores em atuação, numa perspectiva colaborativa, envolvendo a comunidade escolar, universidade e redes públicas municipais do Agreste pernambucano.

O coordenador pedagógico em face à indução docente na escola: dispositivos, conteúdos e desafios

Iris Martins de Souza Castro — 2024-05-31

Este escrito objetiva compreender as práticas e/ou dispositivos de indução docente desenvolvidos por coordenadores pedagógicos no contexto da rede estadual de ensino do Ceará, seus conteúdos e desafios no desenvolvimento e permanência do professor iniciante na docência. Argumenta-se que as práticas e/ou dispositivos de indução docente são estratégias de apoio e acompanhamento adotados, nos processos de formação no início de carreira, para favorecer a autonomia e o desenvolvimento do professor iniciante, atuação estritamente pedagógica. A análise decorre de investigação qualitativa, do tipo estudo de caso, com participação de dez coordenadores cearenses. Como procedimentos de produção de dados, utilizamos: questionário on-line, roda de conversa mediada por caso de ensino e entrevista semiestruturada. A análise das narrativas sustenta-se nos estudos de Isabel Alarcão, Maria do Céu Roldão, Vera Placco, Laurinda Almeida, Vera Souza, Neusa Ambrossetti e Antonio Nóvoa. Os dados evidenciaram os coordenadores como gestores da formação docente, em especial do iniciante. Foram identificadas quatro práticas e/ou dispositivos formativos que configuram a indução docente desenvolvida pelos coordenadores pedagógicos na escola: o diálogo, o apoio pedagógico direcionado, a aprendizagem entre pares e a observação em sala de aula. Nelas predominam conteúdos voltados para o desenvolvimento e consolidação de conhecimentos pedagógicos e experienciais dos professores iniciantes. As práticas e/ou dispositivos formativos destinados ao iniciante, porém, são advindas de ações individualizadas, sustentadas exclusivamente pelo entendimento do coordenador a respeito da relevância do processo de socialização do iniciante, não se caracterizando como iniciativa sistêmica de política pública formulada ou estimulada pela Secretaria de Educação do Estado.

Coordenadores Pedagógicos: reflexões e práticas de apoio e de acolhimento ao docente iniciante

Laurizete Ferragut Passos — 2024-05-31

O presente estudo faz parte de um programa interinstitucional de pesquisas com foco nos processos de indução para professores iniciantes da educação básica e teve por objetivo analisar se e como a formação realizada com um grupo de coordenadores pedagógicos de uma diretoria regional de educação (DRE) da rede municipal de ensino de São Paulo mobilizou reflexões e práticas de apoio e acolhimento ao professor iniciante no contexto da escola. Foram realizados quatro encontros formativos presenciais, gravados e transcritos, com a duração de quatro horas e com a participação de aproximadamente quarenta coordenadores. Os dados produzidos foram sistematizados e organizados em quatro dimensões de análise que abordam desde os sentimentos vividos pelos coordenadores na condição de professores iniciantes, passando por suas dificuldades para apoiar e acompanhar o professor iniciante no contexto da escola e pelas ações de acolhimento e acompanhamento realizadas, bem como as reflexões e práticas mobilizadas na formação realizada. Os dados indicam que a temática da inserção profissional e da indução docente podem estar invisibilizadas em muitas escolas, mas, em outras, é um tema sensível que tem resultado em ações e práticas favoráveis ao docente iniciante. As atividades propostas nos encontros não só mobilizaram reflexões sobre os diferentes elementos, tanto objetivos como subjetivos, que englobam a inserção profissional docente, mas, sobretudo, permitiram evidenciar iniciativas tidas na literatura como elementos facilitadores da inserção profissional, com potencial para constituir um programa de indução.

Indução na percepção de coordenadores iniciantes em Mato Grosso: leituras sobre formações partilhadas

Simone Albuquerque da Rocha — 2024-05-30

O artigo resulta de pesquisa que investiga processos de inserção e indícios de indução junto à professores iniciantes com o agravante de estarem na função de coordenadores pedagógicos. Tais profissionais participam de formação continuada da sua rede municipal de ensino e do projeto tripartite Universidade-escola e rede de ensino, advindo do finalizado projeto OBEDUC/UFMT/2017, que continua as atividades formativas como FormEduc/PPGEdu/UFR/2023. Questiona-se como os iniciantes percebem sua inserção na escola e a que atribuem sua adesão ao convite para assumirem a coordenação, estando na fase iniciática da profissão docente. Indaga-se, ainda, se as formações continuadas de que participam têm lhes propiciado condições para o exercício da coordenação pedagógica na escola em que atuam, sinalizando indícios de indução. Apropriando-se de narrativas (auto)biográficas e dos princípios da pesquisa-formação, apresenta como objetivos investigar, junto a duas iniciantes que atuam na Educação Infantil no interior de Mato Grosso, o que apontam como basilar para sua aceitação à função de coordenação pedagógica; e se percebem, ou não, processos de indução propiciados à sua formação. Resultados ainda preliminares sinalizam que a rede de ensino à qual pertencem os iniciantes oferece formação continuada aos coordenadores pedagógicos, sem tangenciar a fase inicial da docência, sendo, portanto, de pouca contribuição; no entanto, ressaltam que a formação partilhada no projeto colaborativo e itinerante, universidade-escola FormEduc/OBEDUC, embora não sendo para coordenadores pedagógicos iniciantes, foi responsável por encorajá-las às ações desafiadoras da coordenação pedagógica.

Inserção e indução profissional dos professores iniciantes/principiantes: estratégias formativas e papel dos coordenadores pedagógicos

Maria das Graças Chagas de Arruda Nascimento — 2024-05-30

O presente texto aborda a discussão sobre o processo de indução profissional de professores que iniciam a vida profissional. O artigo tem por objetivo discutir, a partir das perspectivas de coordenadoras pedagógicas, o processo de apoio e acompanhamento de professores que ingressaram na Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro em 2021, para atuarem nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Apresenta parte dos resultados encontrados em pesquisa que teve por objetivo analisar ações de formação desencadeadas pela escola, com indícios de indução profissional, no contexto da Rede Pública Municipal de Ensino do Rio de Janeiro. Busca-se investigar a existência de ações e estratégias intencionais voltadas para o acompanhamento e a formação de professores no âmbito das escolas e como os coordenadores pedagógicos estão envolvidos nessas ações. As análises estão sustentadas em estudos desenvolvidos por Cruz, Farias e Hobold (2020), Vaillant e Marcelo García (2012), Imbernón (2006, 2016) e Nascimento et al. (2014, 2021). Sobre os procedimentos metodológicos, foram utilizados a consulta documental, questionários e entrevistas com coordenadores pedagógicos da rede. Os resultados permitiram identificar a existência de uma política parcialmente efetivada e de ações pontuais de algumas escolas e seus respectivos coordenadores com vistas ao acolhimento dos professores iniciantes. Contudo verificou-se que existe ainda um longo caminho a percorrer na direção da efetivação de uma política de indução profissional docente.

Contribuições e fragilidades da formação de professores iniciantes em uma rede pública municipal de ensino

Aline Aparecida de Castro — 2024-05-31

Estudos sobre o período de iniciação profissional docente, que se refere aos primeiros anos de exercício profissional, têm avançado, especialmente na última década, no Brasil. Esta pesquisa, de abordagem qualitativa, tem como objetivo geral analisar contribuições e fragilidades da formação continuada de professores iniciantes ofertada pela Secretaria Municipal de Educação de um município paranaense. Com os objetivos específicos, buscou-se identificar iniciativas formativas desencadeadas pela Secretaria Municipal de Educação para professores iniciantes e verificar quais ações dessa formação continuada de professores iniciantes favoreceram, ou não, a aprendizagem profissional destes. A pesquisa foi realizada com 15 professores iniciantes, atuantes em escolas municipais de anos iniciais do Ensino Fundamental, contando também com duas Supervisoras de Gestão Pedagógica e de Ensino da Secretaria Municipal de Educação. Os dados foram produzidos através de questionário, entrevista semiestruturada e análise documental. O tratamento dos dados se deu pela análise de conteúdo. A pesquisa indicou que as iniciativas formativas vivenciadas pelos professores iniciantes ocorreram majoritariamente junto com os demais professores da rede municipal ou da escola. Os poucos momentos específicos proporcionados aos iniciantes se caracterizaram notadamente por esclarecimentos sobre a organização e funcionamento da rede de ensino. Quando da participação em cursos, no geral, eles indicaram que poucas vezes suas necessidades formativas foram atendidas, embora tenham reconhecido que, ainda assim, algo foi aprendido por eles. A predominância da abordagem teórica na formação também foi relatada, sendo que as iniciativas que tiveram enfoque mais prático, bem como troca de experiências, foram mais valorizadas por suas contribuições.

Curso “inducente”: efetivando e analisando um projeto de indução profissional docente no Rio de Janeiro/Brasil

Amanda Oliveira Rabelo — 2024-05-31

O objetivo do projeto de pesquisa-ação, ensino e extensão, relatado no artigo, foi apoiar o docente iniciante, egresso dos cursos de Pedagogia da UFF-INFES e da UFRRJ/IE, levantando as dificuldades e as soluções da prática pedagógica desse professor, bem como implementar e analisar estratégias de indução profissional do docente recém-formado pelo curso piloto “Inducente”, proposto para promover o diálogo entre universidade e escola. A metodologia adotada baseia-se em pressupostos qualitativos e narrativos, com ênfase na importância da pesquisa ligada à praxis, ou seja, na pesquisa-ação- os dados são devolvidos à comunidade estudada para possíveis intervenções. Participaram do programa 6 egressos do curso de Pedagogia da UFF/INFES e da UFRRJ/IE, docentes iniciantes dos anos iniciais do ensino fundamental e da educação infantil (menos de 5 anos de docência) no ensino público da região, bem como 6 mentores das escolas básicas nas quais os egressos trabalham (escolhidos pelo seu reconhecimento no trabalho desempenhado). Efetuamos o levantamento dos dados dos egressos por meio de questionário; os selecionados foram entrevistados, assim como seus mentores. O curso foi iniciado, as temáticas foram escolhidas e debatidas em cada encontro; por fim, foram efetuadas a avaliação e a autoavaliação. Concluímos que esse curso funcionou como apoio aos professores iniciantes, pois permitiu maior reflexão e melhor atuação profissional, bem como a diminuição do ‘choque de realidade’, da desmotivação e do abandono docente.

Impactos do PIBID e do Programa de Residência Pedagógica no processo de indução profissional

Alexandre Vanzuita — 2024-05-31

Este trabalho é resultante de uma pesquisa que versa sobre os Programas de Iniciação à Docência, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) e o Programa de Residência Pedagógica (PRP), articulados aos processos de Formação Inicial Docente no contexto do Instituto Federal Catarinense (IFC). O estudo buscou compreender como os Programas de Iniciação à Docência, PIBID e PRP, impactam a formação inicial docente e os processos de indução profissional. Situada em uma abordagem contextualizada, de natureza qualitativa, a investigação foi realizada com 100 estudantes dos cursos de Licenciatura do IFC atuantes no PIBID e no PRP. O foco da análise interpretativa voltou-se ao perfil, aos significados e às experiências vivenciadas pelos/as bolsistas e residentes em seus processos formativos. Os resultados mostraram que a predominância dos/as participantes dos Programas é do sexo feminino, jovens e solteiros/as. No campo das experiências formativas dentro dos Programas, os dados revelaram que as escolhas pelo campo das Licenciaturas estão vinculadas, além de ter um curso superior, às contribuições para a sociedade, as quais estão interligadas e diretamente relacionadas ao mundo do trabalho. Concluiu-se que as práticas realizadas dentro dos Programas impactam positivamente o processo de formação docente dos/as participantes, além da qualificação socialmente referenciada do processo de indução profissional, o que reverbera na sua inserção profissional.

Ler-escrever gêneros discursivos acadêmicos na formação inicial docente: um desafio para o ensino superior

Jéssica do Nascimento Rodrigues — 2024-05-31

Este ensaio apresenta reflexões de um grupo de professoras/es pesquisadoras/es que, mediante uso de formas variadas de registro em ações de ensino e extensão promovidas pelo Laboratório de Letramentos Acadêmicos (LabLA/UFF), tem coletado relatos de participantes acerca das práticas de ler-escrever gêneros discursivos da esfera acadêmica, reconhecidos como sustentáculos da formação para a práxis educativa. Dessa forma, defende-se a tese segundo a qual essas práticas docentes de ler-escrever na universidade têm se distanciado do uso da linguagem como prática social na/da construção discente e eixo formativo indispensável para a docência, o que conduz à problematização: qual é o papel de professores universitárias/os pesquisadoras/es no trabalho com a insuficiente proficiência de graduandas/os e de professoras/es da educação básica durante suas performances de leitura/escrita na esfera acadêmica? Partindo da perspectiva dialógica, discursiva e histórica da linguagem, intenciona-se discutir os eixos ler-escrever gêneros discursivos acadêmicos na formação docente cujo ensino é parte fundamental do trabalho de professoras/es universitárias/os. Como considerações finais, reitera-se que a comunidade discursiva acadêmica e, mormente, o docente do ensino superior são responsáveis por propiciar às/aos estudantes práticas de letramento em que o ensinar-aprender pela pesquisa para o trabalho docente seja central, com ênfase no processo de orientação como trabalho de formação de professoras/es para a educação básica, sem prescindir do entendimento do processo de fazer pesquisa, da parcialidade nas ciências, da história da divisão social do trabalho docente para (re)conhecer e (re)criar sua função na sociedade e da necessidade de (re)encontro entre fazeres científicos e pedagógicos na práxis docente.

Contribuições do Interacionismo Sociodiscursivo para o ensino de línguas

Juliany Correia Gomes — 2024-10-14

O presente ensaio tem como objetivo discutir contribuições do Interacionismo Sociodiscursivo para os conceitos de sujeitos (professor e aluno), de ensino e aprendizagem, e de currículo e conteúdo. Para isso, inicialmente, são apresentados alguns princípios fundantes do ISD; em seguida, são apontadas contribuições dessa corrente teórico-metodológica para as concepções de sujeito; logo após, são expostas explicitações sobre as concepções de ensino e de aprendizagem na teoria, além de serem abordados aspectos de currículo e conteúdo. Por fim, são tecidas considerações para conclusão do texto. Com base nesse percurso, foi possível chegar à conclusão de que no ISD os sujeitos são vistos como reais, contextuais e em atividade. No que diz respeito ao ensino, é concebido como um processo mediado e instrumentalizado com aparatos didáticos, em busca de uma aprendizagem que leve à aquisição de capacidades de linguagem para a produção e a recepção de textos. Já quanto ao currículo, o ISD considera importante promover a capacidade epistêmica e a capacidade praxiológica, de modo a formar um sujeito apto para participar da vida social; para isso, os conteúdos devem se voltar, especialmente, para texto, gênero textual e tipo textual.

Uso de tecnologias educativas no processo ensino-aprendizagem na formação do enfermeiro

Simone Barroso de Carvalho — 2024-10-14

O texto é um ensaio a partir de reflexões teóricas sobre o uso de recursos tecnológicos à luz da Aprendizagem Baseada em Equipes (ABE) como apoio no processo de ensino-aprendizagem na formação do enfermeiro em que se busca contextualizar o tema a partir de estudos já aprovados, executados e que demonstraram efetividade. Além disso, visa provocar aos leitores motivação, curiosidade e interesse em praticar essa metodologia em sala de aula que atualmente é tendência e tem se mostrado eficaz. Ainda, busca-se alertar os cursos de formação em saúde quanto à necessidade de uma análise constante acerca do método de ensino usado em sala de aula, assim como a importância de inovar. Trata-se de um estudo teórico, reflexivo, de perspectiva dialética e que tem na pesquisa bibliográfica seu recurso de investigação. A análise demonstrou que o uso de tecnologias educativas é um método inovador que possibilita motivação e desafio para estudar. Além disso, promove a interação entre docentes, discentes e à própria universidade favorecendo a formação crítica do enfermeiro e, portanto proporcionando melhorias nas práticas de ensino e de saúde. Espera-se que este ensaio reflexivo contribua na disseminação de informações pertinentes sobre a importância da aplicabilidade dessa estratégia educacional e propicie sua implementação em universidades e faculdades da área da saúde.

Apresentação do dossiê: Para Pensar a Docência na Educação Básica

Patrícia Ignácio — 2024-10-12

O presente dossiê traz como proposta Pensar a Docência na Educação Básica como materialidade de discursos advindos de campos diversos, como o do currículo, da formação de professores, da prática pedagógica e dos fundamentos da educação, entre outros que se mostram basilares na formação, conformação e produção das identidades docentes. Essa visão caleidoscópica fortalece a percepção de que o que se produz na área da Educação se move além de campos de investigação fendidos. Ela congrega, reúne, mistura, combina, borra fronteiras, produz matizes dos conhecimentos – para este dossiê, conhecimentos da Docência. Como temática em pauta na atualidade e recorrente em todo o mundo, tendo em vista as políticas e normativas de formação de professores e assistentes escolares contemporâneas e, em especial, as discussões decorrentes de investigações envolvendo a prática docente e suas implicações na formação dos sujeitos escolares, urge que pensemos a docência como um todo, e não mais como partes.

Do passado ao futuro da formação de educadores/professores: o presente apresenta novos desafios

Teresa Sarmento — 2024-10-12

Tornar-se educador/professor é um processo individual e, ao mesmo tempo, coletivo, que exige a simbiose interna de ação, experiência e emoção, no sentido de constituir uma ação total de uma pessoa no desempenho de uma profissão específica. Este texto parte de uma abordagem sobre os princípios básicos da formação de professores, para focar na análise do presente, buscando desvelar problemas e potencialidades existentes, e abrindo desafios para essa missão que é formar educadores e professores para um futuro, que agora sabemos ser incerto, mas no qual a garantia da educação deve permanecer como um direito das crianças, prevenido e promovido por seus educadores e professores.

Educação do Campo na formação de licenciandos(as) de Pedagogia: possibilidades, desafios e contradições

Marcelo Bagata Tavares — 2024-10-12

O presente estudo aborda uma discussão acerca da Educação do Campo, enquanto componente curricular no curso de formação inicial de professores do curso de pedagogia, de maneira que seja possível pensar à docência na Amazônia dialogada com as múltiplas realidades e possibilidades de atuação do professor/a, para além das áreas urbanas. Os processos metodológicos ocorreram de maneira integrada, de uma pesquisa participante na disciplina e das ações externa à sala de aula, por meio do I Seminário de Educação do Campo, realizado no município de Parintins/AM. Junto a revisão bibliográfica e documental, realizou-se as discussões das contribuições da literatura estudada e das falas das 3 professoras entrevistadas. Com isso, percebeu-se a importância da discussão acerca da Educação do Campo, mesmo que de maneira inicial, como uma disciplina no curso de pedagogia, mas fundamental para aproximar os licenciandos da realidade do campo, dos aspectos históricos, socioeconômico, metodológicos, de lutas, que influenciam a realidade educacional camponesa, conhecimentos fundamentais aos profissionais que poderão atuar nesses espaços.

Uso de metáforas e o reconhecimento do papel do professor em sala de aula na educação básica

Andréa Inês Goldschmidt — 2024-10-13

A reflexão deve ser parte da formação inicial e segue durante o desenvolvimento profissional, sendo importante no processo formativo. Nos cursos de licenciatura é fundamental espaços que garantam reflexões acerca do papel do professor em sala de aula, para que os alunos pensem em como suas ações e seus pensamentos implicam na identidade docente e na sua práxis. Uma das vias é a utilização de metáforas. Diante deste cenário, foi proposto esta pesquisa, envolvendo 25 licenciandos, em três disciplinas de formação inicial, em um curso de licenciatura em Ciências Biológicas, no intuito de investigar as concepções de alunos em formação docente acerca do papel do professor em sala de aula. Para tanto, os alunos receberam uma mini maleta fechada, contendo alguns elementos em seu interior: pedaço de elástico, pacote com lantejoulas, pacotinho de bala goma, apito, borracha, espelho, flor plantada num vaso, caneta marcadora permanente, post it, caixinha de lápis giz de cera, apontador, relógio, régua, pente, tesoura, letras e números diversos; e, uma cédula de dinheiro infantil. Após, foi solicitado aos alunos para abrirem a maleta e discutirem metaforicamente os mesmos, relacionando-os ao papel do professor na sala de aula. As reflexões foram registradas, socializadas e analisadas. Os resultados identificaram algumas características: ser flexível, criativo, saber chamar atenção, estabelecer limites, motivar, ter prazer em ensinar, estabelecer boas relações afetivas, respeitar a diversidade, respeitar o tempo da aprendizagem, reconhecer que ainda está em formação profissional, pode errar e corrigir. As metáforas contribuíram como potencial pedagógico para estimular as reflexões.

O atravessamento do início da carreira docente: uma análise a partir do patrimônio disposicional

Wilson Elmer Nascimento — 2024-10-13

Uma fase muito marcante e decisiva do desenvolvimento profissional de um professor é a sua entrada na carreira. A importância dessa etapa se dá sobretudo pela centralidade na constituição da identidade docente e na inserção e adaptação no âmbito da profissão. O presente estudo focaliza na análise das disposições incorporadas por um professor de Física a partir de processos de socialização e na influência dessas disposições em seu enfrentamento aos primeiros desafios do início de carreira. A partir da elaboração de um retrato sociológico, dispositivo metodológico que integra material empírico, referencial teórico disposicionalista e análise, foi possível analisar de que modo as diferentes situações vividas pelo indivíduo nos mais distintos períodos de sua biografia constituíram um patrimônio de disposições que se configuraram como fundamentais para a travessia dos momentos iniciais da carreira docente. Foram inferidas duas disposições fortemente arraigadas em seu repertório, quais sejam, uma disposição ascética e uma disposição à resiliência. A disposição ascética foi favorável ao professor nos primeiros anos de sua atuação no magistério, haja vista que não desistiu do ofício, acreditando em seu aperfeiçoamento e na melhoria de suas práticas. A disposição à resiliência foi basilar para que enfrentasse as adversidades do início da carreira, dada sua obstinação e resistência nesse período crítico. Assim, a travessia pelo choque com a realidade pôde ser suavizada sob a influência das disposições, levando o professor a um comprometimento para com a docência na educação básica.

Formação continuada de professores de anos iniciais do Ensino Fundamental: uma inscrição em outra cultura formativa

Sabrine Borges de Mello Hetti Bahia — 2024-10-13

Este texto tem como objetivo analisar o processo de formação continuada desenvolvido com professores do Ensino Fundamental, de um município no sul do Brasil, em um Laboratório de Docências (XXX). A proposta é um recorte de uma investigação mais abrangente, que pretende mostrar a potência de desenvolver experimentos sobre docências em um laboratório, por meio de uma pesquisa formativa e que envolve processos de (de)formação. O corpus empírico foi construído a partir das respostas dos sujeitos de pesquisa a um questionário on-line em articulação com as transcrições dos encontros realizados em duas fases do Laboratório (2022 e 2023). O referencial utilizado decorre de estudos sobre docências e formação de professores em uma perspectiva pós-estruturalista. As análises foram desenvolvidas tendo por inspiração a análise de discurso foucaultiana e conceitos dos campos mencionados, especialmente os conceitos de hipercrítica, experimento, experiência e exercício de pensamento. Os dados até agora indicam que outras formações, outras docências e outros modos de ser professor e de ser professora precisam ser gestados, também, em outra cultura formativa, nas escolas de Educação Básica e, principalmente, na formação de professores. Com esse argumento, o texto procura mostrar, com dados empíricos, os desafios de implantação do Laboratório de Docências, evidenciando que uma outra cultura formativa é necessária para que ocorram transformações, tanto na formação inicial de professores, quanto na formação continuada, foco deste artigo.

Proporcionalidade e porcentagens na Educação Básica: análise e proposta de melhora de uma unidade didática

Gara Acedo Arzola — 2024-10-13

Este trabalho tem como objetivo descrever e analisar a reflexão sistematizada, realizada por uma futura professora acerca de sua própria prática, quando usa os Critérios de Adequação Didática para implementar, avaliar e redesenhar uma unidade didática sobre proporcionalidade e porcentagens aplicada à Educação Básica. A análise qualitativa do caso indica que a valoração da unidade didática desenvolvida pela futura professora é bastante equilibrada, pois é baseada em todos os componentes dos Critérios de Adequação Didática. Como resultado, ao atribuir peso ao uso dos critérios no redesenho da unidade, a futura professora atribui maior ênfase nas adequações: a) epistêmica, em particular, criando estratégias para reduzir possíveis ambiguidades; b) cognitiva, aperfeiçoando o diagnóstico dos conhecimentos prévios, desenhando tarefas de adaptação curricular às necessidades individuais dos estudantes e incorporando o processo de autoavaliação para o alcance das aprendizagens pretendidas e; c) de meios, em particular, adequando o uso do tempo necessário para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem na resolução das tarefas. Conclui-se que este tipo de resultado pode ser observado em outras pesquisas que tratam da reflexão que o professor faz sobre a sua própria prática na formação de professores ao utilizar a ferramenta Critérios de Adequação Didática.

A comodificação da docência no currículo de livros didáticos para docentes de pré-escola

Rodrigo Saballa de Carvalho — 2024-10-13

O artigo é decorrente de uma pesquisa que, fundamentada nos estudos de Michel Foucault e nos estudos de currículo, tem como objetivo analisar a comodificação da docência em livros didáticos para professores de pré-escola. A comodificação diz respeito a como, na sociedade neoliberal contemporânea, a docência na Educação Infantil tem sido significada como mercadoria. O material de análise é composto por quatro livros didáticos destinados a docentes da pré-escola. A metodologia empregada é a análise do discurso foucaultiana. Com base nas análises, são discutidos os raciocínios políticos e pedagógicos em funcionamento nos discursos em circulação nas obras. Mediante a análise do material, são definidas duas unidades de discussão: a precarização do ofício docente e o alinhamento dos livros à BNCC-EI; e pedagogias de take-away nas lições de docência presentes nas obras. O enfoque da primeira unidade analítica é a discussão dos raciocínios políticos que modelizam o ofício docente a partir das orientações curriculares nacionais enquanto discursividade constituidora de sistemas de pensamento. Na segunda unidade analítica, são discutidos os modos como as obras através de seus raciocínios pedagógicos destituem o docente de sua função. Por meio das análises, é possível inferir que: 1) as obras analisadas sustentam-se na racionalidade em pauta na BNCC-EI; 2) os raciocínios políticos e pedagógicos em circulação nas obras têm como efeito a precarização do trabalho docente. Portanto, a partir das discussões empreendidas reivindica-se o exercício do pensamento docente como forma de resistência à comodificação da docência que posiciona o professor em um lugar de não saber.

A pedagogização da pandemia em planos de aula da Nova Escola: quais docências? Quais saberes? Que estudantes?

Viviane Castro Camozzato — 2024-10-13

Inspirada nas premissas da análise do discurso foucaultiana, este artigo objetiva dar visibilidade ao processo de pedagogização da pandemia em planos de aula da Nova Escola, evidenciando o biopoder e a biopolítica em operação e suas implicações para a docência, os saberes e os estudantes. Pedagogização entendida, sobretudo, como a ação de descontextualizar, remodelar, reconceitualizar e recontextualizar os saberes, a partir das regras do discurso que os enuncia. A materialidade investigativa se apoiou em nove planos de aula direcionados aos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, voltados ao entendimento de microrganismos e vacinas. Os resultados apontam que a pedagogização da pandemia se assenta em um discurso biopolítico, que aciona tecnologias de autocuidado e de cuidado para a manutenção da vida e da força produtiva. Reforçando o imperativo biopolítico de gerenciamento da vida, os planos direcionam esforços educativos ao ensino de práticas e saberes capazes de promover o "fazer viver", em meio a mecanismos reguladores da população, que objetivam a normalização dos comportamentos. Em meio à sincronização entre docência e demandas sociais; à centralidade dos estudantes nas práticas pedagógicas, à co-participação e co-aprendizagem de familiares e comunidade escolar, nota-se um saber-fazer pedagógico gestado para atender a uma urgência social histórica. Diante disso, o que se destaca é a conformação da Pandemia da COVID-19 à estrutura do logos pedagógico, por meio de técnicas e de procedimentos de conversão do conhecimento, articulados a jogos de poder-saber que intencionam a produção de determinados modos de ser sujeitos alinhados aos tempos de excepcionalidade.

Casos de Ensino: Teatro do Oprimido como ato de resistência

Claudia Starling — 2024-10-13

Apresentamos um recorte de uma investigação em desenvolvimento ancorada em pressupostos teórico-metodológicos da pesquisa (auto)biográfica. Utilizamos os Casos de Ensino como dispositivo de pesquisa-formação. Por meio de um projeto de pesquisa e extensão, os participantes foram convidados a narrar e socializar suas experiências pedagógicas em um espaço coletivo. Como referencial norteador, recorremos aos estudos freirianos para discutir a relação entre oprimido e opressor. Neste artigo, apresentamos e discutimos um dos Casos de Ensino narrados por um professor de Artes a partir da sua experiência com a produção do texto dramático com o Teatro do Oprimido em sala de aula. Como referencial, recorremos aos estudos freirianos para discutir a relação entre oprimido e opresso. O docente atua na rede pública, em turmas do Ensino Médio, na Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI). Objetivamos problematizar as dimensões do reconhecimento e da resistência de situações de opressão vivenciadas pelos estudantes, do ponto de vista narrado pelo professor. A análise foi baseada na interpretação-compreensiva dos relatos, evidenciando a dimensão referente ao Ensino de Teatro na EJAI e ao planejamento da prática pedagógica. As conclusões direcionam para uma epistemologia do sujeito biográfico que aporta, nas narrativas, processos formativos produzidos por uma reflexão a partir do processo criativo com o texto teatral. Os resultados também revelam a potência dos Casos de Ensino como dispositivo formativo e investigativo.

IA generativa em competências discursivas na educação básica

Alba Loiola — 2024-10-13

O presente estudo, de natureza exploratória, propõe reflexões sobre o impacto de Inteligência Artificial (IA) generativa – ChatGPT, Bard e assemelhados – em processos de ensino-aprendizagem de língua portuguesa na educação básica brasileira. O objetivo principal deste estudo foi tecer uma aproximação teórica entre os gêneros de discurso bakhtinianos e o conceito de transletramento, ressaltando o impacto do uso de IAs generativas no desenvolvimento de competências comunicacionais. Com esse enfoque, são apresentados e discutidos tópicos sobre os fundamentos históricos da inteligência artificial e os efeitos disruptivos decorrentes do uso de chats generativos na produção discursiva na esfera pública. Na sequência, são apresentados modelos de IAs generativas associados a propostas de práticas pedagógicas relacionadas às habilidades do componente Língua Portuguesa descritas na BNCC para os anos finais do ensino fundamental. Propõe-se, a partir desses elementos, um uso situado das IAs generativas com ênfase no desenvolvimento de competências conversacionais e linguísticas almejadas para a área de linguagem nesta etapa da aprendizagem escolar. Como considerações finais, o estudo destaca a necessidade de se produzir estudos consistentes e em larga escala que investiguem sobre o impacto do uso de IAs para além das questões éticas, enfatizando suas implicações em práxis pedagógicas e nos processos de desenvolvimento cognitivo, os quais tem o poder de causar efeitos positivos e negativos na efetiva aprendizagem observada na educação básica.

São todos os docentes iguais? Aproximações à diversidade e desigualdade laboral a partir dos docentes estrangeiros em Buenos Aires

Liliana Mayer — 2024-10-13

O sistema educativo argentino se organiza a partir de dois subsistemas de
gestão, quais sejam: o de gestão estatal e o de gestão privada. Dentro da diversidade e
heterogeneidade das escolas primárias e secundárias, se encontram as instituições
educativas internacionais, compostas por colégios binacionais. O artigo se caracteriza como
uma investigação qualitativa sobre a escolarização internacional na Argentina. Mediante
entrevistas com agentes escolares – autoridades e docentes – e análises de documentos
institucionais, o estudo busca indagar acerca das razões e motivos da internacionalização
das escolas e sua “orientação global” como uma etapa do passo de ser bilíngue. Além
disso, pretende estudar os passos e descompassos e possíveis desacordos entre os planos
de estudos internacionais e locais, considerando os impactos para as carreiras tanto de
estudantes quanto de professores ao se incorporarem a programas deste tipo. Importante
destacar que tal conjunto de problematizações é pertinente em um contexto em que os
professores estrangeiros têm sido considerados um ativo – commodity – neste tipo de
escolas. Ademais, de certo modo, a inclusão dos docentes estrangeiros está articulada com
a intencionalidade de incorporar discursos educativos globais nas escolas locais, implicando
em uma série de questões específicas que as pesquisadoras visibilizam na tessitura dos
resultados do estudo, tais como: condições de contratação, conflitos entre docentes
internacionais e locais, o âmbito da dimensão econômica na pesquisa, a coexistência de
diferentes enfoques pedagógicos e acadêmicos nas instituições particulares, entre outros.

Docências contemporâneas: do ensino de conteúdos à gestão das emoções

Matheus Velasques Trindade — 2024-10-13

O presente artigo reflete sobre as docências contemporâneas mobilizadas por documentos orientadores da Educação Básica no país. Em especial, apresenta resultados de uma pesquisa que objetivou examinar de que formas são engendradas, a partir da racionalidade neoliberal, docências brasileiras com contornos de gestão do desenvolvimento humano. As bases teóricas sustentam-se em estudos alinhados ao pensamento de Michel Foucault, mais especificamente os que se utilizam das teorizações acerca de governamentalidade e discurso. O material empírico escrutinado consiste em documentos orientadores da educação nacional: a Constituição Federal de 1988, os Parâmetros Curriculares Nacionais, as Diretrizes Curriculares Nacionais, a Base Nacional Comum Curricular e a Base Nacional Comum para a formação de professores da Educação Básica. A estratégia analítica utilizada para operar sobre este material é a análise do discurso de inspiração foucaultiana. Como resultado, destaca-se que a docência sofre um deslocamento nos documentos, enfatizando-se a gestão em detrimento do ensino de conteúdos. Nesse sentido, as normativas educacionais têm caminhado na direção de uma propagação de pressupostos empresariais capazes de instaurar a concorrência e a competição, também, nos ambientes escolares, produzindo professores gestores de si e das emoções dos estudantes.

Uma docência navegante na Educação Básica

Ana Patricia de Souza Azevedo — 2024-10-13

Este navegar tem uma dimensão viva e problematiza a constituição duma professora de ciências com atuação no campo, nas águas e na floresta. Com o intuito de experimentar um movimento de artistagem em meio à viagem, adotamos a produção de cartas como ferramenta de escrita de si e assim corremos o risco de navegar águas autobiográficas. Nesta empreitada, adotamos o pensamento Foucaultiano, ora admitido como a técnico do cuidado de si, que permite outras possibilidades de existência. Ao embarcarmos no barco da filosofia da diferença, vislumbramos um caminho aberto para ver e dizer uma educação do campo miúda e uma docência nos anos iniciais navegante. Trata-se duma possibilidade de olhar para essa outra modalidade educacional, que carrega marcas potentes de vida. Ao olharmos para estas marcas, identificamos características específicas da educação do campo, do rio e da floresta: a organização dos espaços como classe multisseriada, a organização e efetivação do calendário escolar, a separação de disciplinas, que evidencia mais uma entre outras importantes questões. Em meio a esta docência navegante da educação básica, traz-se a vida escolar amazônica como experiência de situarmo-nos, enquanto professores, em constante criações, mobilidades e constituições.

Relação escola-família e o “mito da omissão parental” na educação básica: escuta aos docentes

Tania de Freitas Resende — 2024-10-12

O artigo busca contribuir para o estudo da complexa relação entre escola e família nos meios populares, especialmente no que tange ao envolvimento parental na vida escolar dos filhos. Parte da confrontação de dois discursos: um deles, recorrente entre os professores, afirma que as famílias são omissas quanto ao acompanhamento escolar da prole; e outro, o discurso sociológico que, contrapondo-se ao primeiro, argumenta que a omissão parental é “um mito”. Este trabalho enfatiza a escuta dos docentes, examinando dados levantados em entrevistas e grupos focais com profissionais de duas escolas públicas municipais de Belo Horizonte / MG. Constata, nos depoimentos, alguns consensos: 1) tem havido uma melhoria no envolvimento das famílias, embora muitas vezes os entrevistados ainda o considerem insuficiente; 2) esse envolvimento é maior no caso dos estudantes com melhores desempenhos; 3) o envolvimento decresce com a idade dos alunos. Distingue, também, diferenças entre as duas escolas, havendo maior alusão à “ausência” dos pais naquela que atende uma comunidade mais vulnerável. A análise leva a concluir que o discurso dos entrevistados, por um lado, não se exime de culpabilizar moralmente as famílias populares, justificando o esforço de desmistificação realizado pela literatura sociológica. Por outro lado, tal discurso não revela somente estereótipos sobre essas famílias, mas, sobretudo, a magnitude dos desafios vividos pelos professores em seu trabalho pedagógico, merecendo, nesse sentido, ser levado em conta pela mesma literatura.

Implementação do programa escola cívico-militar: os efeitos do dispositivo de terceirização

Juliana Boanova Souza Ferreira — 2024-10-12

O processo de militarização das escolas públicas se atualizou, em 2020, a partir do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares. Tal programa, foi uma iniciativa do Ministério da Educação visando a implementação de 216 Escolas Cívico-Militares no Brasil, até 2023, sendo gradativamente instauradas 54 por ano. Neste artigo, buscou-se problematizar a adesão voluntária da população para essa instauração. Para isso, foram utilizados conceitos pós estruturalistas de Michel Foucault, especialmente o seu conceito de dispositivo, e no filósofo Étienne de La Boetié e sua obra intitulada Discurso sobre a servidão voluntária. Neste ensaio pós estruturalista, embasados em conceitos foucaultianos, analisamos como o programa põe a funcionar um novo dispositivo, denominado dispositivo de Terceirização. O dispositivo de terceirização emerge na atualidade para problematizarmos as escolhas dos sujeitos que, a partir do discurso da servidão voluntária, optam por terceirizar suas ações na sociedade. A partir dos dispositivos caracterizados por Foucault, foi realizado uma pesquisa no repositório de teses e dissertações da CAPES, visibilizando outros dispositivos que foram constituídos por demais autores. O objetivo foi capturar de que maneira os novos autores utilizaram o conceito em prol das demandas da atualidade. Como resultado, foi constatado que o Dispositivo de Terceirização atua no micro e no macro, e o Brasil com grande déficit educacional, principalmente nas escolas públicas, opta por um reforço educacional que não foge do tradicional, a disciplinarização dos corpos.

Entre a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental: o que enunciam as crianças?

Larissa Ferreira Rodrigues Gomes — 2024-10-12

O presente artigo objetiva conhecer quais sentidos são atribuídos pelas enunciações infantis na transição da educação infantil para os anos iniciais do ensino fundamental através da vivência com as crianças matriculadas no último ano letivo da educação infantil em um Centro Municipal de Educação Infantil localizado no município de Vitória – ES. O presente trabalho investe na cartografia como pesquisa-intervenção ao mobilizar as redes de conversações com as crianças como produção de dados, potencializando as narrativas que ocorrem concernentes ao avanço vivido por elas nas etapas da educação básica. Conclui-se que as crianças no último ano letivo da educação infantil, pouco compreendem as mudanças a serem vividas e praticadas no processo de mudança para os anos iniciais do ensino fundamental, o que provoca preocupação e angústia sobre se irão ou não possuir momentos de brincadeiras com os colegas, além de uma grande preocupação com as tarefas atribuídas na nova fase de escolarização. Sendo importante que ocorra o oferecimento de estratégias para que as crianças possam conhecer a escola na qual irão estudar nos anos iniciais do ensino fundamental, assim como ter contato com as crianças que lá estudam para que elas possam expor o pensamento crítico e reflexivo que possuem através de uma roda de conversa para ampliar e desmistificar o conhecimento prévio que as crianças possuem oriundos das conversações com os adultos.

Isolada e superficial? A formação em gênero e sexualidades no curso de graduação em pedagogia

Matheus Estevão Ferreira da Silva — 2024-10-12

Analisa-se a percepção de graduandos(as) em Pedagogia de uma Universidade pública paulista sobre as possibilidades de formação em gênero e sexualidades no seu curso. O curso que ambientou a pesquisa não possui uma disciplina específica sobre os temas na sua grade comum curricular, sendo esse o critério para sua escolha. A amostra foi composta por 212 graduandos(as) (N=212), contemplando sujeitos que estavam matriculados nos quatro anos dessa graduação. Aplicou-se um questionário composto por perguntas abertas e fechadas que os(as) questionavam sobre a abordagem dos temas. Na análise, recorreu-se à estatística descritiva, à técnica de Análise de Conteúdo (AC) e à literatura de base consultada. Para comparar a percepção dos(as) graduandos(as) com o que é previsto sobre os temas no curso, fez-se também uma análise documental de seu Projeto Político-Pedagógico (PPP) e de sua grade curricular. Pôde-se compreender que os temas estão, do ponto de vista burocrático, aparentemente incluídos tanto disciplinar como transversalmente no curso, além de também estarem contemplados em atividades curriculares, semicurriculares e extracurriculares que são ofertadas. Todavia, os dados coletados juntos aos(às) graduandos(as) mostraram que essa inclusão, principalmente a transversal, não se concretiza de fato, com os temas sendo abordados isolada e superficialmente no curso e reservados a disciplinas optativas. A concretização da formação em gênero e sexualidades depende da iniciativa e interesse dos(as) graduandos(as), cabendo a eles(as) procura-la para além das atividades curriculares obrigatórias previstas.

Apresentação do dossiê: Relação com o saber e perspectivas de formação

Flávio Caetano da Siva — 2024-11-15

Apresentação do dossiê: "Relação com o saber e perspectivas de formação."

Vivendo “em relação ao saber”. Por que as mulheres adoram escolas?

Adriana Marrero — 2024-11-15

Desde o século XIX, quando a modernização dos Estados levou à instalação de sistemas educacionais baseados na igualdade de acesso e no universalismo, as mulheres não pararam de ingressar e avançar nos diferentes níveis de escolaridade. O último grande processo de incorporação de mulheres começou no início do século XX, com o ingresso de mulheres nas universidades. Cem anos depois, as mulheres constituem a maioria dos estudantes universitários e graduados em todo o mundo. O objetivo deste trabalho é interpretar e explicar a atração que a instituição escolar exerce sobre as mulheres, maior do que sobre os homens. Para isso, será descrito numericamente o acesso e a conquista da educação feminina em algumas regiões do mundo e serão fornecidas evidências empíricas a partir de pesquisas de campo. Essas informações serão lidas e interpretadas por meio das contribuições teóricas da "Relação com o conhecimento", formuladas por Bernard Charlot, e outras contribuições já levantadas pelo autor no passado. Conclui enfatizando o potencial da escola como provedora de recursos que permite renegociar a construção de identidades violadas pelo pertencimento a uma estrutura social discriminatória. Para isso, destaca-se a importância daquilo que caracteriza a especificidade da escola, como o saber, e como as mulheres, mais do que os homens, estabelecem uma visão de vida orientada por uma relação com esse saber.

A Relação com o aprender no trabalho: os dias invisíveis de operários metalúrgicos

Ana Maria Freitas Teixeira — 2024-11-15

O texto apresenta uma análise sobre o processo de aprender que se desenvolve no âmbito do trabalho em suas diferentes dimensões destacando, particularmente, a estratégia de aprender no trabalho como sobrevivência frente às múltiplas mutações no mundo da produção fabril. Trata-se de colocar em evidencia o depoimento de operários de uma importante unidade fabril do parque metalúrgico da Bahia, especialmente operários “invisíveis” que ocupam a base da pirâmide hierárquica, observando como o ‘aprender pela prática no trabalho’ se constitui no cotidiano das relações de trabalho e no trabalho. Os depoimentos que evidenciam o recorte qualitativo da metodologia adotada para o estudo foram obtidos mediante entrevistas de longa duração, todas elas realizadas fora do ambiente industrial.

A Relação com o Saber dos diretores de escola e a gestão democrática participativa

Maria Cecília Luiz — 2024-11-15

Este estudo relata os resultados de uma pesquisa qualitativa com abordagem exploratória, que teve como objetivo analisar os saberes dos diretores de escola em relação à gestão democrática e participativa. Para a realização dessa investigação, foram analisadas falas dos diretores de escola de 10 estados brasileiros, que participaram do curso de formação para mentoria de diretores, realizado em parceria entre a Universidade Federal de São Carlos e a Secretaria da Educação Básica do Ministério da Educação. O embasamento teórico para a análise dos dados obtidos está pautado nos saberes dos diretores de escola, dentro da perspectiva da teoria da Relação com o Saber de Bernard Charlot (2000). Com base nos dados obtidos, foram caracterizadas três dimensões de análise que possibilitaram um entendimento sobre as Relações com os Saberes, que são: concepções da gestão compartilhada e as práticas colaborativas; possibilidade do diálogo democrático na escola: trabalho em grupo e/ou colaborativo; saberes sobre os colegiados da escola: participação na prática. Concluiu-se que a partir de uma perspectiva sobre a gestão democrática participativa e o entendimento do funcionamento dos colegiados da escola, o diretor de escola tem a possibilidade de romper com o autoritarismo ainda presente na sua identificação, uma vez que é a partir do seu posicionamento na função de diretor que a participação da comunidade nas tomadas de decisão da escola pode ser efetiva, frente aos desafios e dificuldades da escola.

Entre sonhos e astúcia, as relações com o saber acadêmico de universitários brasileiros

Eloiza Dias Neves — 2024-11-15

A partir da ampliação do acesso à universidade e da mudança no perfil do alunado, o texto relata um estudo de caso sobre dez universitários brasileiros e suas relações com o saber, baseado na teoria de Bernard Charlot. Usando questionários, “inventários de saber” e entrevistas para coleta de dados, buscaram-se conhecer as mobilizações para o curso superior, a compreensão do sentido do saber acadêmico e seu valor para esses estudantes de Ciências Econômicas, Ciências Sociais, História, Geografia, Serviço Social e Psicologia. Três tipos de processos de mobilização para a atividade acadêmica foram categorizados: processos de sujeitos que desejam adquirir uma profissão; processos de sujeitos empíricos; e processos de sujeitos epistemológicos. Comum a todos aparece um planejamento de percursos acadêmicos a longo prazo, que lhes assegurem manutenção e/ou mobilidade social ascendente.

Análise das percepções de educadores sobre relações dos alunos com o saber e com a instituição escolar

Flávio Caetano da Silva — 2024-11-15

O texto que se segue é uma reflexão sobre o resultado de uma pesquisa de Pós-Doutorado realizado junto à Universidade Federal de Sergipe, sob a supervisão do Prof. Bernard Charlot e junto à Université Paris 13, sob a co-supervisão da Profa. Christine Delory-Momberger em 2019. O objetivo é analisar as percepções de educadores brasileiros a partir de dados construídos com professores da educação básica da cidade de Araraquara, e professores franceses, da cidade de Paris e arredores, que tinham em comum o fato de trabalhar em escolas de periferia – no caso brasileiro – e em Collèges da Rede de Educação Prioritária (REP) – no caso dos professores franceses, com base na teoria da relação com o saber (CHARLOT, 2000) em associação com a perspectiva da biografização (DELORY-MOMBERGER, 2008). O método utilizado foi a pesquisa biográfica de tradição francesa (PINEAU, 2006, DOMINICÉ, 2006, DELORY-MOMBERGER, 2016). Algumas conclusões extraídas da pesquisa indicam que os docentes percebem que há uma concorrência entre os saberes escolares e as informações midiáticas como oportunidades e desafios para o trabalho pedagógico que realizam. Também destaca-se que há professores com profundas clivagens subjetivas (JANET, 2005, BLEUER, 1911, FREUD, 1969, FERENCZI, 1986) produzidas no desempenho da função docente, trabalhando com alunos com clivagens produzidas ao longo da vida, sobretudo nas relações vividas no ambiente escolar.

As relações com os saberes não consensuais na educação física escolar: com a palavra os/as estudantes

Luciana Venâncio — 2024-11-15

O objetivo deste artigo é explicitar as relações com os saberes não consensuais atribuídas aos modos e às razões de estar, permanecer e desejar aprender com e nas aulas de educação física. A principal escolha metodológica consiste em grupos focais para valorizar as interações dos/as estudantes de uma escola pública municipal na periferia de São Paulo. A partir de suas vozes, foram cotejadas as relações não consensuais com os saberes, ressaltando as principais dissonâncias que se afastaram do consenso. Ao discutir a especificidade de cada relação com o saber nas aulas de educação física, quatro aspectos foram destacados: a possibilidade dos saberes provocarem medo ou insegurança, a não dependência dos saberes do/a professor/a, a necessidade de internalizar os conhecimentos ao invés de memorizar os conteúdos, e a possibilidade de manipulação de alguns objetos sem a exigência de dominá-los. Os temas identificados nessas relações dizem respeito à sensibilidade, aos limites dos saberes docentes, à avaliação, à obrigação, aos objetos e aos materiais. À guisa de conclusão, os/as alunos/as precisam ser tratados/as como sujeitos/as concretos à medida que se revelam diante dos próprios saberes não consensuais. Essa perspectiva pode revelar pistas sobre o que vale a pena fazer parte do currículo escolar tanto na educação física como em outras áreas.

Relação com o saber, tempos de escola e temporalidades de vida

Maria Celeste Reis Fernandes de Souza — 2024-11-15

Este artigo se insere no debate sobre a educação integral, em tempo integral, no Brasil, e se propõe a refletir sobre tempos os de escola e as temporalidades de vida com as lentes teóricas da relação com o saber, na proposição feita por Bernard Charlot. Subsidia essas reflexões o material empírico produzido por meio de entrevistas com estudantes do 9º ano do ensino fundamental, da Escola em Tempo Integral (ETI) de Governador Valadares (GV), Minas Gerais. Analisa-se, assim, o tempo cronológico e as tensões que se estabelecem a partir dos sentidos do aprender e do modo como estudantes vivenciam a experiência singular do tempo. Os resultados problematizam o tempo modular de 50 minutos, seu uso para atividades como a cópia, e expõem desencontros entre tempos de aprendizagem e normatividade dos componentes curriculares. Afirma-se a importância de se compreender a pluralidade de tempos presente na expressão tempo integral, e conclui-se pela defesa da ampliação da jornada escolar, em retração, no cenário brasileiro, a partir do ano de 2016. Espera-se com as discussões apresentadas neste texto, contribuir para o fortalecimento da educação integral, em tempo integral, que se estabelece como uma das prioridades do Ministério da Educação a partir do ano de 2023.

Dos caminhos formativos e processos de relação com o saber aos projetos de si: pesquisa biográfica com jovens universitários/as

Rosemeire Reis — 2024-11-15

Este artigo tem como objetivo analisar as contribuições da entrevista de pesquisa biográfica para estudar os sentidos que jovens universitários/as atribuem às suas experiências e, em especial, em relação às articulações entre os processos formativos e seus projetos de si. Tem como referencial teórico a pesquisa biográfica, em diálogo com os estudos sobre a relação com o saber e a hermenêutica, para analisar as entrevistas de pesquisa biográfica. Para tanto, apresenta a metodologia utilizada, suas etapas e algumas análises da pesquisa realizada com estudantes de uma universidade francesa sobre seu percurso de formação e os modos como constroem as perspectivas de futuro. Identifica-se que a pesquisa biográfica se apresenta com um profícuo referencial teórico-metodológico para estudar as juventudes e suas relações com as experiências universitárias, nas dimensões epistêmica, social e identitária de sua relação com o saber, o que permite identificar indícios de como os/as estudantes constroem seus capitais biográficos, com os quais articulam seus projetos de si, em uma sociedade em que projetos de futuro são incertos e estão em constante mutação.

Impacto de um ateliê biográfico do projeto sobre as provas do sujeito que aprende na universidade: contribuição da pesquisa biográfica em educação e teoria da relação com o conhecimento

Valérie Melin — 2024-11-15

Este artigo propõe-se a examinar, a partir de uma pesquisa de campo realizada com estudantes de L3 envolvidos em um ateliê biográfico de projeto, como esta experiência se configura em uma auto narrativa que é objeto de acompanhamento formativo. A análise das narrativas evidencia como os mandatos que acompanham a massificação universitária, definindo novas normas, pesam sobre a experiência dos estudantes, afetam sua construção identitária e atuam na construção de suas trajetórias. O ateliê biográfico de projeto, que se baseia nos marcos teóricos da pesquisa biográfica em educação (Delory-Momberger, 2014) e da relação com o saber (Charlot, 1997), permite estudar como a experiência vivida, inseparável do confronto com testes (Martuccelli, 2010), torna-se um saber a ser construído pelo aprendiz (Melin, 2017). O dispositivo do ateliê biográfico de projeto permite pensar e construir um acompanhamento cuja contribuição para o percurso de formação universitária é inegável. A autorrelato no trabalho biográfico constitui não apenas um analisador das tensões identitárias que os estudantes vivem, mas também um lugar de experimentação da reconfiguração identitária que possibilita transações relacionais e biográficas. A partir do ateliê biográfico de projeto pudemos compreender melhor os percursos de estudantes de graduação que se encontravam em situação de desistência ou em vias de abandono de sua formação universitária.

Desafios da escola brasileira e os diretores: a relação com o “não saber”

Aline Cristina de Souza — 2024-11-15

Este estudo relata os resultados de uma pesquisa qualitativa exploratória, com o objetivo de abarcar os principais desafios da escola contemporânea, conforme a visão de diretores escolares com interesse em compreender suas Relações com o Saber. Ao realizar esta investigação, utilizou-se como procedimento metodológico um questionário on-line, com um formulário de identificação da instituição escolar e duas perguntas abertas. Esse questionário foi enviado, nos endereços de e-mail, aos 150.000 diretores escolares que estavam cadastrados base do PDDE interativo. Obteve-se respostas de 1.372 diretores, dos quais apenas 1.113 foram selecionadas, devido a algumas respostas não estarem completas. Segundo os dados obtidos, foram categorizadas três dimensões de análises que possibilitaram um entendimento sobre as Relações com os Saberes, conforme respostas: ausência da relação com as famílias; a questão da estrutura física ou infraestrutura da escola e ausência de aprendizagens dos alunos. Acredita-se que os saberes de objeto, relacional e prático que foram analisados a partir das respostas dos diretores, identificaram vários “não Saberes”, e estes devem ser repensados no cotidiano da escola. A partir de uma perspectiva de gestão democrática que abarque as necessidades do público atendido, com a busca pelo pertencimento da comunidade, com uma escuta ativa e mais diálogo etc., o diretor pode compreender a função da escola contemporânea. Um bom começo, seria admitir o que não se sabe, utilizar de sensibilidade e humildade para identificar e resolver os novos desafios da escola, preferencialmente, de forma coletiva.

A relação que os Kurâ-Bakairi mantêm com a escola: algumas reflexões

Edinéia Tavares Lopes — 2024-11-15

Os dados foram constituídos por meio de observações e entrevistas, objetivando analisar a relação que os Kurâ-Bakairi mantêm com a escola. A relação que os Kurâ-Bakairi mantêm com a escola denota que ela é espaço de mediação com os não indígenas; por isso, acessar o mundo escolar, adotando provisoriamente um comportamento do karaíwa (o não indígena), não significa o abandono de sua identidade nem a transformação definitiva nele, portanto, não apresentaram sofrimento. Denota ainda que os estudantes Kurâ-bakairi, mesmo deixando de aprender algumas práticas cotidianas com a comunidade, pelo fato de dedicarem parte do tempo aos estudos, garantirão, com o acesso à escola, o mais importante para eles: o sustento e a reprodução das suas famílias. Portanto, a cultura Kurâ-Bakairi não funciona como obstáculo à aprendizagem dos conhecimentos veiculados pela escola. Constatamos, por parte dos estudantes, a disposição para aprender os conhecimentos escolares, como parte do ser Kurâ-Bakairi.

Carta ao leitor

Maria Cecília Luiz — 2024-05-30

Televisão e princípios dos direitos humanos: uma análise de conteúdo dos telejornais da TV aberta

Flaviana de Freitas Oliveira — 2024-05-31

O Brasil assume o compromisso com a Educação em Direitos Humanos, expresso por meio de planos e diretrizes, que reconhecem a importância da mídia para este tipo de educação. Destacando a importância dos telejornais, que são responsáveis por criar uma hiper-realidade e levar fatos considerados verdadeiros para os telespectadores, o presente estudo problematiza “Como os Direitos Humanos são abordados em telejornais das televisões abertas do Brasil?” A metodologia utilizada tomou como objeto, durante seis meses, 60 edições de telejornais de cinco emissoras de televisão abertas do Brasil: Jornal Nacional (Rede Globo), SBT Brasil (SBT), Jornal da Record (Record), Jornal da Cultura (TV Cultura) e Brasil Urgente (Band). Trata-se de uma pesquisa documental que utiliza a análise de conteúdo para sistematizar os dados. No total, foram analisadas 402 matérias, sendo que apenas 1,5% das notícias mencionaram o termo “Direitos Humanos” (DH). Buscou-se também a frequência de menção aos princípios que sustentam os DH (igualdade, liberdade, fraternidade, solidariedade, dignidade, diversidade, democracia e laicidade), que chegou a 5,7% do total de matérias. Mesmo em matérias que envolvem direitos, estes não são associados ao conjunto dos Direitos Humanos. Entende-se que a não menção a estes direitos contribui para a ignorância e a manutenção dos preconceitos existentes no Brasil.

A educação/escolarização das mulheres egressas do sistema penitenciário

Ires Aparecida Falcade — 2024-05-31

O presente artigo refere-se à percepção e experiência de mulheres egressas do sistema penitenciário sobre educação/escolarização ao longo de suas vidas, incluindo o período enquanto estiveram em privação de liberdade. Aborda dados da tese de doutorado A (re)inserção social de mulheres com histórias de privação de liberdade, Falcade (2019). A referida pesquisa de caráter exploratório, qualitativa, teve a participação de 20 mulheres egressas do sistema penitenciário de Curitiba e Região metropolitana. Para a coleta de dados, foi utilizado como instrumento de pesquisa e coleta de dados o questionário com 46 questões e observação durante sua aplicação. Com objetivo de discutir e analisar os impactos da frequência ou não às aulas durante suas vidas, este artigo aborda recorte específico referente a questão escolar vivenciada em suas vidas, antes, durante e após a privação de liberdade. Para isso, utilizou-se a metodologia e os dados da tese referente aos diversos fatores sobre suas vidas no retorno à liberdade e o impacto da experiência escolar na privação de liberdade no seu regresso. Um dos resultados obtidos na pesquisa e que aqui é discutido, demarcou a importância das atividades escolares em suas vidas e a importante vivência e mediação do/a professor/a no resgate da autoestima e dignidade humana entre muros e grades e em liberdade.

Conjunturas históricas, projeções futuras: o ensino remoto emergencial de história e o uso do WhatsApp

Alessandra Soares Santos — 2024-05-31

O artigo busca relatar as condições de organização do ensino no Brasil durante os primeiros meses de isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19 bem como refletir sobre as possibilidades e os limites do ensino de história neste contexto. A partir da experiência e da reflexão crítica sobre o desenvolvimento de um projeto de ensino de história por professores do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) junto aos seus estudantes do ensino médio, pretendemos discutir o uso de uma das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs) – o WhatsApp – no ensino de história. A proposta realizada consistiu em fazer leituras e discussões de textos e de vídeos com conteúdo científico de maneira totalmente assíncrona e virtual por meio deste aplicativo de mensagens instantâneas instalado em dispositivos de telefonia móvel. O projeto pretendeu suscitar reflexões e debates sobre a história do século XX e sobre como as ciências humanas podem contribuir para a compreensão de conjunturas-chave, como a atual pandemia, no século XXI. Acreditamos que essa experiência e as discussões por ela suscitadas podem contribuir não apenas para a proposição de ações pedagógicas qualificadas, mas também para uma reflexão crítica acerca do uso de TDICs em tempos de “normalidade” educativa e sanitária.

Alunos com deficiência física no ensino médio: análise da acessibilidade em uma escola pública

Eli Carlos de Sousa Alencar — 2024-05-31

A seguinte investigação apresentou como objetivo analisar as condições de acessibilidade físico-arquitetônicas de uma escola estadual de ensino médio, em um município do interior do estado do Pará, para alunos com deficiência física ou com mobilidade reduzida. Sua execução se deu com base na análise dos fatores que dificultam a eficiência e eficácia da acessibilidade física, para o atendimento e inclusão desse crescente público de alunos. Nesse sentido, foram descritos e analisados os principais obstáculos que podem comprometer e, por consequência, pôr em risco a adequada inclusão dentro do contexto escolar. Para atingir os objetivos propostos optou-se pela realização de um estudo descritivo, realizado a partir do método de pesquisa qualitativo. Para coleta de dados foram utilizados, além de um Protocolo de Avaliação de Acessibilidade em Escolas, entrevistas semiestruturadas e um diário de campo do pesquisador. A análise dos dados advindos das entrevistas permitiu estabelecer as categorias e subcategorias de análise, necessárias para definir as características e o nível de acessibilidade das escolas investigadas. Foram analisadas também as dificuldades para o uso de equipamentos e mobiliários do ambiente escolar, por alunos com deficiência física ou com mobilidade reduzida. Já a aplicação do protocolo permitiu estabelecer tecnicamente, com base nas atuais normas, o nível de acessibilidade físico-arquitetônica de escola. Como conclusão, o estudo demonstrou que a escola estudada não apresenta estrutura físico-arquitetônica, de equipamento e mobiliários adequada dentro das recomendações e exigências prescritas em normas técnicas vigentes e na legislação mais recente sobre acessibilidade.

Acessibilidade e ensino para surdos em contexto da COVID-19 na Universidade Federal de São Carlos

Ligiane de Castro Lopes — 2024-05-31

O ano 2020 foi caracterizado pelo isolamento social decorrente da COVID-19, que motivou o uso de ferramentas digitais para desenvolver o ensino não presencial. Movimentos de luta para reconhecimento da Libras e a avanços quanto à acessibilidade nos processos vestibulares garantiram o ingresso de surdos na Universidade, entretanto ainda existem dificuldades para eliminar as barreiras de participação. Todas estas adversidades, não superadas no ensino presencial, foram acirradas durante a Pandemia, devido a qual o surdo deixou de interagir com seus pares e muitas vezes não dispôs de acessibilidade com a tradução e interpretação em Libras. Diante desse cenário, mostra-se necessário analisar sobre as possibilidades e escolhas adotadas para contemplar as especificidades para surdos, com o objetivo de analisar documentalmente as formas de acessibilidade oferecidas pela UFSCar no contexto de Pandemia. Trata-se de um estudo de natureza descritiva e caracteriza-se por uma pesquisa documental, tendo como estratégia o estudo de caso. Foram compilados registros em sites, relatórios, lives e dados de domínio público que evidenciaram a organização das decisões para ações de acessibilidade. Para a análise dos dados, foram criadas três categorias que indicaram vantagens e prejuízos para a inclusão do surdo. Diante deste estudo, concluiu-se que muitas ações foram planejadas e produzidas, entretanto ainda existem lacunas que precisam ser revistas para ofertar igualdade de oportunidades aos surdos na Universidade.

A relação trabalho- educação: um olhar para o estudante-trabalhador do IF Sudeste MG- Campus Barbacena

Manuela Belo Lucena — 2024-06-17

Em uma sociedade em permanente reestruturação produtiva, na qual os avanços científicos e tecnológicos impõem mudanças significativas no mundo do trabalho, a formação do trabalhador nos espaços formais de ensino, em especial na educação profissional e tecnológica, deve possibilitar sua inclusão no contexto social, político, cultural e de trabalho de forma digna e emancipatória. Nesse sentido, o estudo aqui proposto teve o objetivo de traçar o perfil socioeconômico dos estudantes-trabalhadores dos cursos técnicos subsequentes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais- Campus Barbacena e identificar as avenças e paradoxos que envolvem a relação trabalho e educação desses estudantes. Tratou-se de um estudo de natureza exploratória e descritiva, de cunho quantiqualitativo, caracterizando-se como estudo de caso. Em sua realização foram aplicados questionários semiestruturados a 72 estudantes-trabalhadores dos cursos subsequentes do Campus Barbacena. Os resultados da investigação revelaram que a maioria desses estudantes-trabalhadores são jovens mulheres inseridas em atividades informais do setor terciário e que exercem profissões de baixo status social equivalente a de seus pais, embora possuam um nível de escolaridade maior. Acredita-se que esses estudantes-trabalhadores ainda vivenciam em instituições de ensino de qualidade a histórica dualidade educacional que é reproduzida cotidianamente pela sociedade e o fato de terem que relacionar trabalho e educação se impõe como mais um desafio.

O recreio escolar como acordo mimético do “Processo Civilizador”

Vinicius Machado de Oliveira — 2024-06-20

Com o avanço do processo civilizador, o processo de escolarização se tornou bastante rígido, sendo necessário pensar em mecanismos de arrefecimento das rotinas escolares. É nesse contexto que o recreio escolar emerge como alternativa a converter as estátuas pensantes em corpos dinâmicos, autorizando o controle descontrolado das emoções, das relações e, principalmente, das manifestações sociais. À vista disso, sabendo das potencialidades desse valoroso espaço de investigação social, este estudo, por meio do referencial teórico eliasiano, teve por objetivo compreender de que forma, um momento, em tese, considerado menos produtivo pedagogicamente poderia agregar experiências tão importantes para o desenvolvimento dos escolares. Nessa esteira, o estudo evidencia que o recreio escolar pode ser interpretado como um ambiente polissêmico de manifestações e relações sociais, que permite expandir redes configuracionais e alargar as relações de interdependência, assim como testar o autocontrole das pulsões individuais.

Letramento Digital e Educação: Revisão sistemática de artigos em língua portuguesa no período 2015-2019

Maria Paulina de Assis — 2024-06-20

Este trabalho teve como objetivo aprofundar estudos sobre o letramento digital e sua relação com as dimensões de ensino e aprendizagem, por meio de uma investigação sobre o que tem sido pesquisado sobre esse assunto na educação, em publicações em língua portuguesa. Utilizou-se a revisão sistemática como método de pesquisa, com busca de artigos no Portal de Periódicos Capes e no Google Acadêmico. Os critérios de inclusão para a coleta foram: artigos sobre temas educacionais, escritos em Português, disponibilizados no período entre 2015 e 2019, com o termo letramento digital, literacia digital ou alfabetização digital no título, publicados em revistas revisadas por pares, disponíveis para download gratuito. Os artigos foram classificados por ano de publicação, periódico, universidade de afiliação do autor principal, Unidade da Federação, região da universidade e palavras-chave. Feita a organização e a documentação dos dados, elaboraram-se uma análise quantitativa e uma qualitativa. Foram selecionados 98 trabalhos, sendo a maioria deles de periódicos das áreas de Educação e Letras, Linguagem e Linguística. A partir da leitura dos resumos, os artigos foram classificados em cinco categorias, como segue: propostas de inovação, atividades em ambientes digitais, reflexões e análises documentais, pesquisas com professores e alunos. Os artigos analisados apresentam contribuições relevantes para a investigação científica na área do letramento digital e para os professores em formação inicial e em serviço.

Palavras-chave: Letramento digital, Revisão sistemática, Educação.

Inteligência artificial: uma alternativa à educação personalizada e inclusiva

Lucas Martins Bernardino — 2024-06-20

No mundo, cerca de 15% da população possui algum tipo de necessidade especial, o que impacta diretamente no aprendizado em sala de aula, sendo necessário produtos, ferramentas e/ou metodologias assertivas que possibilitem o aprendizado do aluno. Diante deste cenário, o trabalho demonstra tendências tecnológicas relacionadas ao uso de inteligência artificial na educação aplicadas em sala de aula, como uma alternativa a educação personalizada e inclusiva, por meio de levantamento bibliográfico e patentométrico. Nos últimos 20 anos, houve um acentuado crescimento em relação ao número de patentes depositadas e artigos produzidos no que se refere a tecnologias, metodologias e ferramentas assistivas utilizando inteligência artificial aplicada à educação, destacando-se neste cenário Estados Unidos e China. O Brasil ainda se encontra em desvantagem competitiva em relação ao número de depósitos de patente e produção literária, evidenciando a necessidade de investimentos em pesquisa, tecnologia e inovação.

Arquitetura cognitiva humana e diretrizes que podem influenciar na aprendizagem do estudante na educação online

Andressa Falcade — 2024-06-20

Este escrito é um recorte de uma investigação de doutorado que tem por objetivo mapear diretrizes para minimização da sobrecarga cognitiva em materiais didáticos e ambientes virtuais de ensino e aprendizagem para cursos presenciais e a distância. O primeiro objetivo específico desta investigação foi apontar diretrizes que minimizem a carga cognitiva em materiais didáticos e ambientes virtuais de ensino e aprendizagem a partir de uma análise documental dentro de estudos como a Teoria da Carga Cognitiva, da Teoria cognitiva da aprendizagem multimídia, da usabilidade de interfaces e do aprendizado eletrônico. Neste momento abordaremos a análise documental das diretrizes da Teoria da Carga Cognitiva, apontadas por Sweller, de forma a torná-las mais acessíveis a todos os leitores que dela desejarem se apropriar. Neste artigo foram feitas associações entre essas diretrizes de modo que foi possível definir nove categorias de carga cognitiva.

Efeito de cotas para ingresso e de fatores socioeconômicos sobre o desempenho acadêmico de estudantes em um curso técnico integrado: um estudo de caso

Washington Santos da Silva — 2024-06-22

O objetivo deste trabalho, de natureza quantitativa, foi identificar se fatores socioeconômicos e o fato dos estudantes serem ou não cotistas impactaram o rendimento acadêmico de estudantes do curso Técnico Integrado em Informática ofertado pelo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais, Campus Formiga (IFMG - Campus Formiga) em 2017. Utilizou-se o Coeficiente de Rendimento Acadêmico (CRA) como indicador de desempenho dos estudantes. Além de avaliar o impacto sobre o desempenho do ingresso via cotas de ações afirmativas, foi avaliada a influência de fatores como a origem escolar dos estudantes, se egressos da rede pública ou privada, cor, sexo, renda familiar e turma de ingresso, sendo que a análise de regressão foi utilizada para quantificar a relação. Entre os resultados, destaca-se que, no ano estudado, a maioria dos estudantes era oriunda de escolas públicas, do sexo masculino, autodeclarados brancos, seguidos de pardos e provenientes de famílias de baixa renda. Houve evidências de que ser cotista, ou não, e a renda familiar não foram preditores relevantes do coeficiente de rendimento acadêmico. Destaca-se, ainda, entre os resultados, a evidência de que estudantes de cor preta e do sexo feminino tem desempenho, em média, inferior ao de estudantes brancos e pardos do sexo masculino.

Constituição identitária de surdos na educação infantil: diálogos entre estudos surdos e sociologia da infância

Gabriela Guarnieri de Campos Tebet — 2024-06-22

Este artigo tem como objetivo articular discussões do campo da Sociologia da Infância sobre Culturas de Pares e discussões do campo dos Estudos Surdos sobre a criança surda e a constituição da Identidade Surda. A partir de pesquisas bibliográficas, e de uma perspectiva de pensar a educação como prática de diferença, este artigo reúne elementos dos dois campos para dialogar sobre a constituição da identidade da criança surda e a constituição de grupos de pares. Quem seriam os pares das crianças surdas em escolas comuns? A discussão realizada oferece subsídios para pensarmos o currículo e a formação de professores para a educação de crianças surdas na educação infantil.

A pesquisa em história da educação na perspectiva da história cultural

Rudá Morais Gandin — 2024-06-22

Este artigo se dirige aos recém-chegados ao campo da pesquisa em história da educação na perspectiva da história cultural, e objetiva proporcionar aos seus futuros pesquisadores uma aproximação com os objetos, debates, teorias e autores que frequentemente se encontram nas teses, dissertações e artigos científicos que se destinam, sobretudo, ao estudo acerca do processo de desenvolvimento histórico da educação. Para tanto, este artigo se apoia em autores como Le Goff, Bloch, Constantino, Anjos e Nunes. Adotou-se como procedimento metodológico a pesquisa bibliográfica nas bases de dados da Scielo e do portal de periódicos da CAPES, além de livros dos autores mencionados, a respeito da pesquisa em história e em história da educação na perspectiva da história cultural. Aponta-se, nas considerações finais, que o trabalho do pesquisador em história da educação, além de se preocupar com as datas e o desenvolvimento dos episódios políticos, econômicos e sociais no transcorrer da história, para não incorrer em anacronismo, deve tomar como objeto de suas análises os eventos educacionais, sem incorrer na generalização dos seus objetos de estudo, uma vez que o papel do historiador parece decorrer da construção lenta e parcial dos episódios sucedidos no passado, considerando as diferenças dos sujeitos e épocas nas quais cada momento aconteceu.

Formação empreendedora: a nova demanda do capital para o ensino superior

Evanilde Silva da Costa — 2024-06-23

Este artigo surge a partir da pesquisa que investiga a função social da universidade pública e a disseminação da cultura empreendedora na Universidade Federal do Pará. Tem como objetivo analisar o discurso da formação para o empreendedorismo nas universidades, pelo Serviço Social de Apoio às Micro e Pequenas Empresas que vêm se expandindo, sobretudo no atual governo de Jair Messias Bolsonaro. Para tanto, evidencia a relação entre o crescimento do empreendedorismo no Brasil e as reformas neoliberais que implicam no aumento do desemprego e desmonte das leis trabalhistas. Metodologicamente, as análises centram-se nas intencionalidades presentes no conteúdo da palestra Empreendedorismo em Dois Tempos, do Programa Nacional de Educação Empreendedora (PNEE), do Serviço Social de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, buscando responder às questões norteadoras: Como é estruturada a palestra? Apresenta que concepção de empreendedorismo? Como resultados detectou-se que a palestra é divida em uma parte conceitual, seguida de orientações sobre como ser um empreendedor, além de um tópico explicativo sobre o empreendedorismo corporativo, de negócio e o social. Identificamos, de maneira implícita, a presença de ideias com sentidos de responsabilização individual, liberdade e adaptação, comumente presente no discurso do empreendedorismo.

Tornar-se um “menino de bem”: formação ética, individuação e socialização na Educação Básica

Cristine Gabriela de Campos Flores — 2024-06-22

Esse artigo, escrito na forma de ensaio, parte da narrativa infantil “As aventuras de Pinóquio”, a fim de discutir os processos de individuação, socialização e a formação ética na Educação Básica brasileira. Para tanto, inicialmente, apresenta-se uma discussão a respeito do conceito de ser humano, o sentido da existência e o caminho até tornar-se pessoa. Em seguida, é abordado o tema da individuação, um processo simbolicamente mediado que acontece por intermédio da socialização por meio da linguagem. A metodologia de análise e a interpretação deste ensaio baseiam-se na hermenêutica filosófica. Os principais autores que fundamentaram o presente texto são: Hermann (2001, 2002, 2008), Lima Vaz (2001, 2006), Frankl (2010), George H. Mead (1973, 1981) e Blumer (1969). No conto sobre Pinóquio, a escola é referida diversas vezes como um local de formação moral, onde ele deveria ir para estudar e para se tornar “um menino de bem”. Neste artigo, a Educação Básica é considerada um espaço-tempo propício para o desenvolvimento da identidade pessoal e para a formação ética dos sujeitos. Compreende-se o ambiente escolar como um espaço privilegiado de interação que pode promover e mediar situações para que ocorra essa formação. Dessa forma, defende-se que a educação contemporânea deve pensar um projeto pedagógico para formar um indivíduo capaz de viver e conviver, reconhecer-se enquanto pessoa na relação com o outro, a partir da construção de valores éticos.

Justiça para além do mundo do espetáculo, da ordem e da segurança

Lúcia Schneider Hardt — 2024-06-23

O artigo tem por objetivo analisar as relações entre castigo e justiça considerando o pensamento de Fassin e Nietzsche. As exigências e dinâmicas do convívio social, pautadas prioritariamente pela moralização dos costumes reduzem a possibilidade de pensar sobre a justiça e insistem em afirmar que é preciso punir para proteger a sociedade. Trata-se de um populismo penal, mais fácil de editar do que a justiça social. Pensar e investigar sobre os fundamentos do castigo implica pensar sobre nós mesmos e nossos valores para apresentar aos leitores como o castigo foi definido ao longo da história passando por vários teóricos e como passamos de uma lógica de reparação a uma lógica do castigo, ou ainda de uma economia afetiva da dívida a uma economia moral do castigo. Para pensar sobre a justiça é preciso considerar os contextos histórico, cultural e político que designam distintas formas de castigo que se administram e a necessidade de compreender que elas todas não derivam de lógicas racionais apenas. O castigo não se distribui uniformemente nos espaços sociais e por isso indagamos: a quem então se castiga? Concluímos ser necessário gestar nas instituições de ensino um tipo de formação capaz de acolher a variedade de pensamento, pluralidade de normas, e até mesmo uma espécie de politeísmo pedagógico para fazer aparecer a diferença e a dissonância, para então pensar sobre a justiça.

Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP): dimensões da gestão escolar entre os anos de 2010 a 2018

Marilândes Mól Ribeiro de Melo — 2024-06-22

Este artigo analisa as dimensões sobre Gestão Escolar presentes na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP) do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP/MEC), entre os anos de 2010 a 2018. É fruto de um curso de pós-graduação lato sensu em Educação realizado no Instituto Federal Catarinense – Campus Camboriú. Metodologicamente utilizamos a pesquisa exploratória como aporte para selecionar o acervo bibliográfico representativo sobre o objeto a ser compreendido. O suporte para a análise das dimensões sobre Gestão Escolar foi as noções desenvolvidas por Brito (1994), quando aciona três áreas fundamentais: a) pedagógico didática; b) funcional e dos espaços; c) administrativo-financeira. Acionamos tais áreas para analisar um período de 8 anos, selecionando publicações divulgadas pela Revista. Para tanto, fizemos o levantamento de todos os artigos referentes à temática, no período demarcado. Foram selecionados os artigos cujos título/subtítulo, resumo e palavras-chave faziam referência à Gestão Escolar. Por meio das análises, a pergunta respondida neste artigo é: como as dimensões da Gestão Escolar aparecem nos artigos publicados pela RBEP no período de 2010 a 2018? As análises mostraram que os artigos são fragmentados e não apresentam todas as dimensões e requerem uma ampla gama de leituras para que se construa uma ideia ou um conceito. O estudo mostrou a tendência da Revista a refletir uma agenda pautada principalmente na legislação sobre educação, corroborando com aspectos legais; ou seja, com a construção de um perfil de Gestão Escolar com tendências verticalizadas, mesmo com os esforços para a construção de um perfil democrático.

Desafios da educação climática no Brasil: promessas de uma metodologia estrangeira para salvar o país

Evelyn de Oliveira Araripe — 2024-06-22

Apesar das mudanças climáticas serem um tema constante na mídia e nas pesquisas acadêmicas, a presença do tema na educação formal e não-formal ainda é limitada e não atende a interdisciplinaridade que o tópico exige. Analisando em uma perspectiva crítica a implementação de uma organização de origem alemã ao Brasil para o ensino de mudanças climáticas ao público infanto-juvenil, com base em uma pesquisa-ação, objetiva-se neste artigo discutir os desafios, potenciais e lacunas ao adotar-se uma metodologia estrangeira para tratar o tema que ao mesmo tempo em que é global, possui particularidades em escala local. Para isso foram entrevistadas, via questionário e entrevistas em grupo, 29 crianças, adolescentes e jovens de três cidades de diferentes estados brasileiros. Observou-se a importância de trazer exemplos conectados à realidade destes participantes para se abordar as mudanças climáticas em uma perspectiva que gere aprendizado, emancipação e autonomia.

O Jornal Escolar "O Estudante Orleanense" e as representações de maternidade e mãe: um diálogo possível com a filosofa Simone de Beauvoir

Cintia Gonçalves Martins — 2024-06-22

A investigação aqui apresentada teve como intenção pesquisar, por intermédio da análise documental, as representações de maternidade e mãe no Jornal Escolar “O Estudante Orleanense” produzidos entre os anos de 1949 e 1973 pelos/as alunos/as do Grupo Escolar Costa Carneiro. A referida instituição de ensino se encontra localizada no munícipio de Orleans, no extremo sul do estado de Santa Catarina. Atualmente, a escola tem a denominação de Escola de Educação Básica Costa Carneiro e pertence à rede pública estadual de ensino desde sua fundação, na década de 1930. O Jornal Escolar constitui-se em um artefato pedagógico que esteve fortemente presente nos educandários catarinenses durante o século XX e que, atualmente, está salvaguardado nos acervos documentais de algumas escolas. Ao todo, foram encontrados 57 Jornais Escolares que estão disponibilizados no Centro de Memória da Educação do Sul de Santa Catarina (CEMESSC), no formato virtual. A análise foi realizada à luz de algumas das reflexões apresentadas na obra “O Segundo Sexo”, da escritora francesa Simone de Beauvoir (1949), sendo o tema elencado na produção da filósofa as questões relacionadas à maternidade.

Infâncias no recreio do ensino fundamental: das (im)possibilidades de exploração dos espaços e do tempo

Aline Sommerhalder — 2024-06-05

Deriva de pesquisa ampla, com financiamento do CNPq, aborda a temática das infâncias no recreio escolar do ensino fundamental. Problematiza o espaço e o tempo oportunizado e explorado por crianças dos três primeiros anos de ensino. Considera o recreio como contexto educativo e reconhece o ‘silenciamento’ do tema na produção científica atual. Mapeia e analisa que espaços as crianças exploram e de que maneira utilizam o tempo no recreio escolar. De natureza qualitativa realizou-se a observação participante de quatorze crianças em recreio escolar de escola pública de anos iniciais, com registros em diários de campo e utilizou-se da perspectiva da Análise de Conteúdo para organização dos dados. Os achados evidenciaram que a exploração do tempo e dos espaços para o momento do recreio mostraram-se desafios ao cotidiano, considerando o autorizado pelos adultos presentes, as regras, os materiais possibilitados e o restrito tempo. O pátio (central e inferior), com a quadra se constituiu no espaço de privilegiada exploração, especialmente para brincar. No entanto, o parquinho e o jardim se colocaram como espaços de grande interesse, mas com acentuada restrição ou impossibilidade de uso. O refeitório se apresentou como espaço para alimentação, mas também para espera, silêncio, conversas e brincadeiras. Destaca-se a necessidade de valorização do recreio para participação e exercício da cidadania nas infâncias, para aprendizagens e para autoria, para viver às infâncias e ter o direito de brincar efetivado em plenitude, realizando-se o intercâmbio destes com o que se ensina e se aprende em sala de aula.

A biologia e metodologia das ciências naturais no curso normal no Maranhão (1946-1949)

Tiago Rodrigues da Silva — 2024-06-25

Este artigo analisa a prescrição dos saberes escolares da biologia e metodologia das ciências naturais no ensino normal do Instituto de Educação do Maranhão, no período de 1946 a 1949. Para a realização deste estudo foram utilizados os programas curriculares da instituição escolar maranhense e legislação educacional vigente da época. A análise incide sobre três aspectos do currículo: a legitimidade das disciplinas escolares na legislação, seleção e distribuição dos saberes escolares e as finalidades socioculturais. O ensino de biologia no curso normal, em caráter propedêutico, obteve um processo contínuo de criação, redução e, às vezes, extinção, definindo fronteiras com a disciplina escolar biologia educacional. A ordenação dos conteúdos programáticos foi pautada pela socialização de saberes escolares da classificação, diversidade e fisiologia dos animais e plantas, muito embora, também, às vezes, direcionados para cunhos higiênicos e sanitários. No âmbito da metodologia das ciências naturais houve prevalência do discurso naturalista, com princípios e fundamentos do movimento da Escola Nova. A disposição dos saberes escolares da biologia e metodologia das ciências naturais fez ressoar suas finalidades socioculturais complementares e, ao mesmo tempo, contraditórias na formação de normalistas no final dos anos 40 do século XX.

O lápis, o caderno, um pouco de dignidade e uma fresta no tempo: a educação nas prisões brasileiras

Maria Luzineide Pereira da Costa Ribeiro — 2024-06-25

Abandonados os suplícios e os seus espetáculos de horror, o confinamento humano passou a representar a proposta civilizada de correção. Partindo desse pressuposto, o presente artigo traz uma temática recorrente nas prisões, a educação. Pretendemos discutir aqui seu avanço sobre o cárcere, consubstanciado na ideia de tempo – a medida de pagamento da pena – a partir da legislação vigente e das ações do Estado, das condições de encarceramento, para compreender em que medida essa população, que teve apenas restrito o seu direito à liberdade, tem os seus direitos fundamentais respeitados e assegurados por meio de políticas públicas, sobretudo, de Educação. Nessa perspectiva, analisaremos as ações voltadas a pessoas encarceradas, sobretudo, jovens, como medida redutora de dias, num contexto extremamente excludente e diante de uma população marcada pela pouca escolaridade. Como base de dados para descrição do cenário educacional e recorte do perfil desse público foi utilizado o sistema de informações estatísticas do sistema penitenciário brasileiro. Para melhor entendimento das políticas de educação e seus desdobramentos, à luz da legislação vigente e de pesquisas acadêmicas sobre o tema. Como aporte teórico, na abordagem do conceito de tempo e prisão, estudiosos renomados como Bogo Chies (2008), Loic Wacquant (2001), Michel Foucault (1997), entre outros importantes pesquisadores da questão criminal. Se em meio a promessas de ressocialização, temos jovens agonizando na prisão com projetos de vida e de futuro comprometidos, ao final, percebemos que enquanto desdobramento das políticas de educação, a leitura apresenta-se como medida eficiente na redução de dias e como estímulo às práticas educativas.

Educação e literatura infantil: personagens idosos com Alzheimer

Monica de Avila Todaro — 2024-06-25

O cenário brasileiro de envelhecimento populacional leva a mudanças nos padrões de morbimortalidade, com o crescimento de doenças neurodegenerativas. Dos vários tipos de demência apresentados pela população idosa, a Doença de Alzheimer (DA) é a principal deles. O objetivo do presente estudo é levantar, apresentar e analisar obras de literatura destinadas às crianças, publicadas no Brasil, que tratam do tema “Alzheimer”. Trata-se de uma pesquisa na qual os livros infantis foram utilizados como fontes primárias, ou seja, compuseram o corpus empírico da investigação. O quadro teórico é composto por Vygotsky (1989), Soares (2004) e Neri (1991;1997). A amostra foi constituída por dezesseis livros publicados entre 2006 e 2020. A análise foi feita à luz da Escala Neri. Os resultados indicaram que as obras analisadas destacam as relações intergeracionais e que os domínios (cognitivo, agência, relacionamento social e persona) estão presentes nos textos. A partir das reflexões sobre a complexa relação entre o sujeito e o objeto mediada por artefatos usados como ferramentas e como forma de expressão, concluiu-se que ensinar as crianças a lerem, com criticidade, um mundo que envelhece, com vistas ao exercício da alteridade, é algo potente quando se pensa em geroalfabetizar, na perspectiva de uma educação para o envelhecimento.

Os currículos prescrito e apresentado no manual do professor do livro didático relativo à Estatística

Alissá Mariane Garcia Grymuza — 2024-06-25

Este artigo apresenta uma análise do currículo prescrito e o currículo apresentado ao professor referente aos conteúdos de Estatística. Foram analisados os documentos normativos BNCC e Guia do PNLD 2019 e sua relação com os manuais de orientação ao professor do 1º e 5º anos de todas as coleções aprovadas em 2019. Os resultados apontam que há consonância entre tais documentos. Nos manuais de orientação a maioria das coleções apresenta preocupação em especificar a função e habilidades necessárias a compreensão de conceitos estatísticos. Com a nova proposta de formato em U, a maioria das coleções, de ambos os anos, apresenta o objetivo da atividade e algum tipo de orientação de como o professor pode conduzir a atividade. Entretanto, há pouca sugestão de material de apoio, uso de tecnologias digitais, sugestão de avaliação e leitura complementar ao professor. Também observamos poucas atividades interdisciplinares em contextos com dados reais e envolvendo temas contemporâneos, apesar da estatística ser uma ferramenta para a compreensão do mundo físico e social. Acreditamos que cabe ao professor escolher as atividades que irá trabalhar a cada dia e complementar com outras atividades atendendo as especificidades de sua turma. O livro didático é um grande auxiliar para o ensino uma vez que criar boas atividades para todo o ano escolar, pois esse é um desafio muito árduo para os professores. Além disso, quando o manual do professor é bem elaborado pode ser um auxiliar na formação do professor.

Letramento crítico no livro didático de inglês – anos finais do ensino fundamental

Roniel Paniago Lima — 2024-06-25

O propósito deste artigo é apresentar a análise de duas atividades integrantes de uma coleção de livro didático de Inglês (LDI) dos anos finais do Ensino Fundamental, observando de que modo o trabalho com textos e atividades favorece o letramento crítico do aluno. O letramento é um tema importante na atualidade pela perspectiva que oferece de encarar a atividade de leitura e escrita como algo muito além da mera codificação e decodificação de sinais gráficos. Favorecer para o aluno acesso ao letramento crítico traz a ele inúmeros benefícios, já que além de desvia-lo da prática tão comum de atividades focadas exclusivamente na decodificação ainda fortalece a possibilidade de evitar a manipulação velada ou não que se apresenta nos textos circulantes socialmente. O método de investigação utilizado para geração e análise dos dados integrante do artigo é o qualitativo-interpretativista, desenvolvido por meio da análise de conteúdo. Os dados mostraram que a forma como as atividades são apresentadas ao aluno podem favorecer o letramento crítico. Mesmo assim, são muito presentes ao longo da coleção atividades de múltipla escolha, cópia e para preencher espaços em branco. Também é sucinta a abordagem sobre os letramentos multimodais, bem como o tratamento dado aos aspectos linguísticos dos textos, já que a articulação entre os elementos linguísticos e a criticidade, ultrapassando a mera decodificação de sinais explícitos, foi fruto de trabalho em apenas uma das atividades. O que se nota é um maior favorecimento dos letramentos escolares do que dos letramentos sociais, os quais poderiam lidar de modo mais eficiente com a criticidade.

O professor iniciante na escola do campo: reflexões sobre os desafios enfrentados

Patricia Mascarenhas dos Santos — 2024-06-25

O artigo discute o ingresso do professor iniciante na escola do campo e reflete sobre como esse cenário de atuação profissional impõe condicionantes ao exercício da docência. É uma pesquisa de natureza qualitativa, que utilizou entrevista semiestruturada e observação não participante como técnicas de coleta de dados. O grupo amostral foi constituído por dois professores recém-formados, um diretor escolar e um coordenador da Secretaria de Educação do município de Santarém, no Pará. O estudo indica que professores iniciantes ingressam na profissão docente em escola do campo não por escolha, mas por falta de oportunidade em escolas urbanas, e revela que eles não conhecem a realidade das escolas em áreas rurais na região amazônica. Aduz que não receberam – nem pela SEMED, nem na escola – cursos de capacitação que os ajudassem a compreender o contexto de sua atuação profissional e destaca o programa PIBID como relevante na etapa formativa, por ajudar a reconhecer o contexto escolar muito antes do estágio supervisionado.

Sala de aula equitativa: a gestão e o trabalho pédagógico do professor nessa dinâmica

Erika Ferreira Floriano — 2024-06-25

Estratégias de ensino-aprendizagem são as técnicas das quais os professores e professoras se apropriam no intuito de corroborar com o desenvolvimento do aluno, oportunizando a construção do conhecimento do mesmo. O objetivo deste trabalho é afirmar a compreensão de que para se formar uma sala de aula equitativa é fundamental que o educador disponibilize variadas estratégias para que todos os educandos tenham acesso à uma organização e tarefas apropriadas às suas necessidades e que propiciem a interação e participação de todos. Para tratar de tais temas, desenvolveu-se uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa acerca de elementos teórico/práticos da gestão e organização de sala de aula, destacando o trabalho em grupo em salas de aula heterogêneas. Conclui-se aqui que as estratégias variadas de ensino na prática em sala de aula são primordiais, por propiciar um maior engajamento por parte dos alunos e melhores resultados no que se diz respeito à aprendizagem.

Formação inicial de professores e inserção à docência: uma aproximação efetiva?

Nathália Cristina Amorim Tamaio de Souza — 2024-06-25

Neste texto tematizo as relações possíveis entre a formação inicial de professores e a inserção à docência, buscando compreender aspectos que favorecem, ou poderiam favorecer, o início da carreira docente. Para tanto, considero como corpus do presente estudo, o cotejamento de duas fontes: excertos de textos extraídos de produções escritas de licenciandas do quarto ano de um curso de Pedagogia, e apontamentos de pesquisas que apresentam contribuições ao tema. No que tange à apreciação teórico-metodológica, me aproprio da análise de discurso, segundo a premissa de estudos bakhtinianos. Abarcando o período de vivência no estágio supervisionado, por representar o espaço-tempo-lugar de realização de atividades que envolvem a docência propriamente dita, problematizo questões como: a inserção inicial viabilizada pelo estágio reúne os elementos necessários para que os futuros professores se coloquem no lugar da docência e sintam as diferentes dimensões da profissão? O que seria preciso priorizar para que a formação inicial oferecesse melhores condições de preparo para a prática profissional? Tanto a literatura quanto os enunciados das alunas indiciam as persistentes falhas formativas na condução de licenciandos para a aprendizagem da docência, destacando o caráter de mera aplicabilidade de teorias em contextos práticos. Tendo isso em vista, em seção específica, destaco caminhos para uma mudança qualitativa desse cenário.

A Metanálise na pesquisa de abordagem Qualitativa: história, conceitos e etapas

Ronualdo Marques — 2024-06-25

Esta investigação apresenta a temática da metanálise como uma técnica de análise de dados em pesquisa de abordagem qualitativa, na qual o pesquisador adota um novo enfoque ao reunir resultados e conclusões de análises primárias. Teve por objetivo descrever e sugerir indicações para a realização da Metanálise como uma possibilidade para analisar dados qualitativos. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo bibliográfica realizada em artigos, livros, teses e dissertações. A partir do estudo realizado, são recomendados cuidados na aplicação com relação à tendenciosidade dos dados e à sua adequação aos objetivos estimando maior precisão os efeitos dos tratamentos, ajustando-os à heterogeneidade do corpus de análise. Conclui-se que, como toda técnica, a Metanálise não é uma panaceia ou que justifique-se por si só, sem considerar as relações internas da estrutura de uma pesquisa, mas apresenta óbvias vantagens na relação custo/benefício, trazendo maior rigor e credibilidade aos resultados.

Contribuições de um Programa de Especialização em Saúde da Família para a prática profissional na Atenção Primária à Saúde

Jailton Rocha Misael Misael — 2024-06-25

O presente estudo tem o objetivo de analisar as contribuições de um programa de especialização em Saúde da Família à prática profissional na Atenção Primária à Saúde (APS). Trata-se de um estudo descritivo, de natureza quantitativa e de corte transversal, com amostra composta por 59 discentes. Foram coletados dados sociodemográficos e profissionais, e utilizadas escalas tipo Likert, validadas e adaptadas: Escala de Expectativa em Relação ao Treinamento – EERT; e, Escala de Motivação para Transferir – EMT. A análise dos dados se deu por meio da estatística descritiva de frequências absoluta e relativa. No perfil discente, constatou-se a prevalência do público feminino (83,1%), de 30 e 49 anos (79,7%), com ao menos uma especialização concluída (84,7%) e 5 anos de formação (83,1%). Ademais, 93,2% dos respondentes (55 alunos) atuam na APS, com 44 discentes (74,6%) concursados. A categoria de enfermagem apresentou a maior representação (49,2%). Em função da capacidade laboral, 78,0% dos discentes sempre desenvolvem atividades educativas, mesmo com limitado incentivo dos gestores para a realização das práticas educativas (54,4%) e para a qualificação profissional (55,9%). O curso de especialização mostrou-se relevante para a APS, estimulando os discentes a utilizarem competências adquiridas (96,3%), com aumento da qualidade das ações desenvolvidas (90,9%), tornando-as mais fáceis (92,7%), com minimização de erros (92,7%), através da eficiente mudança no perfil gerencial (98,2%) e do fortalecimento do trabalho em equipe para a superação de eventuais barreiras (94,6%).

Leitura de obras literárias para a construção do pensamento crítico do educando

Izabel Cristina Wagner — 2024-06-25

O presente texto busca, por meio do estabelecimento de relações entre os campos da educação, teoria e crítica literária, demonstrar a importância da leitura, reflexão e debate de obras literárias para o processo de formação da consciência crítica do estudante. Como fundamento teórico são delineados os pensamentos e oportunidades de diálogo entre autores pertencentes ao campo da educação, crítica e teoria literária, dentre eles Edgar Morin, Bárbara Freitag, Zygmunt Bauman, James Wood, Antoine Compagon, Antônio Cândido e Alberto Manguel. Mediante pesquisa bibliográfica e estudos exploratórios, delineiam-se as formas com que a educação possibilita a instrumentalização do educando para que ingresse de maneira assertiva e crítica em meio aos contextos tecnológicos, consumistas e hiperconectados da atualidade. Por meio das discussões e reflexões propostas ao longo do texto busca-se delinear um dentre os diversos caminhos possíveis para que educadores e pesquisadores alinhem-se aos objetos de uma educação do futuro, sendo este a inserção de obras literárias de ficção juntamente aos processos de ensino. Ao contribuir com o debate acerca da temática objetiva-se ampliar as reflexões sobre as oportunidades de inserção de obras literárias em disciplinas propícias para tanto, além de propagar o fomento à leitura juntamente aos processos educacionais.

O papel da coordenação de curso de graduação na conjuntura da educação como negócio

Jackeline Cristiane Santos — 2024-06-25

O objetivo deste artigo é compreender o papel de coordenação de curso de graduação, em uma conjuntura favorável aos interesses mercadológicos, na perspectiva dos coordenadores. Trata-se de pesquisa qualitativa, exploratória e de campo, para a qual foram entrevistados 28 coordenadores de curso de graduação em Enfermagem, atuantes no estado de São Paulo. Os dados foram coletados entre agosto de 2018 e maio de 2019, e tratados segundo análise de conteúdo de Bardin. Dentre os entrevistados, 79% atuavam em escolas privadas de ensino superior e 21% em instituições públicas. Os dados coletados revelam que a compreensão dos coordenadores acerca do papel que desempenham abrange os eixos pedagógico, político e financeiro/burocrático. Conquanto esses três eixos estejam imbricados na atuação profissional do coordenador, a análise de cada um deles revela potencialidades no enfrentamento de interesses mercadológicos. Essas potencialidades situam-se no campo da resistência oculta (burla), dada a correlação de forças predominantes, favoráveis ao estreitamento das finalidades educativas para o mercado de trabalho. Nesse cenário, o coordenador necessita de saberes que o instrumentalizem à leitura crítica da realidade, para que possa construir, coletivamente, estratégias de transformação do status quo. Ademais, o desenvolvimento de habilidades como negociação, mediação de conflitos e construção coletiva de projetos viabiliza o enfrentamento da gestão superior da instituição de ensino, essa diretamente afetada pela conjuntura política nacional cada vez mais ausente no campo das políticas públicas orientadas ao social.

Perspectiva histórica, conceitos e possibilidades para realizar a pesquisa do tipo Estado da Arte

João Victor de Mello Avelino — 2024-06-25

Este artigo teve como objetivo descrever e indicar possibilidades de realização de uma pesquisa do tipo Estado da Arte. Para a concretização do objetivo proposto, foi realizada uma pesquisa qualitativa do tipo bibliográfica de natureza descritiva em artigos, livros, teses e dissertações. A pesquisa do tipo Estado da Arte é um estudo de revisão que vem se consolidando no campo da Educação nos últimos anos, trata-se de um levantamento bibliográfico em fontes de pesquisa que visa identificar, mapear e analisar as produções existentes sobre um determinado tema, sendo um tipo de pesquisa essencial para que o investigador conheça o que a pesquisa revela sobre um determinado objeto de estudo. A partir da investigação realizada, foi possível identificar que este tipo de pesquisa é relevante para que os pesquisadores entendam o que uma determinada área do conhecimento vem produzindo, além de permitir a identificação de novas pesquisas, suas lacunas e seus resultados. A pesquisa do tipo Estado da Arte contribui significativamente para o desenvolvimento científico e a produção de novas pesquisas na área da Educação.

Desenho universal para aprendizagem e a inclusão escolar no ensino superior: uma revisão de literatura

Camila Siqueira Cronemberger Freitas — 2024-06-25

O Desenho Universal para Aprendizagem (DUA) é uma abordagem que objetiva a acessibilidade na aprendizagem de todos os estudantes, podendo ser utilizada em qualquer modalidade e nível de ensino. No ensino superior, o DUA surge como uma possibilidade de inclusão escolar, uma vez que nos últimos anos, devido às políticas de acesso a este nível de ensino, houve um crescimento no ingresso de alunos provenientes dos mais variados contextos. Assim, surge a forte necessidade de se pensar em abordagens, estratégias e metodologias inclusivas também para o ensino superior. Diante deste cenário, este artigo possui como objetivo analisar a produção científica brasileira acerca das aplicações metodológicas do desenho universal para a aprendizagem na inclusão escolar de alunos público-alvo da educação especial (PAEE) no ensino superior. Para isto, realizou-se uma revisão de literatura com a finalidade de elaborar um levantamento de artigos científicos que relatem estudos desenvolvidos no ensino superior e que abordem o desenho universal para aprendizagem. Encontrou-se 03 publicações que afirmam que o desenho universal para a aprendizagem proporciona diversos benefícios para a inclusão escolar de alunos público-alvo da educação especial, dentre eles a universalização do ensino. Conclui-se o artigo evidenciando a necessidade de mais pesquisas aplicadas que utilizem o desenho universal para a aprendizagem no ensino superior, uma vez que este nível de ensino também recebe alunos público-alvo da educação especial.

Projeto de vida e juventude: uma reflexão a partir da noção de vocação e destino

Antonio Marcos Francisco — 2024-06-25

Este ensaio teórico-bibliográfico propõe uma reflexão entre as noções de vocação e destino e suas relações com o projeto de vida dos jovens na contemporaneidade. Para tanto, busca-se compreender como as inclinações pessoais e as vivências cotidianas dos jovens podem se apresentar como um dos principais elementos da construção desses projetos. Por fim, critica-se uma das finalidades do Ensino Médio apresentada na Base Nacional Comum Curricular homologada em 2007, uma vez que essa supõe o desenvolvimento de competências que possibilitem ao jovem se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores, tornando isso uma influência em seus “projetos de vida”.

Intermitências no direito à educação de adolescentes autores de atos infracionais no Brasil

Ivana Aparecida Weissbach Moreira — 2024-06-25

O artigo analisa o direito à educação nas políticas educacionais e socioeducativa à luz dos princípios, diretrizes e normativas do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), do SINASE (Sistema de Nacional de Atendimento Socioeducativo) e da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) como processo de inclusão social de adolescentes autores de atos infracionais. Adota como ponto de partida os dados dos Levantamentos do Atendimento Socioeducativo – do SINASE - de 2012 a 2015, especificamente em relação a educação formal e não formal. Analisa criticamente os dados associados ao contexto complexo de desigualdade e exclusão destes sujeitos nas políticas públicas. De natureza qualitativa e perspectiva teórico-crítica, apoia-se na produção bibliográfica, nas legislações, normativas e em dados estatísticos sobre os adolescentes autores de atos infracionais. Assim, descreve elementos significativos da conjuntura histórica, sociocultural, política e econômica brasileira, evidenciando a importância das novas pedagogias, o olhar diferenciado aos sujeitos da educação e os desafios no reconhecimento do SINASE em relação ao direito à educação. Conclui que permanecem presentes os desafios à inclusão social de adolescentes autores de atos infracionais nas políticas educacionais decorrentes das contradições ainda presentes na sociedade brasileira e da resistência em superar às práticas pedagógicas socioeducativas punitivistas na garantia de direitos e cidadania de adolescentes. Persistem, assim, estruturas que reproduzem a desigualdade socioeconômica e políticas que impactam profundamente na vida de adolescentes e jovens brasileiros. Reitera a importância na articulação entre a política socioeducativa e as políticas educacionais no desenvolvimento de práticas pedagógicas com vista a humanização, a emancipação e a inclusão social.

Tempos e espaços do currículo nos cursos técnicos integrais ao Ensino Médio

Ana Claudia Burmester — 2024-06-25

Este texto tem como objetivo discutir a problemática da relação dos jovens com o currículo dos cursos de Técnicos Integrados ao Ensino Médio (EMI), em uma perspectiva de criação de sentidos e significados e de participação e protagonismo juvenil frente aos saberes que perpassam a Educação Profissional e Tecnológica (EPT). Assim, emerge de reflexões a respeito das especificidades do currículo desses cursos, bem como da condição de seus estudantes, compreendida a partir do conceito de juventude. De natureza aplicada, a pesquisa foi realizada a partir dos conceitos da pesquisa participante, de abordagem qualitativa, com estudantes dos cursos técnicos em Alimentos e Edificações integrados ao Ensino Médio no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC). O texto apresenta a etapa empírica da pesquisa, na qual foram coletados dados por meio de um questionário online e, também, as análises e discussões oriundas desta etapa da pesquisa. Como resultados, levantou-se o perfil dos estudantes, indicando os diferentes sentidos que desenvolvem acerca da formação integrada e que também se relacionam às identidades plurais das juventudes. Verificou-se, ainda, a participação dos jovens em espaços institucionais de decisão a respeito do currículo dos cursos, sugerindo ser necessário um olhar atento a esse processo para que as discussões e decisões sejam tomadas tendo em mente os objetivos do currículo integrado e levando em consideração as identidades dos jovens.

Palavras-chave: Integração curricular; Ensino médio; Juventude.

BNC-Formação: mais um passo em direção a mercantilização da educação através da formação docente

Dalvana Silva da Gama — 2024-06-25

Este artigo apresenta uma pesquisa documental que tem por objetivo fazer uma análise comparativa entre as Resoluções CNE/CP 1/2002, CNE/CP 2/2015 e CNE/CP Nº 2, de 20 de dezembro de 2019 – BNC Formação, que tratam sobre as diretrizes curriculares nacionais para os cursos de formação de professores, em especial no que se refere a curricularização e ampliação de atividades práticas nos cursos de licenciatura. Tema considerado relevante por pesquisadores da área da educação que apontam lacunas na formação docente devido à falta de experiências práticas no decorrer do curso e a necessidade de uma maior integração entre universidade e a educação básica. Buscando minimizar essas lacunas o Conselho Nacional de Educação vem propondo mudanças através das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores. Porém tivemos nos últimos anos 03 diferentes resoluções sobre as diretrizes para a formação docente, sendo que a última sempre revoga a anterior. Assim este artigo busca analisar as convergências e dissonâncias entre as resoluções anteriores e atual BNC-Formação em relação às atividades de prática docente e a aproximação entre a universidade e a escola básica. Os resultados desta pesquisa apontam que há consonância quanto ao entendimento da importância das atividades práticas na formação docente e são mantidos os quantitativos de horas reservados para este fim, porém são propostas novas abordagens. Quanto a dissonâncias, na nova resolução há grande foco na formação de competências o que demonstra consonância com interesses neoliberais, não apresentado nas resoluções anteriores.

Cursinhos Pré-Vestibulares Populares e a potencialidade do seu projeto social: muito além da pandemia

Merilin Baldan — 2024-06-25

O artigo é de natureza teórica e bibliográfica, com embasamento na História Cultural, e tem como objeto de pesquisa os Cursinhos Pré-Vestibulares Populares. Os Cursinhos nascem de uma necessidade social frente às desigualdades de cunho educacional, social e econômico, apresentando a estrutura, a organização e o funcionamento de uma educação não formal. Dentro do contexto da pandemia da Covid-19, cuja crise epidemiológica tem impacto direto sobre as crises políticas e econômicas, observamos seus reflexos sobre a manutenção da oferta dos Cursinhos. A questão norteadora desse trabalho pode ser sintetizada da seguinte maneira: De que modo a pandemia da Covid-19 impacta a oferta e o projeto social dos Cursinhos Pré-Vestibulares Populares? O objetivo geral é refletir acerca da relevância do projeto social dos Cursinhos Pré-Vestibulares populares e comunitários a fim de superar as adversidades conjunturais e estruturais. O artigo está organizado na discussão da historicidade da educação brasileira com a finalidade de apresentar as questões estruturais de enfrentamento da exclusão e da segregação, e passa, em seguida, para o debate em torno do ingresso no ensino superior por meio do ENEM e pelas tensões da sua aplicação no contexto da pandemia. Por fim, argui-se a respeito do papel e dos projetos dos Cursinhos. Os resultados demonstram que os Cursinhos Pré-Vestibulares Populares e Comunitários têm um papel relevante no processo de inclusão de estudantes no ensino superior, democratizando e pluralizando as nossas instituições de ensino superior e, principalmente, corroborando para o enfrentamento de políticas excludentes e na construção de outro projeto societário.

Educação para pessoa privada de liberdade: narrativas e reflexões para uma escola acolhedora

Valdo Hermes Barcelos — 2024-06-25

Nosso objetivo com esse texto é convidar a uma reflexão que contribua para a formação de professores(as) que atuam na Educação de Jovens e Adultos (EJA) em instituições prisionais que busquem diminuir a situação de descaso público e de incompreensão pedagógica no que diz respeito à EJA em Regime Semiaberto. Tomamos como ponto de partida, para as reflexões, a fala de pessoas em privação de liberdade e de educadores(as) da EJA que atuam junto a esses educandos(as). Os três exemplos de narrativas que apresentamos nesse texto dão uma ideia de como esse grupo de pessoas em privação de liberdade não são escutados, não são lembrados, não são vistos. Têm negada a oportunidade de “aparecerem” e serem acolhidos e respeitados em seus direitos fundamentais como pessoas. Entendemos que o espaço educativo, particularmente nestes casos de privação de liberdade, pode se constituir em um lugar de retomada da cidadania e da dignidade. Pensar a EJA em geral e de adultos em privação de liberdade, é uma forma de promover a visibilidade, é “deixar aparecer” e, assim, começar a romper com décadas de silenciamento àqueles(as) que ainda hoje - e na vida adulta - sofrem em função desse equívoco político das elites nacionais, bem como de uma incompreensão sobre a função da educação em qualquer nação que busque ser democrática.

Memória Organizacional de Boas Práticas Pedagógicas em uma Escola de Sistema Prisional no Brasil

Márcia Hiroko Kawamoto — 2024-06-25

Em virtude das características que permeiam o processo de inserção da educação no sistema prisional, a rotina das escolas nesse ambiente é pouco conhecida fora do contexto dos profissionais envolvidos. No que se refere às práticas pedagógicas, não raro, ficam registradas somente na oralidade, perdendo-se ao longo do tempo. Deixa de se tornar elemento efetivo de decisões de grupo pautadas nas experiências passadas, embora se reconheça a importância desses repositórios, em especial, nesses locais em que as particularidades são, ao mesmo tempo, invisíveis e evidentes. Este artigo teve como objetivo analisar a percepção de memória organizacional de professores e pedagogos quanto às práticas pedagógicas desenvolvidas em um Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos (CEEBJA) que atende educandos temporariamente privados de liberdade. A análise de tais práticas foi desenvolvida pela concepção da memória organizacional como prática da Gestão do Conhecimento que permite a reutilização ou resgate de informações para a tomada de decisão. Pesquisa aplicada, de abordagem qualitativa e de caráter exploratório-descritivo, teve como instrumento de coleta de dados uma entrevista semiestruturada, aplicada aos professores e pedagogos. Foi possível identificar o reconhecimento da importância da memória organizacional pelos docentes e a existência, embora não intencional ou organizada, de um repositório de conjunto de boas práticas desenvolvidas no interior da instituição, constatando-se parcela importante de registros possuem característica visual como fotografias, filmes e vídeos.

Outros espaços de aprendizagem: a escola e o acesso à cultura e as atividades culturais

Tatiane Peres Zawaski — 2024-06-25

Entende-se que os espaços escolares são locais de favorecimento de condições e ampliação da cidadania, quando se observa a Base Nacional Comum Curricular, vislumbra-se de que este acesso à cultura está previsto na lei, sendo necessária novas formas de pensamento/ação/atuação, assim como a sua efetivação dentro dos espaços escolares, garantindo seu cumprimento. Com o objetivo de investigar se as escolas municipais, localizadas em um município da região metropolitana, propiciam aos alunos o acesso à cultura, através da inserção de atividades culturais diversificadas em seu currículo, realizou-se uma pesquisa, de cunho qualitativo, tendo como participantes as coordenações e supervisões das instituições. Conforme os dados, percebe-se que muitas são as ações realizadas pelas instituições da rede municipal para que os alunos tenham acesso à cultura e as atividades culturais. Ainda assim, são necessárias parcerias, e, também, um maior incentivo financeiro, tendo em vista a baixa renda de muitas famílias para propiciar visitas aos espaços culturais, como teatro, cinema, museus, casas de cultura, entre tantos outros, em virtude do custo com deslocamento e ingressos para acesso aos locais. Com isso, conclui-se que a promoção de atividades pedagógicas, por meio de acesso aos espaços culturais, possibilita o reconhecimento como parte de nossa história cultural, assim como vivências e experiências, a partir de práticas de cuidado e valorização.

O projeto clube do livro nas instituições penais: os contributos da leitura às pessoas aprisionadas

Darlene Marques — 2024-06-26

Visando a ressocialização das pessoas aprisionadas é preciso articular medidas alternativas para a remição de pena, de modo a minimizar a reincidência criminal. Considerando que a leitura é algo que contribui para o processo de reintegração social, o objetivo deste estudo é analisar o projeto clube do livro, como ele é implementado nas instituições penais, de maneira a conhecer as dificuldades, assim como seus contributos às pessoas privadas de liberdade, na ótica dos profissionais envolvidos no seu implemento. Com este intento foi realizada uma pesquisa de natureza qualitativa, tendo como instrumento de coleta de dados entrevistas aplicadas a dois profissionais envolvidos com o citado projeto. Após a análise dos dados obtidos neste instrumento, foi possível elencar as categorias de análise, as quais evidenciam os contributos do projeto às pessoas aprisionadas, tais como: melhoria da autoestima, ampliação da visão de mundo, desenvolvimento da cidadania, redução da ociosidade, melhoria nas relações interpessoais, atenuação dos preconceitos, entre outros. As principais dificuldades identificadas no implemento do projeto foram o rodízio das pessoas encarceradas e a falta de maior credibilidade do projeto por parte dos funcionários e agentes socioeducacionais. Este fato, em específico, alerta para a necessidade de terem ciência dos benefícios da leitura, sendo devidamente preparados e sensibilizados, de maneira a promover a leitura no contexto prisional. Em suma, tem-se a necessidade de se direcionar políticas públicas coerentes às necessidades da população carcerária, e de se promover a leitura enquanto instrumento pujante de reintegração social.

A Educação Profissional e a reintegração social dos presos: um estudo de caso no Centro de Internamento e Reeducação do Distrito Federal

Willian Rayner Lima — 2024-06-26

O presente artigo é fruto de pesquisa desenvolvida com o fim de analisar o ensino profissionalizante ofertado pela Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso aos internos do Centro de Internamento e Reeducação do Distrito Federal. A pesquisa de campo foi realizada com educandos participantes do curso de pintura residencial. Para a realização desse estudo, foram trabalhadas as categorias prisão, educação no âmbito prisional, trabalho e reintegração social à luz de teóricos que discutem tais temáticas, como Goffman (1990), Wacquant (2011) e Onofre (2014). Do ponto de vista metodológico, houve observação não-participante das aulas, aplicação de questionário semiestruturado aos educandos e realização de entrevista com o professor responsável pelo curso. A pesquisa se conclui constatando que os educandos vislumbram na capacitação recebida uma oportunidade de encontrar novas trajetórias de vida quando do retorno ao convívio social. Contudo, a respeito do ensino profissionalizante, se por um lado, ele assegurou a efetiva capacitação dos educandos para o trabalho objeto do curso, por outro lado, a implementação da Educação Profissional se deu de forma isolada, sem integração com outras práticas formativas, deixando de observar, assim, a normatização vigente.

Educação estética na formação de professores na perspectiva Freiriana

Rita Buzzi Rausch — 2024-06-26

O ato estético foi preterido nos espaços escolares pelo fato de estarmos comumente vivenciando um processo formativo meramente técnico, com formações que mantêm um caráter engessado, desconsiderando a educação estética, que para Freire, envolve a boniteza e constitui-se da esperança, amizade, ética, decência, alegria, solidariedade, respeito e aceitação do novo. Diante de tais inferências, nesta pesquisa, objetivamos compreender as contribuições teóricas de Paulo Freire à educação estética na formação de professores. A metodologia empregada foi de caráter qualitativo e teórico. As obras de Freire (1987, 1997, 2001, 2002, 2014, 2021) foram analisadas com base na análise de conteúdo de Bardin (1987). Neste estudo, após uma leitura minuciosa das obras, foram elencadas como categorias de análise: (i) desenvolvimento consciente, crítico e emancipatório do professor; (ii) desenvolvimento estético-político do professor; (iii) desenvolvimento estético-ético do professor. Os resultados evidenciaram que a dimensão estética se faz presente em todos os livros analisados, sempre atrelada ao desenvolvimento consciente, crítico, emancipatório, ético e político, conceitos indissociáveis ao ser e estar docente. Concluímos, portanto, que atrelar à formação de professores à educação estética, implica em propiciar um desenvolvimento consciente, crítico, emancipatório, político e ético, culminando em mudanças significativas nos processos formativos e nas práticas educativas. Para que isso seja possível, faz-se necessário o desenvolvimento de formações voltadas à educação estética, em que o educador esteja envolvido em um processo reflexivo, crítico de seu agir e estar no mundo, e que acima de tudo, esteja consciente de seu papel imprescindível de transformar a sociedade.

Estruturação de Recurso Educacional Aberto na área de Imunizações: Estratégia de apoio à Educação em Saúde Vacinal

Claudio José dos Santos Júnior — 2024-06-26

O objetivo deste trabalho é apresentar a estruturação de uma animação virtual e de uma ferramenta sobre o tema “calendário nacional de imunizações” como ferramenta de apoio à educação em saúde vacinal. Trata-se de estudo metodológico que apresenta as etapas, os fundamentos e os métodos empregados no desenvolvimento de duas tecnologias educacionais na área de imunizações. O trabalho foi desenvolvido em sete etapas: 1ª) Definição do tema e seleção do problema do estudo; 2ª) Localização e seleção das estratégias de busca; 3ª), Extração e organização dos dados sobre o tema em estudo e sobre a tecnologia educacional; 4ª) Elaboração da Tecnologia Educacional conforme método CTM3; 5ª) Avaliação; 6ª) Validação; 7ª) Inserção no Repositório EduCAPES. Os materiais produzidos, intitulados Calendário e Guia Vacinal Interativos trouxeram informações acerca do calendário básico de vacinação brasileiro definido pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), além de indicações, doses e outros dados correspondes ao conjunto de vacinas consideradas de interesse prioritário à saúde pública no país. As tecnologias educativas envolveram recursos de imagem, texto, áudio e hiperlink, além de design interativo e dinâmico. As tecnologias educacionais desenvolvidas poderão ser utilizadas por professores e profissionais de saúde como ferramenta de apoio à educação em saúde vacinal.

Pesquisas em educação matemática voltadas às concepções de aprendizagem na educação de jovens e adultos

Reinaldo Feio Lima — 2024-06-26

Este estudo objetivou compreender como pesquisas no campo da formação de professores(as), que ensinam Matemática na modalidade da Educação de Jovens e Adultos, são conduzidas quanto à forma com que abordam e compreendem os aspectos individuais e/ou sociais da aprendizagem, o que perfaz as ênfases no aquisicionismo ou no participacionismo, nas abordagens teóricas e metodológicas que utilizam. Para tanto, analisamos anais do Simpósio Internacional de Pesquisa em Educação Matemática (SIPEM). A análise que empreendemos no corpus evidenciou diferentes referenciais teóricos e sugerimos agrupar tais estudos sob pontos de enfoque, nomeadamente: proposta de integração, representações sociais, práticas discursivas e análise de materiais. As pesquisas concordam quanto às especificidades do Ensino de Matemática nesta modalidade, que a metodologia e consequente organização das aulas está sob influência do seu lócus de produção, da natureza do conhecimento requerido pela situação e da forma como professores(as) e estudantes se comprometem com o ensino.

Sob o olhar que acolhe: sensibilidade e (in)compreensão na escola

Maria Matilde Matilde Antonelli — 2024-06-26

Este artigo, de natureza teórica e documental, é um exercício de compreensão e sensibilidade para professores por meio de um enredo muito particular. Optou-se pelo filme “Como estrelas na Terra – Toda criança é especial” (2007), dirigido por Aamir Khan, que projeta caminhos para refletir sobre as ações de acolhimento no ambiente escolar. Com ele, espera-se pensar maneiras de despertar o olhar compreensivo de docentes para alunos com as mais diversas condições físicas e/ou neuropsicológicas, tendo em vista que a experiência de trabalho compartilhada entre professores oferece espaço privilegiado para reflexões como essa. Para a presente pesquisa, considera-se que os enredos fílmicos podem contribuir para repensar e compreender a educação; os subsídios teóricos para o debate estão atrelados ao conceito de pensamento complexo de Edgar Morin, ao tratar da sensibilidade e compreensão. A percepção adotada é a de que os enredos podem oferecer a oportunidade de pensar as diferentes condições que os alunos apresentam na escola e ilustrar caminhos para acolher essas crianças com dignidade e respeito. O filme pode auxiliar os envolvidos a partir de uma educação que promove a transição do olhar excludente para o olhar acolhedor, nesse sentido oferece a possibilidade de ampliar e enriquecer uma discussão urgente.

Socialização e aprendizagens de professores iniciantes da educação básica em situação de ausência de bem-estar

Jurema Rosendo dos Santos — 2024-06-26

Essa pesquisa objetivou explorar os percursos da docência de professores iniciantes da Educação Básica em situação de ausência do bem-estar, seus processos de socialização, como superaram as dificuldades, sua formação continuada e as (des)continuidades no seu desenvolvimento profissional docente. Trata-se de um recorte da pesquisa realizada no âmbito do Programa de Mestrado em Educação da Universidade Federal da Bahia entre os anos de 2017-2019. A partir da pesquisa qualitativa, da abordagem (auto)biográfica e do método das histórias de vida, a investigação foi desenvolvida com quatro professores iniciantes da Educação Infantil e dos anos iniciais do Fundamental do município de Itapetinga, na Bahia. Foi utilizado como fonte para produção dos dados instrumentos como questionário e entrevista narrativa e os dados foram analisados a partir da técnica da análise de conteúdo. Na perspectiva da socialização e aprendizagens, desvelamos, através desta investigação, que nos caminhos da docência destes professores iniciantes, a socialização profissional se configurou como demasiadamente importante, pois é promotora de aprendizagens. Contudo, ficou evidente que os professores iniciantes passaram por momentos de ausência de bem-estar docente e em meio a isso veem se desenvolvendo profissionalmente. Mesmo sem experiências na docência, buscam construir suas identidades baseados em suas histórias de vida, nas experiências pessoais passadas e no cotidiano presente, e percebem que a iniciação profissional se apresenta como lugar de formação e de diálogo. Por fim, consideramos que falta atenção a esses professores e também políticas públicas que os assistam, assegurem e direcionem na garantia do bem-estar profissional.

O apoio pedagógico e a assistência estudantil: transição, afiliação e permanência estudantil

Carlos Eduardo Sampaio Burgos Dias — 2024-06-26

Este artigo discute o apoio pedagógico a partir das ideias de assistência estudantil, transição do ensino secundário para o terciário, autorregulação da aprendizagem e afiliação. O apoio pedagógico como um conceito é novo no ensino superior brasileiro, sobretudo atrelado a assistência estudantil, carecendo ainda de referenciais teóricos específicos. Nesse sentido, este trabalho busca oferecer uma compreensão, não no sentido de reduzi-lo, mas sim de anuncia-lo como uma possibilidade institucional voltada a permanência estudantil. O artigo está organizado em cinco partes, na introdução é discutida a ideia de assistência estudantil, na sequência são apresentados os principais referenciais bibliográficos sobre o processo de transição dos estudantes entre a educação secundária e terciária, seguido do conceito de autorregulação da aprendizagem e depois sobre a afiliação dos estudantes ao ensino superior. Essas quatro ideias (assistência estudantil, transição, autorregulação da aprendizagem e afiliação) nos ajudam a pensar e formular uma primeira definição sobre apoio pedagógico no ensino superior. Assim, o apoio pedagógico é um conjunto de ações e estratégias institucionais que, baseados no conhecimento prévio do púbico a ser atendido, visam apoiar os estudantes no desenvolvimento de variadas habilidades e competências acadêmicas, profissionais e sociais, favorecendo a aprendizagem e a afiliação deles e, contribuindo na diminuição de eventuais defasagens de aprendizagem do estudante.

Ambiente virtual de aprendizagem para estágios supervisionados: em um curso de Pedagogia EaD

Marcos Evandro Galini — 2024-06-26

Na formação inicial de professores, os estágios obrigatórios são eixos curriculares importantes na articulação entre teoria e prática. Entretanto, nos cursos de licenciatura ofertados na Educação a Distância (EaD), os estágios costumam se apresentar como objeto de grande discussão, pois envolvem questões administrativas e pedagógicas, nem sempre compreendidas pelos estudantes. Este artigo visa apresentar os resultados de um estudo de caso sobre as soluções encontradas por uma universidade para viabilizar a orientação e a supervisão dos estágios por meio do ambiente virtual de aprendizagem. A pesquisa se refere a uma instituição pública, que oferta o curso de Pedagogia na modalidade EaD no estado de São Paulo e foi realizada por meio de um estudo de caso não participativo com análise documental e análise do ambiente virtual. Como conclusão, observa-se grande esforço por parte da universidade em promover aprendizagens importantes na relação teoria e prática da realização do estágio supervisionado e formas variadas de envolver os estudantes no seu próprio processo de aprendizagem, desenvolvendo autonomia, proatividade, auto-regulação e pensamento crítico. Entretanto, apesar da nova proposta de organização do ambiente virtual e de esforços na elaboração de diversos recursos pedagógicos orientadores do estágio, ainda se observa o foco dos estudantes na questão administrativa, em detrimento da pedagógica. Como recomendação, entende-se a necessidade, ao longo das disciplinas do curso, de envolver os alunos nos seus processos de formação prática. Também recomenda-se a realização de novos estudos sobre o tema, desta maneira, continuar a dar respostas a esta problemática.

A profissionalização docente analisada à luz do projeto pedagógico do curso de matemática do IFMA

Elisângela Moraes Gonçalves — 2024-06-26

Apresenta-se um estudo sobre a profissionalização docente, considerada uma das problemáticas centrais para as mudanças educativas no cenário atual, sustentada na reflexão, na pesquisa e na crítica na perspectiva de construção de um Modelo Emergente de Formação Inicial (MEFI) de Professores, visando inovação educativa. Para tanto, são promovidas análises sobre a presença dessas referências no Projeto Pedagógico (PP) do curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal do Maranhão (IFMA). O objetivo é demonstrar como as referências definidoras de um MEFI, pautado na profissionalização docente e na inovação educativa, são contempladas no PP do curso de Licenciatura em Matemática do IFMA. A metodologia adotada apoia-se em revisão de literatura, com pesquisa de caráter exploratório, natureza qualitativa e apreciação dos dados pela análise de conteúdo. As análises no PP demonstraram que as referências estudadas se apresentam nos seus componentes curriculares, precisamente na Metodologia da Investigação Educacional, na História e Filosofia da Educação I, na Didática Geral, na Sociologia da Educação e na Política Educacional e Organização da Educação Básica; nos objetivos do curso, salientando a formação de professores com uma postura reflexivo-investigativa para estabelecimento do elo entre teoria e prática; nas atividades do curso, orientadas pelo princípio metodológico da ação-reflexão-acão; nas metodologias de ensino e aprendizagem, preconizando a participação do futuro professor em grupos de estudo, pesquisas extraclasse e de iniciação científica, concebendo a pesquisa como princípio científico e educativo e a crítica como atitude necessária e sustentada na reflexão para que compreenda e intervenha na realidade educativa, visando sua inovação.

Desafios e mediações à qualidade da formação de enfermeiros: percepção de coordenadores de graduação

Jackeline Cristiane Santos — 2024-06-25

O objetivo do artigo é identificar desafios e discutir mediações acessadas por coordenadores de curso de graduação em Enfermagem, visando à qualidade na formação profissional. Assume-se como referencial teórico autores que defendem qualidade socialmente referenciada na formação de enfermeiros, subsidiando-os para intervenções de transformação da realidade instituída. Os dados provêm de pesquisa de doutorado, para a qual foram entrevistados 28 coordenadores atuantes no estado de São Paulo. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo CEP/xxx sob o parecer xxx, emitido em xxx. Dentre os entrevistados, 79% atuavam em Instituições de Ensino Superior privadas (59% com fins lucrativos), e 21% trabalhavam em instituições públicas. Coordenadores alegam como desafios o perfil do aluno ingressante (déficit de conhecimentos); a implementação de metodologias ativas; a integração ensino-serviço (com ênfase na questão do acesso a serviços de saúde e na atuação interprofissional em cenários de estágio). Destacam como mediações: o estímulo aos estudantes ingressantes para a participação em programas de nivelamento de conhecimentos; capacitações pedagógicas para docentes; o acesso aos Contratos Organizativos de Ação Pública Ensino Saúde e a cooperação docente na construção de parcerias com trabalhadores dos serviços de saúde. Concluímos ser necessária, para o enfrentamento dos citados desafios, a coalizão de coordenadores em torno da construção estratégica de uma leitura crítica da realidade, que possibilite a construção de alternativas de enfrentamento a problemas comuns.

Como discentes compreendem a imprevisibilidade de trajetórias de partículas em contextos de jogo digital?

Marcia Camilo Figueiredo — 2024-06-26

O ensino de conteúdos abstratos abordados na Química exige certo esforço do professor, porque a maioria dos alunos têm dificuldades em compreender o que não conseguem visualizar de maneira detalhada e concreta. A partir desta situação, constitui-se a seguinte questão problema: Os conceitos e contextos propostos em um jogo digital proporcionam aos licenciandos a compreensão sobre a imprevisibilidade das trajetórias de partículas, representadas por um modelo de uma amostra gasosa? Com este intuito, o objetivo do trabalho foi aplicar um jogo digital com a finalidade de investigar como e de qual maneira os contextos construídos nesse recurso didático oportunizam a licenciandos em química compreenderem a imprevisibilidade de trajetórias das partículas, representadas na Teoria Cinética dos Gases. Na pesquisa de cunho qualitativo foram utilizados como instrumentos de coleta de dados, a aplicação de um jogo digital, um questionário e entrevistas semiestruturadas. Os integrantes foram sete acadêmicos de licenciatura em química de uma Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A estruturação dos dados seguiu os princípios da análise de conteúdo. Conclui-se que os participantes vivenciarem a imprevisibilidade na trajetória das partículas durante o contexto do jogo, e atentaram-se principalmente às regras e a vencer o jogo, apresentando assim, um discurso elucidativo ao jogo e de senso comum. Desse modo, sugere-se como alternativa a construção e o desenvolvimento de propostas didático-pedagógicas que integrem conteúdo educacional e jogos digitais no processo de ensino e de aprendizagem de conceitos não inatos que representam fenômenos físicos de difícil compreensão e visualização.

A produção de texto no livro didático destinado à educação de jovens e adultos

Rafaela Merli — 2024-07-19

Este artigo tem como principal objetivo analisar duas propostas de produção textual presentes no livro “Caminhar e Transformar” (Ferreira, 2013) - destinado às séries finais do ensino fundamental, na modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Para tal análise foi elaborada uma ficha baseada em três pontos centrais: o atendimento ao gênero proposto e as suas especificidades, o desenvolvimento do estudante enquanto sujeito e a interação em sala de aula. A elaboração da ficha teve como base a concepção de ensino presente nos documentos oficiais e a contribuição de autores que trabalham com o livro didático, com o ensino e com a linguagem, entre eles Kleiman (2012), Marcuschi (2008), Bunzen (2011) e Bakhtin (1981). Este artigo é um recorte de uma pesquisa de cunho qualitativo, predominantemente descritiva, com uma abordagem interpretativista (Bortoni-Ricardo, 2008). A partir da análise realizada, foi possível constatar que as propostas estão organizadas por gêneros e que estes são trabalhados durante toda a unidade temática, o que é positivo para a aprendizagem dos estudantes. No entanto, percebeu-se também que a tecnologia e os gêneros digitais, tal como os gêneros orais, foram ignorados, o que traz prejuízos para que os estudantes transitem habilmente entre um gênero e outro

A função da escola do campo no acesso à leitura

Magdiele Lucas Ferreira — 2024-07-21

O desempenho dos jovens brasileiros nas avaliações institucionais, principalmente no que se refere à leitura, mostra que ainda temos muitos desafios a superar. Soma-se a isso o fato, evidenciado pelo Censo da Educação básica 2019, de que não alcançamos a igualdade no acesso dos estudantes a recursos básicos para a aprendizagem, como sinal de internet e bibliotecas ou salas de leitura nas escolas. Os estudantes do campo são diretamente afetados pela falta de recursos financeiros, tecnológicos e estruturais que dificultam seu acesso ao conhecimento historicamente construído e sua interação com o outro, tornando necessária a busca por formas alternativas de garantir o direito à educação, previsto na Constituição Federal. Esse estudo estabelece por objetivo principal refletir sobre as contribuições da leitura como meio de interação entre o aluno do campo e o mundo, essencial para a sua formação integral e autônoma. Os resultados da pesquisa mostram que a leitura se constitui como ferramenta de resistência e de luta contra a desigualdade social; contribui significativamente para a autonomia e atuação do sujeito no mundo; amplia o acesso do estudante ao conhecimento de mundo; é uma excelente opção de lazer. Além disso, mostra que a escola é a principal porta de acesso do aluno do campo à leitura e ao mundo que ela apresenta – humano, artístico, cultural, científico – real ou fictício – através do qual se pode aprender e no qual se pode atuar transformando realidades.

A escola como protagonista na formação do (a) pesquisador (a) em Educação

Adair de Aguiar Neitzel — 2024-07-21

Esta investigação teve como objetivo discutir como a escola é protagonista na formação do(a) pesquisador(a) em Educação. Foi uma pesquisa qualitativa que teve como sujeitos cinco pesquisadoras que desenvolveram uma pesquisa-ação em uma escola de Educação Básica, na cidade de Itajaí, Santa Catarina, Brasil, com 15 alunos das séries finais do Ensino Fundamental. Os instrumentos de coleta de dados foram os diários de campo das cinco pesquisadoras que, durante as intervenções, registravam suas percepções sobre o processo de mediação de leitura do literário na escola, os planejamentos, as fotografias e os vídeos do acervo das pesquisadoras. Para a análise dos diários de campos e dos planejamentos, fez-se uso da análise de conteúdo segundo Franco (2008), e, para a análise das fotografias e dos vídeos, pautou-se na abordagem de Barthes (2010) sobre a imagem. O principal aporte teórico de sustentação foi Dos Santos (2014), Nóvoa (2018), Alves, Fialho e Lima (2018), Larrosa et al. (2018), Macerata, Sade e Ramos (2020), entre outros. Como resultados, sinaliza-se que o diálogo estabelecido entre o cotidiano acadêmico e o cotidiano da escola oportunizou às pesquisadoras uma aproximação com o contexto escolar e os sujeitos que fizeram parte da pesquisa. Além disso, a vivência no contexto escolar possibilitou às pesquisadoras inovar na implementação do clube de leitura e revisar os conceitos teóricos que sustentavam suas práticas de mediação de leitura.

Grupos operativos como estratégia de promoção da saúde no Ensino Superior

Ederson Fernando Mariano — 2024-07-21

A aplicação da técnica de grupo operativo para a promoção da saúde na universidade é um recurso importante que possibilita a escuta, a reflexão e novas aprendizagens. O presente estudo teve como objetivo analisar os resultados de uma intervenção grupal interdisciplinar utilizando a estratégia dos grupos operativos com jovens universitárias. A pesquisa qualitativa baseou-se na abordagem metodológica construtivista social e incluiu 11 estudantes com idades entre 19 e 29 anos do curso de pedagogia de uma universidade privada do sul do Brasil. 5 alunas participaram das sete reuniões operativas. As duas primeiras reuniões foram para levantamento da demanda. Do terceiro ao sexto encontros, priorizou-se o caráter interdisciplinar, com o convite de profissionais a partir da demanda identificada. Os significados das falas dos participantes foram analisados por meio do mapeamento dos principais discursos que emergiram durante o processo grupal, utilizando a técnica de análise de conteúdo temática com recurso ao software QSR Nvivo 12. Os principais resultados indicam que os grupos operativos proporcionaram trocas de experiências sobre temas norteadores comuns. Houve mudanças de ideias anteriormente cristalizadas e aprendizagem em saúde sobre os seguintes temas: demandas internas, angústias e autocobrança, e demandas externas, da universidade, família e trabalho. Conclui-se que o trabalho com os estudantes proporcionou um espaço para refletir sobre a saúde dentro da universidade, de modo que o compartilhamento de ideias individuais para o grupo traz novos significados no modo de olhar e compreender esta importante etapa da vida.

Opinião de gestores da educação infantil sobre família e inclusão escolar

Cristiane de Azevedo Guimarães — 2024-07-21

O desempenho escolar da criança com deficiência depende da democratização de acesso e trocas informativas que se estabelece entre família e escola. O estudo objetivou descrever a opinião de diretores e coordenadores da educação infantil sobre família, família de crianças com deficiência, importância da família para o desenvolvimento infantil e relação família e escola e verificar as estratégias para promover a relação família e escola. Participaram 13 diretores e coordenadores da educação infantil de um município com crianças com deficiência matriculados. Trata-se de uma pesquisa descritiva, em que o levantamento de dados foi realizado com Roteiro de Entrevista Semiestruturada dividido em cinco categorias: Família; Importância da família para o desenvolvimento infantil; Família de crianças com deficiência; Relação família e escola; e estratégias para promover a relação família e escola. O tratamento dos dados ocorreu por transcrição das entrevistas, avaliação por juízes e análise de conteúdo com percentual de falas ilustrativas. Os resultados demonstraram que existia uma gestão com práticas que aproximavam a escola, os professores e as famílias de crianças com deficiência. Foi indicado como estratégias para promover a relação família e escola os investimentos na formação individual e continuada do gestor e da equipe escolar. Conclui-se que explorar a opinião dos diretores escolares sobre a relação família e escola de crianças com deficiência permite entender como lidam com as dúvidas e anseios dos familiares e da equipe escolar e gerenciam as demandas desse contexto, a fim de exercer uma gestão democrática.

A representação do quintal como espace vécu na Literatura Infantil Brasileira

Marcus Vinicius Rodrigues Martins — 2024-07-21

O presente texto tem por objetivo identificar a representação verbovisual do quintal como um espace vécu na produção literária brasileira para a infância. Com tal finalidade, são estabelecidos três pressupostos teóricos: sua constituição conceitual e histórico-espacial na arquitetura domiciliar brasileira; a representação da paisagem doméstica na literatura infantil brasileira e o quintal como espaço vivido na produção literária para a infância. Assim, são utilizados quatro livros baseados em dois critérios: a qualidade estético-literária e o quintal como instância espacial primordial para o desenvolvimento do enredo. São eles: Bem do seu tamanho, de Ana Maria Machado e ilustrações de Mariana Massarani (2003); O guarda-chuva do vovô, de Carolina Moreyra e ilustrações de Odilon Moraes (2008); Outra vez, de Angela Lago (1984) e Risada do Saci, de Regina Chamlian e ilustrações de Helena Alexandrino (1995). Observa-se que esses livros de literatura infantil, como produções culturais que são, transmitem representações socio-espaciais da vida e das relações interpessoais dos personagens concebidos pelos autores. Assim, percebe-se a conjunção de elementos espaciais comuns que circulam nas obras, sobretudo, nos aspectos da visualidade. As representações presentes nos livros literários para a infância descrevem os quintais como um espaço de interações com objetos domésticos, de relação com a cidade e um espaço brincante. Portanto, impera a construção de uma lógica transmissiva às crianças de uma espacialidade, na qual o quintal é um espaço atravessado por dispositivos identitários, simbólicos e culturais típicos da paisagem doméstica brasileira.

As potencialidades da Tecnologia Assistiva para inclusão de crianças com Transtorno Espectro Autista

Tailine Rossetto — 2024-07-24

A inserção de crianças com transtorno espectro autista na escola regular tem se tornado cada vez mais frequente segundo o senso escolar do Inep, porém ainda percebe-se a necessidade da formação e qualificação dos professores para atuar diante dessa demanda. Desse modo, a Tecnologia Assistiva (TA) surge como recurso possível para o desenvolvimento da criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA), contribuindo para efetivação dos processos de ensino-aprendizagem e, principalmente, de interação social. Neste sentido, esta pesquisa buscou, por meio de um estudo qualitativo e bibliográfico, compreender as potencialidades que a Tecnologia Assistiva pode apresentar para inclusão de crianças com transtorno espectro autista. Na primeira categoria de análise da pesquisa foram apresentadas as principais características identificadas nos estudos sobre o transtorno espectro autista. A segunda categoria apresentou uma revisão de literatura sobre a inclusão de crianças com transtorno espectro autista, onde pode-se perceber que existem alguns fatores que dificultam que esse processo ocorra, como a importância de qualificação profissional, bem como a disposição de recursos para desenvolver estratégias mais adequadas para intervir nessa temática. Por fim, a última das categorias evidenciou que a Tecnologia Assistiva pode ser considerada fator um potencializador da promoção de saúde e bem estar no contexto físico, social e emocional, favorecendo a mobilidade e acessibilidade, autonomia nas atividades de vida diária, o que possibilita o processo de interação social com as demais crianças e com o meio escolar.

Estresse ocupacional e qualidade de vida no trabalho docente

Jullianne Souza Cintra — 2024-07-24

O estresse ocupacional é fruto da relação entre o individuo e seu ambiente de trabalho, que tem influência negativa na sua produtividade e qualidade de vida. O professor e seu ambiente laboral tem sido alvo de muitos estudos na busca da compreensão das problemáticas que a docência pode acarretar na vida laboral, pessoal e social do docente. O objetivo deste trabalho foi analisar a influência do estresse ocupacional na qualidade de vida no trabalho docente. Este trabalho resultou de uma pesquisa com abordagem quantitativa, caráter descritivo e de campo. Foram utilizados como instrumentos de pesquisa o Inventário de Sintomas de Stress para adultos (ISSL) e o instrumento de avaliação de qualidade de vida WHOQOL-bref. A análise dos dados foi através da análise com estratégia estatístico – descritiva. Com base na pesquisa verificou-se que 64% dos participantes não apresentaram estresse, 28% dos participantes apresentaram-se na fase de resistência e 8% apresentaram-se na fase de exaustão, de modo a influenciar na qualidade de vida do trabalhador. Faz-se necessário uma atenção maior a qualidade de vida, onde houve uma quantidade considerável dos itens “regular” e “necessita melhorar” dos quatro domínios do instrumento. Os resultados mostraram que as fases de resistência e de exaustão não apresentaram níveis de estresse relevante para considerar o estresse preocupante, porém, embora o estresse não esteja presente na maioria dos professores, a qualidade de vida não se mostrou tão satisfatória.

Tecendo redes de afeto: contexto educacional na prisão em Rio Grande

Raylene Barbosa Moreira — 2024-07-24

Trabalho e educação nos espaços de privação de liberdade é o tema central deste artigo que busca compreender o trabalho das mulheres que atuam com educação nestes espaços, compreendendo as diferentes identidades e culturas que as entrelaçam. A denúncia dos Estudos Feministas ao longo dos anos demonstram que as mulheres vivenciam a estrutura patriarcal em casa, no trabalho, na religião, nas relações familiares, sociais e profissionais. Esse acumulo de conhecimento já sistematizado nos levaram as seguintes perguntas: Quem são as mulheres trabalhadoras que atuam em espaços de privação de liberdade? Quais são os pré-requisitos e conhecimentos para essas profissionais atuarem nestes espaços e como as situações de opressão vivenciadas no cotidiano profissional afetam o desenvolvimento do seu trabalho? A pesquisa, de cunho etnográfico e dialético, parte da experiência das mulheres e de suas falas, considerando sua trajetória em seu espaço de trabalho: um presídio localizado no Estado do Rio Grande do Sul, na cidade de Rio Grande, conhecido como PERG. O artigo nos permite concluir que, ainda que estejamos partindo das relações de um presídio misto, ou seja, ocupado por homens e mulheres, também falamos de um lugar pensado por homens e para homens.

História em quadrinhos e promoção da saúde sexual na escola: validação de um instrumento educativo

Isadora Pereira Farias — 2024-07-24

Este estudo objetivou validar um instrumento educativo, no formato de história em quadrinhos, como ferramenta pedagógica para estudantes da educação básica do município de Maceió-Alagoas. Trata-se de pesquisa metodológica, de abordagem quanti-qualitativa, realizada com 45 estudantes, de 10 a 17 anos de idade, de uma escola da rede pública de Maceió-Alagoas. Para a coleta de dados foram realizados oito grupos focais. Os dados quantitativos foram apresentados em forma de distribuições de frequências absolutas e relativas. Os dados qualitativos foram analisados baseado na técnica de análise de conteúdo. Os resultados apontaram que 100% dos estudantes mostraram boa aceitabilidade, considerando a história muito boa ou boa, e com um tema muito importante – referido por 95,6% deles. Quanto aos assuntos discutidos na história, 48,9% dos alunos relataram um pouco de dificuldade na compreensão de alguns vocábulos, não havendo associação significativa entre o entendimento do conteúdo e as variáveis sexo e idade. Em relação à adequabilidade da história, 100% dos estudantes referiram que não mudariam nada no material. Quanto ao conteúdo do gibi, os alunos fizeram sugestões em relação ao vocabulário e às ilustrações. O instrumento educativo foi considerado válido, com grande potencial pedagógico, possibilitando acrescentar resultados consideráveis frente aos desafios de se promover saúde sexual e reprodutiva para a população adolescente no ambiente escolar.

Qualidade argumentativa no ensino de física por investigação

Juliana Rosa Alves Borges — 2024-07-28

Neste artigo abordou-se os resultados de uma pesquisa que teve como propósito principal desenvolver e avaliar práticas pedagógicas que tornassem o ensino de física mais dinâmico e atrativo. Assim, constituiu-se o problema central: Qual o papel da argumentação na perspectiva do Ensino por Investigação? Na pesquisa de caráter qualitativo, utilizou-se princípios da pesquisa-ação tendo como objeto de análise a interação professor/aluno no ambiente do Ensino por Investigação com vistas ao desenvolvimento da argumentação nas aulas de Física. Desenvolveram-se atividades didáticas em grupos de estudantes sendo que estes escolheram os componentes de sua equipe e o tema a ser investigado. A partir de um tópico inicial cada grupo levantou um problema de pesquisa para direcionar sua trajetória no EI. Realizou-se uma sondagem sobre os conhecimentos prévios dos alunos a fim de que a professora concedesse ajuda ajustada aos discentes. O processo de investigação contou com a monitoria presencial e virtual da docente. Os dados foram coletados durante o acompanhamento no diário da prática pedagógica e na apresentação dos seminários por meio de gravação em áudio. Na análise do material integrou-se elementos da Análise de Conteúdo e do Padrão Argumentativo de Toulmin. Destaca-se a consolidação do protagonismo estudantil e da qualidade argumentativa nesse contexto do Ensino por Investigação. Propõe-se também uma discussão/reflexão sobre os sentidos dados à prática docente nessa perspectiva.

Ação Afirmativa na pós-graduação brasileira: tensionando o debate

Jurandir de Almeida Araújo — 2024-07-28

Políticas de Ações Afirmativas têm sido instituídas em diferentes esferas da sociedade brasileira, em particular no âmbito das instituições públicas de ensino superior desde início do século XXI. Assim, é objetivo desse artigo tecer uma análise teórico-crítica acerca da implementação dessas políticas nos programas de pós-graduação das universidades públicas brasileiras. Metodologicamente ancorado na pesquisa bibliográfica, o estudo evidenciou que a adoção de ações afirmativas na pós-graduação, com raras exceções, ocorreu posteriormente a adoção na graduação, incialmente de caráter racial, hoje contempla outros sujeitos historicamente marginalizados, a exemplo de pessoas com deficiência e LGBTQIA+ e que, para além da reserva de vagas, faz-se necessário garantir a permanência e o êxito dos estudantes cotistas na universidade.

Formação de professores e as “novas/velhas” diretrizes curriculares nacionais: contribuições para o debate

Marilandi Maria MAscarello Vieira — 2024-07-28

As políticas de formação de professores têm sido impactadas, a partir de 2017, por sucessivas alterações nas diretrizes curriculares referentes a formação inicial e continuada, materializadas nas Resoluções CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019 e Resolução CNE/CP nº 1, de 27 de outubro de 2020. Assim, o objetivo deste trabalho foi inventariar como as instituições de educação superior, as entidades representativas dos profissionais e a comunidade científica têm se posicionado frente a essas normativas. Os procedimentos metodológicos adotados caracterizam-se pela abordagem qualitativa exploratória realizada por meio da pesquisa bibliográfica e análise documental. Assim, foram consultados trabalhos publicados em revistas e e-books no período de 2018 a 2020 e analisados os textos legais (propostas, pareceres e resoluções) formulados/aprovados pelo Conselho Nacional de Educação e os textos publicizados pelas entidades representativas dos professores acerca dessas normativas. Da leitura do material emergiram três temas: a) o processo de elaboração e o teor dos documentos normativos; b) o posicionamento das entidades representativas dos profissionais e da comunidade científica acerca do processo de elaboração das normativas; c) as razões das discordâncias, especialmente argumentos relativos ao conteúdo e possíveis implicações sobre a formação inicial e continuada de professores. Conclui-se que os referidos textos legais são alvo de questionamentos quanto a sua necessidade e processo de elaboração e de críticas em relação ao seu conteúdo, fortemente influenciado pelos organismos internacionais e baseado numa visão pragmatista que visa adequar a formação de professores à lógica empresarial que conforma o ensino brasileiro na atualidade

Associação da Bibliometria e do Estado de Arte como Metodologias para Elaboração de Recortes Temporais

Renato Alexandre Oliveira Candido — 2024-07-28

Este artigo buscou desenvolver uma metodologia consistente para a elaboração de um Recorte Temporal para temas ligados à educação, não deixando o pesquisador sujeito ao apego às suas pré-concepções sobre o tema da pesquisa. Para isto, este artigo faz a junção de elementos de duas metodologias que aparentemente são muito distintas, Estado da Arte e Análise Bibliométrica, na elaboração de uma metodologia para análises de um determinado tema da área da educação na forma de um Recorte Temporal. Para realizar o levantamento dos textos a serem qualitativamente analisados, utiliza-se os seguintes elementos da elaboração de um Estado da Arte: a definição temporal da pesquisa, a escolha de uma base bibliográfica e a apresentação dos resultados na forma de um panorama. Com os textos da base bibliográfica definida, a análise bibliométrica levantará o número de citações de cada texto, a média anual de citações de cada texto, a distribuição dos textos ao longo do período de análise e a distribuição dos textos pelos periódicos em que foram publicados. De forma paralela, também pode-se analisar dados com os indicadores de relevância dos textos publicados, os principais temas aos quais o tema da pesquisa foi associado e as principais revistas que publicaram artigos sobre o tema da pesquisa. Com estes passos, cria-se uma metodologia consistente para elaboração de um Recorte Temporal.

Violência intrafamiliar sob a percepção dos profissionais da educação: revisão sistemática

Gabriela Luchetti dos Santos — 2024-07-28

A violência intrafamiliar contra a criança, se torna cada vez mais recorrente dentro dos lares. Caracteriza-se como toda ação ou omissão praticada por familiar ou responsável, que prejudique o bem-estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade, e o direito ao pleno desenvolvimento da criança. Instituições educacionais tornam-se um local adequado para a detecção e prevenção desses casos. O objetivo deste estudo foi compreender a percepção dos professores sobre a violência intrafamiliar contra a criança. Foi realizada uma revisão sistemática, consultadas nas bases de dados científicas, Pubmed, Lilacs, Pepsic, Scielo, Google Acadêmico, e utilizados os seguintes descritores, violência doméstica AND professores AND crianças; domestic violence AND teachers AND children. Selecionaram-se 16 artigos, no período de 2010 a 2020. Destaca-se que grande parte dos professores compreendem a violência intrafamiliar na modalidade física e psicológica. Isso se dá pelo fato de que uma agressão física na criança em muitos casos fica visível, tendo mais facilidade de identificação. As escolas em geral sabem como proceder em casos de violência contra a criança, mas os professores se sentem inseguros para lidar com a situação, até mesmo pela limitação do conhecimento sobre o assunto. Conclui-se que compreender a percepção dos professores em relação à violência doméstica possibilita questionar e apontar como muitos destes profissionais e instituições escolares ainda estão despreparados para atuar diante dessa demanda e que é preciso disponibilizar meios sobre como abordar e do que se trata a violência contra a criança, informando a maneira de agir e lidar com essa temática.

A socioeducação no Rio de Janeiro: a educação na internação, durante a pandemia da covid-19

Janaina Specht da Silva Menezes — 2024-07-28

Este artigo visa analisar como, no contexto da pandemia da Covid-19, o governo fluminense ao mesmo tempo que estabeleceu medidas de prevenção ao contágio e de enfrentamento da propagação decorrente do novo coronavírus – a citar, a suspensão das aulas presenciais e o estabelecimento do trabalho remoto/regime de home office para os servidores públicos –, paralelamente buscou efetivar a garantia do direito à educação aos adolescentes em cumprimento medida socioeducativa de internação. A partir das pesquisas bibliográfica e documental, em que foram analisados um conjunto significativo de documentos vinculados à socioeducação e, especialmente, à socioeducação na presença da Covid-19 no estado do Rio de Janeiro, apresenta que a retomada das atividades escolares vinculadas a esses sujeitos privados de liberdade se deu, basicamente, após a atuação do Ministério Público Estadual. Além disso, entre outros resultados, o trabalho apresenta que as videoaulas, conjugadas ao desenvolvimento de projetos pedagógicos específicos, ganharam destaque no conjunto das atividades pedagógicas remotas realizadas no âmbito das unidades escolares de internação, durante o período de suspensão das aulas presenciais. Revela, contudo, que a condução dessas atividades escolares junto aos socioeducandos passou a ser realizada basicamente pelo Grupo de Apoio à Escola (GAE), integrado, essencialmente, por agentes de segurança socioeducativa, os quais, convém destacar, não apresentam formação específica para tal, possivelmente comprometendo a efetividade do direito à educação associado a tais sujeitos.

E-books com os temas contemporâneos transversais na formação inicial de professores(as) de matemática

Muriell Francisco da Costa — 2024-07-28

Este artigo explora apresentar materiais autorais digitais, nomeadamente de e-books, produzidos durante a participação de uma disciplina de prática pedagógica do curso de licenciatura em Matemática de uma universidade pública. Este estudo teve como objetivo enfatizar a importância de preparar os futuros professores de Matemática por meio dos Temas Contemporâneos Transversais (TCT) para trabalhar a interdisciplinaridade e temas sociais relevantes no currículo da Educação Básica, tornando-as significativas para essa etapa formativa do futuro(a) professor(a) de Matemática. Para alcançar esse objetivo, este artigo teve como trajeto metodológico, por meio da coreografia didática da disciplina, explorar o uso dos TCT em práticas pedagógicas com os futuros professores de Matemática, resultando na produção de materiais digitais (e-books). A análise dos e-books foi realizada por meio do modelo de aprendizagem das coreografias didáticas, utilizando a Análise Textual Discursiva e os modelos-base de aprendizagem. Após a análise dos e-books, o estudo destaca a importância da formação dos professores(as) para promover um currículo que estimule a reflexão crítica dos(as) licenciandos(as) em Matemática sobre questões sociais e a integração deste conhecimento integrado às tecnologias digitais.

Um futuro sem esperanças? Reflexões sobre a distopia de Alfonso Cuarón

José Douglas Alves dos Santos — 2024-07-29

O valor da vida tem assumido diversas facetas em diferentes períodos históricos, sendo comum associar o inusitado de tal situação com certas ficções, sobretudo as que traduzem distopias. Filhos da Esperança (Children of Men, 2006), de Alfonso Cuarón, apresenta uma história caracterizada como distópica e que tem como centro de sua narrativa um mundo em choque diante do contexto estabelecido: os seres humanos se encaminham para a extinção devido à inviabilidade reprodutiva. Baseado na obra homônima de P. D. James, o longa-metragem traz um olhar crítico e sensível para debater questões recentes, com claras alusões à geopolítica contemporânea e à situação de imigrantes e refugiados, sobretudo no contexto europeu. Por meio de uma postura pessimista restrita ao tempo presente, Filhos da Esperança orienta sua leitura histórica para um futuro de esperança. Este trabalho aproxima a referida narrativa fílmica de uma hermenêutica da condição histórica, associando o problema da infertilidade presente na trama com a falta de perspectiva que acomete muitos indivíduos na sociedade hodierna. Estruturado em quatro partes, o texto acentua a conexão entre a destruição ecológica e a esterilidade humana, relacionando-as à falta de uma perspectiva histórica sinalizada por Cuarón, o que influenciaria na percepção do reconhecimento do passado como elemento constitutivo do presente – e no caso do filme, de um passado conivente com a destruição ecológica do planeta que constitui seu cenário. Com reflexões sobre distopia e utopia, problematiza-se o contexto histórico e político recente, na expectativa de lançar possíveis e novos olhares ao futuro.

Em defesa da escola: evidenciando práticas avaliativas bem-sucedidas

Tania Mara Zancanaro Pieczkowski — 2024-07-29

Este artigo aborda experiências bem-sucedidas de avaliação formativa, com o intuito de evidenciar a relevância desse processo como um ato diagnóstico e acolhedor. Visa, também, salientar a importância da escola de educação básica. Embora isso pareça uma obviedade, vivemos um período político de ataques à escola, especialmente à pública. O texto resulta de um projeto de pesquisa que objetivou identificar e analisar práticas de avaliação formativa presentes em escolas da região de Chapecó (SC) e compreender como elas contribuem no desempenho escolar e na vida dos estudantes. Este artigo faz referência a uma única escola, embora a pesquisa, na íntegra, contemple três, indicadas como destaques por gestores da Coordenadoria Regional de Educação (CRE) de Chapecó (SC) e da Associação dos Municípios do Oeste de Santa Catarina (AMOSC). O material empírico foi gerado por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com professores das escolas indicadas que tiveram suas práticas avaliativas apontadas como bem-sucedidas pelos gestores escolares. O material foi examinado pela perspectiva de análise de conteúdo, com amparo teórico em Bardin. O estudo aponta que apesar das acusações pelas quais passa a escola, ela representa um espaço e tempo de suspensão, de transformação e forma de tempo livre, assim como do que Larrosa (2002) denomina de “experiência”.

Gestão escolar e famílias dos educandos da rede pública de ensino na cidade de Viçosa - MG

Valdirene Eliane Bailon de Souza — 2024-07-29

A escola é considerada fonte de integração e regeneração do homem na sociedade, sendo necessário vislumbrar a importância da relação escola, família e sociedade como propulsora da relação ensino e aprendizagem. Neste artigo, objetivamos analisar as relações entre gestão escolar e famílias dos educandos em uma instituição pública da Rede Estadual de Ensino da cidade de Viçosa (MG), verificando como/se ocorre seu envolvimento no âmbito escolar, e qual o entendimento de ambos sobre participação escolar. Para tanto, desenvolvemos uma pesquisa caracterizada como estudo de caso, de cunho descritivo, com enfoque quali-quantitativo. O estudo contou com a participação de sete (07) interlocutores da gestão escolar e cinquenta e seis (56) famílias dos educandos, que responderam a um questionário on-line. Dessa forma, podemos conhecer e analisar as diversas situações que ocorrem na vida social, política, econômica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do indivíduo tomado isoladamente, como de grupos e comunidades mais complexas. Conforme resultados obtidos por meio de questões levantadas aos profissionais da gestão e às famílias, observamos que tais relações contribuem para a formação de caráter do indivíduo, por meio do aprendizado compartilhado entre pessoas significativas nesse meio cotidiano. Portanto, constatamos que a união desses eixos educacionais influenciam diretamente na educação dos educandos e, por conseguinte, no seu sucesso escolar.

Caducidade moral e vida alienada: reflexões filosóficas e literárias sobre ética na educação

Jose Paulo Gatti — 2024-07-29

Este artigo analisa, desde a teoria crítica, o pensamento nietzschiano e um conto machadiano, as perspectivas da experiência moral na sociedade contemporânea. A pesquisa, de caráter bibliográfico, procura encadear a filosofia com a análise literária, estabelecendo um diálogo capaz de estimular a reflexão e inspirar horizontes distintos para o enfrentamento da temática moral no âmbito educativo. Ela parte da noção defendida por Theodor Adorno de que a moralidade foi esquecida e sua consolidação depende mais dos mecanismos do modelo produtivo do que da construção de costumes compartilhados conscientemente pelos homens. Analisa a origem desse fenômeno que, para Nietzsche, está na cisão estabelecida entre a razão e a intuição, de tal forma que valores passaram a ser defendidos desde um raciocínio utilitarista e, na sequência, pelo desenvolvimento do ideal ascético. Segundo esse autor, uma racionalidade íntegra requer alcançar a verdade das coisas intuitivamente, sem tentar dominar e controlar sua existência. É o que se percebe no conto A Cartomante, de Machado de Assis. Ali encontram-se sinais dessa aproximação intuitiva, desconcertante, que mais sugere do que revela e, nesse sentido, toca a natureza humana em sua ambiguidade fundamental. Ao apontar tal realidade, o conto desmascara as inconsistências de um paradigma pensado e estruturado para satisfazer todas as necessidades humanas, revelando essa impossibilidade e suas consequências. A compreensão adequada da realidade, do lugar da moral e da possibilidade de construir uma vida menos dependente exigem o resgate da dialética da existência na dinâmica educativa, essa chance de enxergar as tensões e conflitos dissimulados.

Capacitação de profissionais da educação acerca do abuso sexual infantil: Uma revisão sistemática

Thaís da Costa de Paula — 2024-07-29

O presente artigo consiste em uma revisão sistemática de literatura acerca da capacitação dada aos profissionais da educação sobre a temática do abuso sexual infantil em vista da complexidade do fenômeno, desde a identifição de sinais de risco, a perpetuação da violência, até o atendimento da vítima. O objetivo do estudo foi identificar a nível nacional e internacional as capacitações e ações que vêm sendo realizadas para instrumentalizar os profissionais da educação. O procedimento consistiu na busca de artigos em duas bases de dados, o portal de periódicos CAPES (acesso CAFe) e o periódico SAGE open, utilizando-se como descritores “abuso sexual infantil” e “capacitação”, para artigos publicados entre os anos de 2011 e 2021. Dos 212 artigos encontrados, apenas oito foram selecionados de acordo com os critérios estabelecidos para a pesquisa. A partir dos artigos encontrados foi realizada a leitura na íntegra e divididos em três principais categorias de acordo com as informações mais predominantes nos estudos realizados: Falta de capacitação dos profissionais sobre o tema do abuso sexual; Desconhecimento dos profissionais acerca dos trâmites e fluxos de atendimento; Dificuldade em falar sobre o tema da sexualidade em sala de aula. Tais categorias apontam a necessidade de instrumentalizar os profissionais da educação, aproximando da realidade deles os melhores meios e procedimentos a serem adotados para proteger as crianças e adolescentes.

Avaliação para desenvolvimento de competência profissional em saúde: percepção de professores e estudantes.

Jussara Montisseli Castilho — 2024-07-29

Esta pesquisa teve como objetivo analisar a representação social de professores e de estudantes dos cursos de Enfermagem e Medicina sobre a avaliação para o desenvolvimento de competência profissional, por meio de um instrumento denominado Formato 3 e descrever as sugestões de melhorias sobre sua utilização. Método: Trata-se de uma Pesquisa Qualitativa fundamentada na Teoria das Representações Sociais desenvolvida em uma faculdade do interior paulista. Participaram 14 professores e 60 estudantes, sendo 40 do Curso de Medicina e 20 do Curso de Enfermagem, todos da segunda série, por meio de entrevista semiestruturada com duas perguntas abertas. Resultados: Os dados obtidos foram interpretados pela técnica do Discurso do Sujeito Coletivo e revelou cinco ideias centrais: Importância da avaliação formativa do estudante segundo o formato 3; Papel do professor na avaliação formativa do estudante pelo formato 3; Compreensão da avaliação conceitual por estudantes e professores; Periodicidade e estrutura da avaliação de desempenho; Sugestões sobre a disponibilização, conteúdo, frequência do preenchimento e o papel do professor para o Formato 3. Conclusão: os resultados obtidos neste estudo demonstram a importância de múltiplos conhecimentos para avaliação do desempenho dos estudantes, tendo em vista o desenvolvimento de competência profissional para formação de enfermeiros e médicos competentes.

Intervenção na pesquisa em educação matemática escolar: possíveis problematizações

João Carlos Pereira de Moraes — 2024-07-29

Com o advento dos mestrados profissionais, a ideia de intervenção emerge como estratégia de composição de pesquisas em Educação Matemática escolar. Contudo, a sua presença, neste campo, demanda discussões referentes às práticas investigativas. Nesse sentido, o artigo analisa a composição intervencionista em pesquisas em Educação Matemática escolar, problematizando outras possibilidades para a sua inserção nas investigações da área. Metodologicamente, a pesquisa aprofunda-se, a partir da análise de discurso foucaultiana, em dissertações no campo da Educação Matemática produzidas em um Mestrado Profissional em Educação, localizado no extremo sul do Rio Grande do Sul/Brasil. Como resultado, nota-se que as pesquisas são conduzidas por uma sequência de ações: realidade, problematização, objetivo, planejamento, aplicação e avaliação. Problematiza-se que as pesquisas consideradas se apoiam no distanciamento da realidade escolar, bem como na elaboração de práticas a partir de uma perspectiva externa do campo. Como outras possibilidades, sugere-se uma perspectiva de intervenção constituída no campo, com os sujeitos e a partir das afetações produzidas no cotidiano do pesquisar

Agencia, participação e protagonismo infantil: diálogos com os Estudos Sociais da Infância

Rocío Fatyass — 2024-07-29

Neste artigo, abordamos e discutimos as noções de agencia, participação e protagonismo infantil em diálogo com o campo dos estudos sociais da infância, com o objetivo de sistematizar e examinar referenciais teóricos de distintos contextos geográficos. Diversas têm sido as contribuições para pensar o conceito de infância, as quais têm ganhado mais visibilidade desde o surgimento do campo da sociologia da infância, cujas reflexões têm sido amplificadas desde uma perspectiva interdisciplinar que se centram na posição das crianças na sociedade. Da mesma forma, a partir dessas abordagens reconhecemos dimensões heterogêneas nas experiências das crianças e nas relações intergeracionais, em especial no contexto latino-americano. A estratégia metodológica conecta e analisa os antecedentes de duas teses de doutorado, recentemente desenvolvidas na Argentina e no Brasil, bem como indicativos de como os conceitos foram sendo utilizado nesses países com algumas diferenciações nas perspectivas construídas nos países do hemisfério norte. Em relação ao campo dos estudos sociais da infância, buscamos fornecer esclarecimentos conceituais a partir da compreensão: participação em seu caráter social, político e jurídico, protagonismo como práxis de transformação e agência infantil como disposição social que pode ser socialmente invisível; ao mesmo tempo, problematizamos essas categorias segundo contextos situados, a partir das especificidades da América Latina.

A Base Nacional Comum Curricular: uma análise lexical

Heitor Negreiros — 2024-07-29

Este artigo tem como objetivo investigar o corpus textual da Base Nacional Comum Curricular, a partir de uma análise lexical, com o intuito de compreender sua organização, suas concepções teóricas e os interesses envolvidos em sua constituição. Assume a análise crítico-documental, de Marc Bloch, como procedimento teórico-metodológico e apoia-se nas teorizações de Antoine Prost sobre e na produção acadêmica referente ao tema como suporte para a investigação. Para tanto, busca compreender o texto completo do documento, utilizando o software IRAMUTEQ sob o algoritmo Método Reinert pela Classificação Hierárquica Descendente e pela Análise Fatorial de Correspondência. De acordo com a análise dos léxicos, os resultados indicam que a perspectiva assumida pela Base Nacional Comum Curricular é explícita quando se alinha às recomendações dos organismos multilaterais em uma educação baseada em competências que tem o desenvolvimento econômico como atributo a ser perseguido a partir de um conhecimento instrumentalizado. Conclui que as competências não contribuem para a desfragmentação do saber, assumindo um fim em si mesmas e tornando-se elas próprias a verdadeira finalidade da educação. A educação volta-se para uma finalidade pragmática, em que o significado é reduzido à própria utilidade, e não para um sentido público que enfoque a formação do ser humano em/com/para o mundo em detrimento da preparação uniformizada para a vida.

Programa Creche Escola e sua concepção de educação infantil: a secundarização do direito da criança

Nayane Moreno Perea — 2024-08-01

Este artigo realiza um estudo introdutório sobre o Programa Creche Escola e sua concepção de educação infantil, a partir da análise de documentos e informações veiculadas nos sites da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP) e da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE). Verificou-se que o referido Programa foi instituído por meio do Decreto nº 57.367/2011, durante a gestão Alckmin (2011-2014), com vistas a ampliar o atendimento municipal de educação infantil, sobretudo em áreas de maior vulnerabilidade social e déficit de vagas. Observou-se, tanto pelo projeto arquitetônico desenvolvido pela FDE, quando pelos discursos impressos nos informes da SEE, que sua concepção de educação infantil reproduz grandes ranços da história da educação infantil brasileira: educação infantil vista como direito dos pais trabalhadores e não da criança; cuidado como atributo da creche e educação como atributo da pré-escola; projeto arquitetônico definido em função do custo e não das especificidades da criança e de seu processo formativo. Nota-se que o Estado aproveitou-se do Programa como ferramenta de propaganda, utilizando-se da situação de hipossuficiência recursal das localidades carentes, tratando opção política e eleitoral como ação de benevolência governamental para com os mais necessitados e deixando em segundo plano a consolidação do direito à educação da criança pequena em São Paulo.

Análise de materiais didáticos para Educação a Distância à luz da pedagogia dos multiletramentos

Brunelly Félix Cordeiro — 2024-08-01

Com o advento das tecnologias de informação e comunicação, foram identificadas na sociedade novas formas de se comunicar e relacionar. A educação é feita por meio da interação e, consequentemente, esses novos modelos de intercomunicação afetam o processo de ensino e aprendizagem. A Pedagogia dos Multiletramentos defende a multimodalidade e a multiculturalidade para um ensino que crie no discente o pensamento crítico e de independência na construção do seu aprendizado. Portanto, o estudo visa trazer o estado da arte acerca dos temas Pedagogia dos Multiletramentos, dos autores Cope e Kalantzis (2000), Rojo (2012); e Material Didático, com os autores Filatro e Cairo (2015), Hissa e Araújo (2020). A pesquisa tem o objetivo de analisar se existem características da Pedagogia dos Multiletramentos em materiais didáticos de disciplinas a distância de cursos de graduação da Unidade Acadêmica do Cabo de Santo Agostinho - Universidade Federal Rural de Pernambuco. Com isso, foi possível mapear e encontrar as áreas que mais enfatizam esse tema, assim como a área que está em deficiência na sua discussão. A partir desse estudo foi possível identificar as lacunas nas disciplinas analisadas quanto à utilização da Pedagogia dos Multiletramentos na construção do material didático.

Práticas pedagógicas inovadoras ou práticas pedagógicas de sobrevivência?

Silvio Duarte Domingos — 2024-08-01

Diversas pesquisas relatam que são poucas as investigações sobre o formador de professores para a Educação Básica. Assim, pouco se sabe sobre suas práticas profissionais e os saberes que as alicerçam. Parece, portanto, contraditório que com tantos desafios educacionais a serem superados no país, pouco se saiba sobre o trabalho dos professores de Pedagogia. Desse modo, no contexto das pesquisas sobre formação e trabalho docente, este artigo apresenta um estudo que teve como objetivo investigar as representações sociais de professores de Pedagogia sobre práticas pedagógicas inovadoras. Para atingi-lo, implementou-se uma metodologia qualitativa, contando com a participação de 23 professores de Pedagogia, de uma Universidade privada na cidade do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas e foram analisados conforme a análise de conteúdo (BARDIN, 2011). Os resultados obtidos indicam que as representações sociais de práticas pedagógicas inovadoras, para o grupo pesquisado, se objetivam em “mudança”, “diferenciação” e “melhoria”. Essas representações se ancoram na ideia de que é preciso inovar para sobreviver, em outras palavras, manterem os empregos. Conclui-se que este estudo permite vislumbrar a magnitude do impacto das representações aqui identificadas, na formação de professores brasileiros e, por consequência, na formação do povo desse país.

Plataformas e tecnologias digitais: estudo piloto de um questionário destinado a agentes educativos

Sandra Teodósio Valadas — 2024-08-01

A criação de Agrupamentos de Escolas como novas formas de organização da rede escolar e desenvolvimento de projetos educativos pretendeu reforçar a autonomia, quebrar o isolamento entre escolas e potenciar a articulação entre os diversos níveis de ensino. Foi neste contexto que se reconheceu que a modernização tecnológica das escolas, com recurso às plataformas e tecnologias digitais (PTD), poderia facilitar a comunicação entre os diferentes membros da comunidade educativa, os AE e a comunidade exterior. As potencialidades educativas destes meios digitais em contexto escolar, enquanto recurso essencial para a comunicação no seio dos AE, justificam a relevância do estudo que aqui apresentamos. Enquadrado num projeto de investigação de dimensão nacional, foi construído um inquérito por questionário destinado a conhecer perceções de lideranças escolares, professores, alunos e assistentes técnicos sobre as PTD em uso nas escolas, finalidades com que são utilizadas e os seus efeitos na dinâmica de funcionamento dos agrupamentos de escolas. O presente artigo descreve as etapas exploratórias associadas ao percurso inicial de construção desse inquérito por questionário, dirigido a agentes educativos reconhecidos como sendo informadores privilegiados. A versão final dos inquéritos por questionário revelou-se adequada para prosseguir com a recolha de dados no âmbito do projeto, permitindo a caraterização, de dimensão nacional, das PTD em uso nos AE em Portugal e seus efeitos nos processos de gestão educacional e de comunicação

O papel da avaliação na abordagem temática: das características às implicações pedagógicas

Diuliana Nadalon Pereira — 2024-08-03

O presente trabalho apresenta reflexões em torno do papel da avaliação escolar no contexto da perspectiva de reestruturação curricular da Abordagem Temática. O foco é para as características que a avaliação deve ter quando realizada a partir desta perspectiva – de modo que possam ser coerentes a essa concepção teórica curricular. Para isso, investigou-se em teses e dissertações brasileiras da área de Educação em Ciências, como a avaliação vem sendo pensada nesse tipo de proposta. Através da análise realizada por meio da Análise Textual Discursiva, emergiu a categoria “características e implicações da avaliação escolar na Abordagem Temática”. Na análise, identifica-se algumas características que a mesma deve assumir, tais como: ser processual, diagnóstica, emancipatória, interdisciplinar, dialógica e de natureza qualitativa. Entretanto, tais características ainda são pouco exploradas e refletidas pelas pesquisas. Assim, esse estudo serve como indicativo de que as pesquisas da área de Educação em Ciências, que utilizam a Abordagem Temática, não têm se aprofundado em termos de avaliação. Atenta-se que a avaliação escolar nesta perspectiva implica ser coerente a seus fundamentos teórico-metodológicos, por isso, é importante que seja planejada e implementada através de processos dialógicos, problematizadores e contextualizados com a realidade em que os sujeitos vivem, buscando, sobretudo, identificar a apreensão temática e não somente conceitual dos estudantes. Portanto, sinaliza-se para a necessidade de superar a avaliação tradicional predominante na educação, assumindo uma avaliação emancipatória.

Conhecimento profissional docente para o ensino de geometria evidenciado em uma síntese da literatura

Natalia Nascimben Delmondi Munhoz — 2024-08-03

Este artigo tem como objetivos apresentar uma síntese de literatura, incluindo os conceitos de prática reflexiva e formação continuada de professores de Matemática, com enfoque sobre o ensino de Geometria, e discutir como a ferramenta teórica Knowledge Quartet (KQ) pode ser capaz de contribuir com tais processos. Para tal, analisa-se 12 artigos, sendo 5 deles referentes ao KQ, 3 à Prática Reflexiva e 4 à Formação de Professores, selecionados nas bases de dados Scielo, ERIC, PsycINFO e Web of Science. Eles são submetidos a uma análise vertical, discutindo-os individualmente, e a uma análise horizontal, na qual são contrapostos entre si. Os resultados mostram que os estudos envolvendo o Knowledge Quartet se direcionam à formação inicial de professores e ao conteúdo de aritmética, que essa ferramenta se apresenta em consonância com a prática reflexiva e é adaptável a outros contextos formativos, níveis de ensino e conteúdos matemáticos, e que, embora a prática reflexiva deva ser desenvolvida desde a formação inicial, sua ocorrência se dá mais expressivamente na formação continuada. Portanto, existem potencialidades para que estudos contemplando o KQ como ferramenta de análise e desenvolvimento da prática reflexiva em processos de formação continuada de professores direcionados ao ensino de Geometria sejam realizados no Brasil.

A avaliação institucional da extensão nas universidades federais

Natália Fraga Carvalhais Oliveira — 2024-08-03

O estudo investiga a inserção da avaliação da extensão universitária na avaliação institucional das universidades, tendo como eixo a discussão da indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão e a função social das universidades. O foco da análise são as 63 universidades federais, não somente pela relevância destas instituições no sistema de educação superior brasileiro, mas por efetivamente, em sua maioria, desenvolverem ações de extensão. O estudo qualitativo e de natureza exploratória baseou-se em pesquisa documental e em análise de conteúdo das resoluções e/ou documentos equivalentes que regulamentam a extensão universitária nestas instituições, centralizando o tratamento dado à avaliação da extensão. O conteúdo foi sistematizado em quatro categorias principais: instâncias responsáveis pela avaliação da extensão; procedimentos de acompanhamento e avaliação da extensão; participantes dos processos de avaliação da extensão e integração da avaliação da extensão à avaliação institucional da universidade. Embora a maioria das universidades federais tenha instâncias responsáveis pela avaliação da extensão e utilize relatórios elaborados pelos coordenadores das ações como principal procedimento de avaliação da extensão, a definição de critérios institucionais de avaliação ainda é bastante incipiente, o que limita a apreensão da avaliação do conjunto das ações de extensão e sua integração à avaliação institucional na maioria das universidades. Conclui-se, portanto, que, nas universidades, a construção de uma política institucional de avaliação da extensão ainda se encontra em processo.

Os significados atribuídos às cotas raciais por estudantes de ensino técnico

Natalino Neves da Silva — 2024-08-23

Este artigo é resultado de uma pesquisa inserida no contexto de implementação da Lei nº 12.711/12. O problema central consiste em compreender quais são os significados das cotas raciais para 18 estudantes ingressantes por meio dessas políticas no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet-MG). Fizeram parte dos procedimentos metodológicos adotados: revisão de literatura, entrevistas semiestruturadas, grupo focal e análise de relatórios anuais de matrículas. Os resultados revelaram que os significados atribuídos por eles(as) passam desde a ausência de uma reflexão mais detida sobre as assimetrias sociorraciais até a tomada de conhecimento de lutas e resistências da população negra realizadas em nosso país.

Conselho de representantes de conselhos de escola (CRECE): concepção, trajetória, institucionalização, desafios

Cileda Santos Sant'Anna Perrella — 2024-10-13

A gestão democrática foi consagrada como princípio constitucional na Carta Magna de 1988 indicando a importância da criação de espaços democráticos de participação como conselhos. Iniciado em 1990, o Conselho de Representantes dos Conselhos de Escola (CRECE) se constituiu como espaço de participação regionalizada, uma inovação da política educacional da capital paulista na Gestão Luiza Erundina (1989-1992), Partido dos Trabalhadores. Sua trajetória foi marcada pelas descontinuidades de governos, presente de alguma forma apenas nas administrações petistas. Entre debates e embates envolvendo governo e sociedade, esse conselho foi reconhecido legalmente só em 2015, na Gestão Fernando Haddad, mesmo partido, tornando-se obrigatório em toda a cidade a partir de 2016. Sua institucionalização tem demandado desafios a serem superados coletivamente. Tendo o CRECE como objeto de análise, o objetivo deste artigo é traçar sua trajetória, desde a concepção à institucionalização, identificar as causas de sua persistência, apesar das alternâncias de governos, e ressaltar os desafios que lhe são postos na atualidade. Para responder sobre o que permitiu sua existência, mesmo que de forma fragmentada em períodos pontuais, foi adotada abordagem qualitativa recorrendo a levantamento documental e entrevistas (CELLARD, 2008; BOURDIEU, 2001). Teoricamente foram relevantes as contribuições de Genuíno Bordignon e Luciana Tatagiba, entre outros. A pesquisa revelou que fatores conjunturais, políticos, estruturais e legais convergiram e contribuíram para o seu não desaparecimento.

Proposta de práxis de educação ambiental no ensino médio profissional de Juazeiro do Norte, Ceará

Janiele de Brito de Souza — 2024-10-13

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 define que o meio ambiente equilibrado é um direito de todos e que por isso, deve-se promover a Educação Ambiental (EA) em todos os níveis de ensino. Tal prerrogativa é reforçada na Política Nacional de EA, nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a EA e, para o caso da Educação Profissional Técnica (EPT), nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a EPT de nível médio. Assim, diante da atual crise ambiental vivenciada pela humanidade e a consequente obrigatoriedade da inserção interdisciplinar da EA em todos os níveis e modalidades do processo educativo no país (formal e não-formal), o objetivo central desse manuscrito é apresentar uma proposta de prática pedagógica para a EA do ensino médio profissional do município de Juazeiro do Norte, Ceará. Metodologicamente, recorreu-se a uma revisão bibliográfica e documental, com abordagem qualitativa e objetivos de natureza descritiva-explicativa. Não obstante, pode-se chegar à conclusão de que a educação tradicional/conservadora ainda se constitui no principal desafio para a institucionalização da EA no Brasil; que a Região Metropolitana do Cariri (RMCariri) se configura num importante espaço para as ações de EA das escolas, objeto de estudo; e que a atuação governamental se faz necessária na concretização das ações aqui propostas.

Ensino de valores na Educação Física escolar: uma proposta a partir da abordagem explícita

Vitor Ciampolini — 2024-10-13

Apesar de presente há anos nos debates e nas propostas curriculares voltadas à Educação Física escolar, o ensino de valores tem encontrado barreiras para se integrar à prática pedagógica de professores nesse contexto. Os valores não costumam ser abordados de maneira sistemática e intencional nas aulas, e ficam implícitos, surgindo normalmente para remediar comportamentos inadequados apresentados pelos alunos. Recentemente, programas voltados para crianças e jovens têm adotado uma abordagem explícita para ensinar valores, ou seja, de maneira planejada, intencional e integrada com as práticas corporais. Neste sentido, o objetivo desse ensaio teórico é apresentar uma possibilidade de implementação do ensino de valores na Educação Física escolar a partir de uma abordagem explícita. De maneira geral, tendo como ponto de partida as práticas corporais a serem tematizadas, sugere-se que os professores selecionem e apresentem um valor no início da aula, articulem-no à prática corporal planejada e, por fim, discutam possibilidades de ampliação do valor para outros contextos vivenciados pelos alunos. Acredita-se que o equilíbrio entre a organização proativa dos aspectos socioemocionais e o trato orgânico e afetivo das relações e necessidades apresentadas pelos alunos potencializará o desenvolvimento de valores na Educação Física escolar. Neste sentido, considerações e reflexões são elencadas para auxiliar professores no processo de implementação desta proposta.

Diálogo e igualdade social na escola: realidade ou utopia?

Caren Vanessa Ganz Vogel Coelho Telles — 2024-10-13

Este artigo deriva de uma pesquisa realizada no curso de Mestrado Acadêmico em Educação realizada em 2020. O objetivo é apresentar percepções de professores do oitavo e do nono ano do Ensino Fundamental a respeito da desigualdade social na escola e a relevância do diálogo com vistas a superação dos efeitos desse fenômeno. A pesquisa é de abordagem qualitativa, com pesquisa de campo e a análise de dados ancora-se na abordagem do materialismo histórico e dialético, tendo por referência Paulo Freire e Dermeval Saviani. São foco três escolas da rede pública municipal de ensino de Lages/SC que atendem estudantes dos dois anos finais do Ensino Fundamental. Os participantes da pesquisa são professores vinculadas às unidades escolares pesquisadas que, mediados por entrevista semiestruturada, manifestam suas percepções sobre a desigualdade social na escola e o diálogo sobre o enfrentamento e superação do problema. A análise da pesquisa evidenciou que há uma compreensão comum de que a educação tem por finalidade, o desenvolvimento da pessoa, a preparação para a cidadania e para o trabalho. Mas, a desigualdade social na escola é pouco problematizada. Há uma compreensão superficial de seus efeitos desacompanhada de uma visão de perspectiva de mudança, sugerindo que escola isolada não resolve problemas estruturais da sociedade. Estes pressupõem, junto com a educação, o desenvolvimento de políticas públicas transversalizadas a saber, segurança alimentar, assistencial social, saúde, trabalho, lazer e cultura, de responsabilidade do Estado e da Sociedade.

Uso do livro didático de biologia por professores de uma escola pública do Distrito Federal

Rosinaldo Melo — 2024-10-14

O livro didático, apesar de não ser o único, é o principal recurso didático utilizado em sala de aula e apresenta diversas definições e funções. A quase totalidade das pesquisas realizadas sobre o tema no Brasil não tem como foco o seu uso. Esta pesquisa qualitativa teve como objetivo geral verificar se e como o professor fez uso do livro didático (LD) de biologia PNLD 2018 em uma escola pública de ensino médio regular na Região Administrativa do Gama (RA II), Distrito Federal, Brasil. No transcorrer do 2º semestre de 2018, no papel de pesquisador observador não participante, foram realizadas observações de 38 aulas de cinco professores de biologia regentes no turno diurno. A coleta de dados foi também realizada por meio de um caderno de campo e entrevistas qualitativas semiestruturadas com os participantes, sendo a análise de dados pautada nas funções exercidas pelos livros didáticos. A análise dos dados permitiu concluir que os professores utilizavam o livro didático de biologia de variadas maneiras, explorando suas funções de forma autônoma seja na construção do planejamento individual e em grupo e como um facilitador de aprendizagem em sala de aula. Concluiu-se também que os professores utilizaram o livro didático de biologia, tanto em sala de aula como fora dela, apoiados nas seguintes funções do LD: fonte de informações científicas, exercícios, atividades e avaliações, assim como apoio pedagógico. A função ideológica e cultural e a função documental do livro didático não foram detectadas nesta pesquisa.

Estigma e deficiência na escola: a perspectiva dos estudantes

Ariane Berri Riegel — 2024-10-14

Ao longo da história, as pessoas com deficiência foram alvo do preconceito, da discriminação e exclusão social. Na contemporaneidade, apesar da emergência de políticas educacionais inclusivas que buscam garantir o acesso, a permanência, a aprendizagem e a participação de pessoas com deficiência na escola comum, é possível encontrar, no cotidiano escolar, barreiras que as deixam às margens dos processos educativos. Partindo do modelo social da deficiência e do pressuposto de que a criança é um ator social, este artigo objetivou problematizar as relações entre estigma e deficiência no cotidiano escolar, a partir das perspectivas das crianças com deficiência que vivenciam tais situações. A pesquisa, de abordagem qualitativa, teve como instrumento de geração de dados entrevistas semiestruturadas com seis estudantes com deficiência matriculados no ensino fundamental de duas escolas de um município de Santa Catarina. A análise dos relatos mostrou que as barreiras atitudinais vivenciadas pelos estudantes são produzidas nas interações com colegas, professores e decorrem, em alguns casos, da própria dinâmica escolar excludente. A experiência da estiigmatização leva os estudantes a se perceberem como incapazes, inferiores ou ‘diferentes’ dos demais colegas, provocando seu distanciamento e isolamento, reforçando sua condição de marginalização e reproduzindo desigualdades em um ambiente que se afirma inclusivo.

Violência escolar, preconceito e educação inclusiva

Branca Maria de Meneses — 2024-10-14

Com base nos conceitos da Teoria crítica da sociedade, este estudo tem como objetivo apresentar a relação entre a violência escolar e o preconceito contra alunos considerados em situação de inclusão escolar. Para o alcance do objetivo proposto foi realizada a coleta de dados em oito escolas do município de Campo Grande (MS), sendo três particulares e cinco públicas municipais. Assim, participaram do estudo 463 alunos do nono ano do ensino fundamental, sendo 231 (49,9%) do sexo feminino e 232 (50,1%) do sexo masculino. Este estudo apresenta um recorte dos resultados de dois instrumentos, a Escala de identificação da violência escolar e a Escala de discriminação dos alunos de inclusão escolar. Os dados obtidos demonstraram as seguintes tendências: (1) quanto mais o(a) aluno(a) foi indicado(a) como autor(a) da agressão, mais esse(a) aluno(a) manifestou preconceito contra o(a) colega com autismo ou com dificuldade de se relacionar, e contra o/a colega afeminado e masculinizada; (2) quanto mais o(a) aluno(a) foi indicado(a) como autor(a) da agressão, menor foi a sua manifestação de preconceito contra o(a) colega que tem comportamento agressivo; e (3) quanto mais o(a) aluno(a) foi indicado(a) como alvo da agressão, maior foi a sua manifestação de preconceito contra o/a mau aluno ou má aluna.

Didáctica Magna: contribuições para a escola da primeira infância na contemporaneidade

Solange Maria de Oliveira Cruz — 2024-10-14

Este texto, de cunho bibliográfico, teve como objetivo refletir sobre o pensamento didático-pedagógico do educador Tcheco João Amós Comênio, contido na obra Didáctica Magna – Tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo a Todos, escrita em 1957. Considera-se que aproximações importantes podem ser feitas, para a reflexão sobre a prática, de futuros professores da escola da primeira infância contemporânea. A obra estudada trata-se, segundo o próprio autor, de um tratado sobre a “arte de ensinar”, a fim de que se tenha êxito, ao ensinar “tudo a todos”. Em uma época em que não existiam currículos sistematizados, Comênio propôs a construção de um programa de ensino com adoção de hierarquia de conhecimentos e de graus de ensino, com um plano orgânico de estudos, e um modo de ensinar as crianças tal, que se obtenha bons resultados na aprendizagem, despertando sua atenção para o aprendizado, estimulando-a a permanecer atenta ao que se ensina. Conclui-se que a proposta da obra de Comênio, a saber, desenvolver na mente infantil o princípio e as bases de uma instrução universal desde os primeiros anos de vida escolar, torna-se elemento interessante a ser apresentado a cada aspirante a professor, para que tome conhecimento, e se debruce em uma leitura mais detalhada da obra, refletindo sobre a possibilidade de incorporá-la à sua vida e à sua prática profissional.

Tecnologias digitais e escrita acadêmica no ensino superior: um estado da arte

Luzia Bueno — 2024-10-14

Este artigo tem como objetivo apresentar os resultados de uma pesquisa situada na perspectiva histórico-cultural, de cunho bibliográfico, que visou investigar como as tecnologias digitais podem afetar o desenvolvimento da escrita acadêmica no ensino superior. Com o aumento progressivo da EaD, há também a disseminação de um discurso sobre o poder das tecnologias digitais de alterar positivamente a Educação. Contudo, é preciso um olhar crítico para elas, considerando que carregam valores ideológicos e refletem uma lógica de mercado que não deveria ser transferida para a educação. Na busca do objetivo geral da pesquisa, os seguintes objetivos específicos foram considerados: a) Investigar quais são as tecnologias digitais que aparecem nos estudos científicos sobre a escrita acadêmica; b) Identificar quais são as contribuições e/ou obstáculos que as tecnologias digitais trazem para o desenvolvimento da escrita acadêmica. Para isso, foi realizado um estado da arte na base de dados de dissertações e teses da Capes, com os descritores “escrita acadêmica, tecnologias digitais e ensino superior”, para se verificar as pesquisas sobre esta temática desenvolvidas nos últimos cinco anos. Os resultados apontam que, apesar de haver muitas pesquisas sobre as tecnologias digitais nos últimos anos, ainda há uma lacuna quanto aos estudos que enfocam a escrita acadêmica mediada por tecnologias no ensino superior.

Ensino de matemática em escola hospitalar: Princípios da teoria dos campos conceituais.

Clayton Espirito Santo — 2024-10-14

Objetivo: identificar como os princípios da Teoria dos Campos Conceituais de Gerard Vergnaud (TCC) encontram-se presentes nas aulas de matemática ministradas para alunos do 1º e no 2º ano do Ensino Fundamental e que encontram-se em tratamento hospitalar prolongado. Métodos: Pesquisa de cunho exploratório com caráter misto. Foram analisados os conteúdos de 171 aulas de Matemática ministradas pelos professores da escola hospitalar para alunos do 1º ano e do 2º ano do Ensino Fundamental ao longo do ano de 2019. O relato das aulas foi obtido do banco de dados da escola hospitalar. O processo de análise foi realizado através da utilização dos conceitos de análise de conteúdo descritos por Bardin. Resultados: O processo de exploração de dados levou à criação de 14 categorias intermediárias que após serem analisadas sob o princípio da Teoria dos Campos Conceituais foram posteriormente reduzidas para quatro categorias principais, nomeadas de Situações de História, Situações de Variedade, Forma Predicativa e Invariantes Operatórios, que compõem a TCC. Conclusões: A Teoria dos Campos Conceituais de Vergnaud foi observada nos relatos sobre o desenvolvimento das habilidades de comparação de números naturais, construção de conceitos, cálculos e resolução de problemas que envolviam adição, além da comparação de quantidades, assim como, na valorização da utilização da linguagem oral para exposição das resoluções dos exercícios e de conhecimentos dos seus alunos/pacientes. O que indica que as formas predicativa e operatória de conhecimento se fazem presentes.

Política Pública do PNAIC e a formação continuada: percepções de professoras alfabetizadoras

Josi Carolina da Silva Leme — 2024-10-14

O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) se configurou como política pública educacional em âmbito federal. Este artigo se propõe abordar a formação docente prevista na proposta do PNAIC, para tanto, analisa a implantação do programa em seu primeiro ano a partir de um Estudo de Caso em nível de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Educação pela Universidade Federal de São Carlos, baseado na perspectiva da Pedagogia Histórico-Critica. Os dados da pesquisa foram obtidos por meio das entrevistas com três professoras dos anos iniciais do ensino fundamental participantes da formação e com as três respectivas formadoras, bem como análise documental e levantamento bibliográfico. Foram elaborados três eixos de análise para o tratamento de dados das entrevistas relacionados à percepção das professoras cursistas, a saber: formação de professores, recursos e materiais pedagógicos, e avaliação externa. Quanto às entrevistas com as formadoras, a análise se voltou para os aspectos metodológicos, aos avanços e às lacunas da formação. Evidenciou-se que a construção histórica do PNAIC delineou-se por meio de políticas federais precedentes. Os dados coletados evidenciaram a necessidade das políticas educacionais em seu potencial formativo, no entanto, apontam distorção da proposta, utilização de materiais ultrapassados, contribuições pouco significativas para o desenvolvimento profissional docente no contexto analisado e para a necessidade de revisão do programa em diversos aspectos.

O ensino de língua inglesa como língua estrangeira para estudantes com Transtorno do Espectro Autista

Amanda Suellen Bodnar — 2024-10-14

O presente trabalho deriva de uma pesquisa de dissertação de mestrado em educação, financiada pelo Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC), e tem como objetivo compreender as percepções dos estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e de suas famílias acerca do aprendizado de língua inglesa na educação básica. Os participantes da pesquisa foram três mães e três estudantes, de três escolas estaduais da cidade de Joinville – Santa Catarina (SC). Quanto aos procedimentos metodológicos, o trabalho apresenta levantamento bibliográfico com a finalidade de compor o aporte teórico, e pesquisa de campo. Para coleta de dados foram utilizadas entrevistas semiestruturadas. Em relação à análise e construção dos dados, utilizou-se da Análise de Conteúdo segundo Bardin (2011) e Franco (2005). As mães participantes da pesquisa, relatam que os filhos possuem facilidade na aprendizagem de línguas, mas que os estudantes necessitam de mais apoio e auxílio por parte da escola para que ocorra a inclusão. Os estudantes demonstraram durante as entrevistas que possuem interesse no aprendizado de língua inglesa e conseguem formular frases ou compreender palavras isoladas, contudo, relatam dificuldade em realizar as tarefas escolares de interpretação textual e tradução.

“Fronteiras da convivência”: pós-graduação, covid-19 e trabalho pedagógico

Ana Sara Castaman — 2024-10-14

Vive-se um momento delicado na história humana, gerado pela pandemia por Covid-19, ou seja, um estado de calamidade pública que afetou de alguma maneira a vida. Um dos aspectos que exigiu redimensionamento foi à educação formal, já que se suspendeu as atividades presenciais e se propôs a continuidade por meio do ensino remoto. Em decorrência, em todos os níveis, foram propostas alternativas, reorganizações e desafios para o encaminhamento do trabalho pedagógico. Assim, este estudo objetiva-se compreender como professores de um Programa de Pós-graduação em Educação Profissional e Tecnológica descrevem e analisam, em seus discursos, os impactos da pandemia no seu trabalho pedagógico. Como técnica de produção de dados, aplicou-se questionário on-line, tendo por fundamento a Análise dos Movimentos de Sentidos. O texto abrange a) considerações iniciais e teóricas sobre a pós-graduação e, nela, o trabalho pedagógico; b) aspectos teóricos e metodológicos; c) análise dos dados da pesquisa e; d) sínteses conclusivas. A partir da noção de “fronteiras de convivência”, sistematizou-se sentidos relativos à reorganização no planejamento e metodologias, desafios, intensificação e precarização, cumprimento de atividades cotidianas e dificuldades da produção do conhecimento. Constatou-se que, em virtude de a pandemia ter sido arrebatadora mundialmente, não deu tempo para os professores conflagrarem interinamente as relações fronteiriças possíveis no binômio trabalho e educação. Talvez e, por este motivo, os sujeitos da pesquisa não viveram na plenitude o seu tempo, tampouco tendo espaço e tempo para compreender também as interfaces entre as atividades e a convivência na produção do conhecimento.

Atividade de ensino de levantamento topográfico: uma pesquisa intervenção durante o ensino remoto

Augusto Barbosa Silva — 2024-10-14

O presente artigo traz resultados de uma investigação motivada pelas necessidades enfrentadas no exercício da docência, tendo como objetivo organizar uma proposta didática para o ensino do conteúdo de levantamento topográfico planimétrico, analisando seus efeitos na aprendizagem e no desenvolvimento dos estudantes. Trata-se de uma pesquisa-intervenção fundamentada nos pressupostos teóricos da Teoria Histórico-Cultural, desenvolvida com uma turma do curso técnico em edificações integrado ao ensino médio, na disciplina de Topografia. A proposta didática foi desenvolvida a partir do levantamento de conhecimentos prévios dos estudantes, necessários à aprendizagem do conteúdo. Apoiado nele, foram planejadas e desenvolvidas, remotamente, tarefas teórico-práticas voltadas à aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes, produzindo dados por meio de gravações, registros ampliados das aulas, grupos de discussão e análise escrita da experiência vivenciada. Os dados foram analisados qualitativamente, considerando-se o planejamento da atividade de ensino, a intervenção realizada e os indicadores de aprendizagem. Os resultados evidenciam a relevância do planejamento que considera os conhecimentos prévios, a proposição de tarefas desafiadoras, organização do ensino baseado nas características do conteúdo ministrado e nas necessidades dos estudantes, bem como na garantia da interação contínua entre docente e discentes ao longo do processo. Com base na identificação dos elementos que tornaram a proposta educativa bem-sucedida, foram identificados indicadores de aprendizagem, cujas contribuições podem beneficiar professores e estudantes dessa e de outras disciplinas. Conclui-se que a formação docente, sustentada em sólidos referenciais teóricos sobre o ensino, aprendizagem e organização didática, são imprescindíveis a uma prática pedagógica exitosa.

A escola pública moçambicana e as ações do governo frente à pandemia da COVID-19

Leonel Elias Bene — 2024-10-14

A COVID-19 é uma doença transmitida através de gotículas de saliva de uma pessoa contaminada com o SARSCoV-2 quando ela tosse, espira ou fala causando infecção respiratória semelhante à de uma gripe comum podendo progredir de doença respiratória leve a mais grave como a pneumonia sendo capaz de levar a óbito. Este estudo visa dissertar sobre as ações que foram tomadas pelo governo de Moçambique para o setor da educação face a pandemia da COVID-19 na perspectiva de conter os riscos de contaminação e disseminação do coronavírus SARSCoV-2 (COVID-19). A pesquisa é de caráter descritivo, tipo qualitativo com enfoque bibliográfico e documental. As medidas tomadas de reinício das aulas tiveram estabilidade no ano de 2020 período da declaração da pandemia pela OMS, mas em 2021 a situação não foi igual tendo se registado interrupções no seu decurso em decorrência do aumento do número de casos. Os resultados da pesquisa sugerem que apesar das dificuldades caracterizadas pela precariedade da maioria das escolas as ações que foram tomadas podem ter contribuído para a mitigação dos impactos da pandemia não só ao nível do setor educacional por conta de eventuais incrementos em número de casos e perdas de vida, mas pelas interações sociais que caracterizam os diferentes espaços físicos que compõe o contexto educacional.

A constituição da escola no sudoeste paranaense: conflitos agrários e companhias colonizadoras na fronteira (1940-1980)

Ronaldo Aurélio Gimenes Garcia — 2024-10-14

A história da educação da região sudoeste do Paraná e suas características singulares, instiga a pesquisar sobre a constituição dessa que foi uma das últimas áreas do estado a ser explorada. O presente artigo tem por objetivo investigar a história das escolas do campo e urbanas. A metodologia aqui empregada é de caráter qualitativo e envolve o emprego de análise documental. A pesquisa teve como fontes os relatórios produzidos por autoridades locais, as publicações de autores da região, memorialistas e alguns artigos produzidos por expedições de pesquisadores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) que, nas décadas de 1950 a 1970, enviou para o sudoeste e outras regiões do país, grupos de agentes para levantar dados e produzir relatórios. A pesquisa identificou os desafios presentes nas escolas no campo, as dificuldades de formação, a forte presença de professores leigos, a influência da igreja na constituição das instituições escolares e o importante papel dos docentes nas comunidades isoladas do interior dos municípios. A criação e instalação de escolas era parte dos projetos das companhias colonizadores para ocupar a região e garantir a exploração dos recursos naturais, especialmente a madeira, em um momento de expansão da indústria de capital estrangeiro no Brasil. Ocupar o interior do país, especialmente as regiões de fronteira, era essencial para ampliar a oferta de recursos naturais, garantir a posse das áreas e ampliar o mercado consumidor ainda que precariamente.

Formação para a docência na Pós-Graduação brasileira: construtos didáticos e curriculares

Noeli Prestes Padilha Rivas — 2024-10-14

Este texto decorre de pesquisa realizada no âmbito de Grupos de Estudos e Pesquisas em uma universidade pública paulista, com a participação de docentes universitários, estudantes de graduação e pós-graduação e professores da Educação Básica da rede pública. Tem por objetivo investigar a formação pedagógica de professores para o Ensino Superior no contexto da Etapa de Preparação Pedagógica do Programa de Aperfeiçoamento do Ensino (PAE), perspectivados pela didática, currículo e docência. O corpus é constituído por 41 disciplinas da Etapa de Preparação Pedagógica do PAE, disponibilizadas no site da Pró-Reitoria de Pós-Graduação, da universidade pública estudada. São evidenciados e problematizados nesta pesquisa os construtos pedagógicos necessários à área da docência universitária tendo em vista a formação didático-pedagógica de pós-graduandos. A análise dos planos de ensino das disciplinas do PAE aponta que a maioria apresenta o predomínio da didática instrumental, aprisionada a aspectos prescritivos e pragmáticos e entendimento insuficiente de metodologia de ensino que dificultam a compreensão do desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. No entanto, o estudo revela também a potencialidade dos cursos de pós-graduação pensarem a docência no ensino superior para além das prescrições metodológicas, ou seja, incorporarem nos processos de ensinar e aprender a lógica dos saberes (dimensão epistemológica), a lógica dos modos de aprender (dimensão psicopedagógica), os contextos socioculturais e institucionais que fazem a mediação com o ensino enquanto prática social. Espera-se que essas considerações tragam contribuições para os coordenadores e professores do Programa PAE no sentido da formação para a docência dos pós-graduandos, futuros professores universitários.

Avaliação do PNAES sobre a permanência de estudantes beneficiados em um campus universitário público federal

Marco Antonio Moreira de Oliveira — 2024-10-14

O Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) destina-se a ampliar as condições de permanência dos jovens, identificados como socioeconomicamente vulneráveis, nas universidades públicas federais. Frente a necessidade de avaliação se essa política pública tem atingido a finalidade que se propõe, o presente estudo buscou examinar, em um recorte temporal de 5 anos, sua possível contribuição sobre a evasão escolar e o desempenho acadêmico dos estudantes da Universidade Federal de Viçosa - Campus Rio Paranaíba que foram beneficiados. Para tanto, foi realizada uma pesquisa descritiva-exploratória, caracterizada como de abordagem quantitativa. Os resultados mostram que o programa tem sido relevante na permanência dos estudantes assistidos, influenciando e diminuindo as desistências, bem como no propósito de fornecer recursos capazes de superar os entraves relacionados ao bom desempenho acadêmico, o que coaduna em contribuições bem-sucedidas aos discentes, a instituição e consequentemente ao Governo Federal.

A formação didático-pedagógica dos professores de licenciatura

Emanuelle Oliveira da Fonseca Matos — 2024-10-14

A formação didático-pedagógica dos docentes nos cursos de licenciatura é algo que vem sendo questionado. A formação docente deve ser tratada como algo dinâmico e contínuo em que a qualificação desse profissional é essencial para uma educação transformadora. Diante disso, a pesquisa tem como objetivos compreender os limites e possibilidades da formação didático-pedagógica de professores dos cursos de licenciatura; caracterizar o embasamento teórico e prático que norteia a ação pedagógica de professores universitários nos cursos de licenciatura, bem como sua relação com os fundamentos que delineiam uma formação na perspectiva da práxis. o estudo em questão classifica-se, quanto aos objetivos, como pesquisa bibliográfica. A abordagem da pesquisa se caracteriza como qualitativa. Para tanto, foi realizado um levantamento bibliográfico que teve como propósito compreender como acontecem as práticas pedagógicas dos professores, estabelecendo uma relação entre sua formação docente e a práxis. Quanto aos instrumentos de coleta e análise de dados, foi realizada uma análise documental com base nas Diretrizes Nacionais Curriculares que orientam os cursos de licenciatura. Os resultados apontam que é preciso que os docentes sejam dotados de conhecimentos múltiplos. Para tanto, os cursos de licenciatura devem conter disciplinas de práticas de ensino que permitam com que o docente estabeleça uma relação entre a didática específica de seu curso com as disciplinas teóricas que compõem a matriz curricular do mesmo. Dessa forma, haverá uma ruptura com a concepção pragmática de ensino, propiciando ao aluno universitário progressiva autonomia na aquisição de conhecimentos através da práxis.

Discursividade das memórias na produção de políticas-práticas curriculares frente ao discurso de obsolescência da escola

Ana Priscila de Lima Araújo Azevedo — 2024-10-14

O presente artigo se insere no campo do currículo e tem como objetivo discutir questões referentes à construção de teorias em torno do campo do curricular. Assim, questionamos inicialmente a possibilidade de haver uma única teoria curricular; posteriormente fazemos uma reflexão sobre o discurso de obsolescência da escola que tem permeado os diálogos sobre educação nos últimos anos e como isto tem reverberado sobre o campo de produção de políticas curriculares, e em seguida traçamos uma discussão sobre as relações entre essas políticas e as práticas curriculares desenvolvidas por professores em suas salas de aula, compreendendo-os como produtores de currículo e não meramente executores e assim traçamos uma relação entre esta produção curricular em movimento com a construção e emergência de memórias como movimentos discursivos desses professores Dialogando com referenciais de enfoques pós-estruturais, buscamos problematizar se há possibilidade ou não de falarmos em “uma teoria” curricular, evidenciando ainda como esses elementos se relacionam na construção de políticas curriculares que perseguem qualidade da educação. Assim, trazemos como conclusões, ainda que provisórias e abertas a outras possíveis leituras, que o pensar-praticar-pensar do professor, pode se apresentar como uma constante construção discursiva que não somente reconfigura as políticas-práticas curriculares, mas que o faz produtor de currículos.

Narrativas críticas de uma professora: entre as memórias e os saberes docentes

Alessandra Arantes — 2024-10-14

O presente trabalho foi desenvolvido por meio de narrativas das experiências que formaram uma professora-pesquisadora-participante, em um processo de transformação profissional. São narrativas construídas a partir de memórias e dos teóricos com os quais dialogamos, buscando a produção de sentidos como estratégia de transformação. A fundamentação teórico-metodológica baseia-se na pesquisa narrativa dos/as autores/as canadenses Clandinin e Clonnelly (2015). Uma vez que transformações históricas não ocorrem espontaneamente, mas são concretas e produzidas por homens e mulheres, recorremos a uma compreensão que permite ao/à pesquisador/a posicionar-se a respeito de sua visão de mundo e de suas utopias. A pesquisa narrativa aborda o pensar e o aprender através de contar e recontar histórias visando a possiblidade de transformar essa experiência. As caixas de memórias, com as narrativas criativas, foram construídas com personagens reais que fizeram parte da constituição da professora-pesquisadora-participante. Por fim, construímos uma reflexão por meio das memórias e dos saberes que constituem a profissão docente.

Adaptação e validade de conteúdo de instrumento para identificação de precocidade e indicadores de altas habilidades/superdotação na Educação Infantil

Mariana Patricia Soares de Oliveira — 2024-10-14

A criança precoce manifesta capacidades e conhecimentos avançados para a sua idade, sem ter recebido instrução formal que a justifique. Quanto mais previamente se identifica a precocidade, maiores são suas chances de otimização e atenção às necessidades oriundas do desenvolvimento acelerado. A precocidade pode ser indicadora de altas habilidades/superdotação (AH/SD) e há escassez de instrumentos validados para sua identificação. O presente estudo teve como finalidade, adaptar um instrumento de identificação de precocidade e indicadores de AH/SD para uso na Educação Infantil e analisar sua validade de conteúdo. Foi feita a análise do Checklist de Identificação de Precocidade e Indicadores de Altas habilidades/Superdotação por um Comitê de Especialistas, que avaliou as características que podem ser verificadas no contexto pré-escolar. Os itens foram submetidos ao cálculo do Índice de Validade de Conteúdo (IVC) e aqueles que não atingiram a concordância mínima de 70% entre os avaliadores foram excluídos. Em adição, a análise qualitativa dos itens resultou em uma configuração de 63 itens que receberam marcadores de frequência em escala do tipo Likert de três pontos, sendo o instrumento denominado por Escala de Identificação de Precocidade e Indicadores de Altas habilidades/Superdotação, versão Educação Infantil (EIPIAHS-EI).

Pesquisar a própria prática: aprendizagem docente explorando a simetria para articular álgebra e geometria

Marcel Messias Gonçalves — 2024-10-14

Neste artigo discute-se as possibilidades de aproximação da pesquisa acadêmica e as práticas da sala de aula ao apresentar resultados de uma pesquisa da própria prática do primeiro autor, oportunizando-se, assim, a perspectiva do pesquisador para as aprendizagens docente e a perspectiva do professor para a pesquisa e a prática em sala de aula. Assumiu-se uma abordagem de ensino exploratório na qual foram elaboradas tarefas matemáticas que tematizam o conceito de simetria como articulador da álgebra e geometria, a fim de oportunizar discussões matemáticas em uma turma de 9º ano do ensino fundamental na qual o primeiro autor lecionou no ano de 2019. Explorando-se o raciocínio pedagógico evidenciado nas ações e intenções do professor, as análises dos dados permitiram identificar aprendizagens da prática oportunizadas pela experiência de se pesquisar a própria prática num contexto de ensino exploratório que por sua vez convergiram para a melhoria da prática docente. Os resultados alcançados desvelam as potencialidades de se pesquisar a própria prática para a continuidade da formação docente por meio das aprendizagens identificadas em relação ao professor e o conteúdo, o professor e os alunos e o professor e o ensino, além de apontar contribuições para o campo da educação matemática quanto a aproximações da pesquisa acadêmica e os desafios da sala de aula.

Situações-limites e inéditos viáveis em contexto de privação de liberdade: o estado da questão

José Jackson Reis dos Santos — 2024-10-14

O artigo inscreve-se no campo da Educação de Pessoas Jovens, Adultas e Idosas (EPJAI) em situação de privação de liberdade e busca responder à seguinte questão de pesquisa: Quais situações-limites e inéditos viáveis encontram-se presentes em produções científicas da EPJAI em contexto de privação de liberdade? Objetiva-se analisar situações-limites e inéditos viáveis em produções científicas da área em questão. Tendo como referência produções científicas publicadas na Revista Eletrônica de Educação, da Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, com recorte temporal de 2011 a 2021, realizou-se um Estado da Questão, articulado à proposta da Técnica de Análise de Conteúdo. A análise dos dados foi realizada por meio de categorias presentes na obra de Paulo Freire, especialmente situações-limites e inéditos viáveis. Direitos Humanos, políticas públicas educacionais, formação de professores/as e práticas pedagógicas estão entre as temáticas mais abordadas nos estudos. Elenice Maria Cammarosano Onofre, Paulo Freire e Michel Foucault foram autores/as mais citados/as nos artigos analisados. A precariedade da infraestrutura física, a incipiente formação inicial e continuada dos/as profissionais, a elementar efetivação de direitos são situações-limites da educação em espaços de privação de liberdade. Os trabalhos indicaram, ainda, a necessidade de currículos específicos, construídos com base no cotidiano das práticas docentes vividas em espaços de privação de liberdade.

Imaginação e criação em Vigotski: (re)significação da produção literária na alfabetização de crianças

Thais Rodrigues Carlos — 2024-10-14

Enfocam-se neste artigo as relações entre imaginação e criação na infância e as possibilidades de produção literária em sala de aula. Para isso, realizou-se um estudo sobre a obra Imaginação e criação na infância, de Lev S. Vigotski, ancorado na perspectiva da psicologia Histórico-Cultural de Vigotski (2009a, 2007b, 2008c) e uma revisão bibliográfica de obras e artigos científicos que tratem de temáticas correlatas. Apresentam-se autores como Smolka (2012), Pino (2005a, 2006b), Guimarães (2017), Silva (2006) e Cruz (2011) e problematizam-se algumas questões: quais as relações entre imaginação e criação na infância, qual o conceito vigotskiano de imaginação, como a linguagem contribui para esse processo e quais são os principais conceitos apresentados pelo autor. Constatou-se a estreita relação entre os processos de imaginação e criação para a infância e a necessidade das escolas propiciarem espaços e tempos adequados em seus currículos para que as crianças possam vivenciar esse processo de produção literária, desde a educação infantil e ciclo de alfabetização. Também compreendemos a importância da realização de mais estudos sobre essa temática que identifiquem quais e como as práticas pedagógicas contribuem para o desenvolvimento das funções superiores na infância, assim, a pesquisa de campo apresenta-se como uma futura proposta de estudo em relação ao tema desse artigo.

Coleção Ápis de Língua Portuguesa: texto e gêneros textuais em contextos de alfabetização

Sandra Regina Franciscatto Bertoldo — 2024-10-14

Este artigo pretende tecer reflexões quanto ao trabalho com textos e gêneros textuais nos livros didáticos (LD) dos anos iniciais do Ensino Fundamental, a partir da análise da coleção de livros Ápis – Língua Portuguesa, da Editora Ática, aprovada pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), para o período letivo de 2019-2022. Essa coleção, amplamente utilizada nas escolas públicas de Rondonópolis/MT, dividiu espaço, em 2022, com o material estruturado oferecido pela Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso, contudo, seguiu sendo material de apoio didático às aulas de alfabetização e, por isso, demanda um olhar para sua configuração no que se refere à oferta de textos e a variedade de gêneros textuais, considerando que defendemos, numa perspectiva interacionista e dialógica de ensino, que o texto deve estar na unidade central de ensino da língua, no que tange a leitura e a escrita. Para essa discussão e constituição teórica, nos respaldamos em estudiosos da área, a exemplo de Bakhtin, Marcuschi, Soares e outros. As concepções metodológicas da pesquisa qualitativa, bibliográfica e documental dão respaldo às descrições e análises, pois compreendemos que o livro didático – objeto dessa investigação – é suporte para os gêneros textuais que se pretende conhecer e descrever nesse artigo.

Escola de Educadores: reflexão sobre a prática na formação continuada de professores

Dijnane Vedovatto — 2024-10-17

O presente artigo busca investigar os processos de desenvolvimento profissional de professores e professoras da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, tendo a reflexão e a análise de práticas docentes como elementos estruturantes da formação continuada. A investigação é de natureza qualitativa, do tipo estudo de caso intrínseco. O caso escolhido foi um curso oferecido pelo Projeto de Extensão “Escola de Educadores”, na Unesp, campus Rio Claro. O curso é voltado à formação continuada de professores e gestores de escolas públicas e privadas da região de Rio Claro/SP. Os dados foram produzidos por meio das técnicas da observação dos encontros do curso, análise dos documentos relativos ao curso, questionário e entrevista semiestruturada com sete professoras de escolas municipais. Verificou-se que o curso proporcionou às participantes protagonismo em sua formação. As professoras tiveram uma postura investigativa por meio do desenvolvimento de projetos, associação teoria e prática e o uso de ferramentas digitais. As participantes destacaram elementos importantes sobre o desenvolvimento profissional, a reflexão sobre a prática e as contribuições das reflexões coletivas para seu próprio desenvolvimento. A experiência em questão, baseada na perspectiva da análise de práticas docentes, oferece possibilidades para pensar a formação de professores em exercício, promovendo o papel de protagonista ao professor, que se torna responsável pelo que constrói junto aos seus pares.

Interfaces entre Educação e Covid-19: o estado da arte da produção científica

Vanusa Nascimento Sabino Neves — 2024-10-24

O artigo trata da Educação no contexto da pandemia causada pela Covid-19, que acarretou o isolamento social e a suspensão das aulas presenciais. Objetivou analisar o conhecimento científico produzido a respeito da pandemia de Covid-19 na interface com a educação formal, no primeiro semestre da pandemia. Para isso, realizou-se um estudo do tipo bibliográfico, amparado metodologicamente no Estado da Arte, que consultou a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, o Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e a Scientific Electronic Library Online com a utilização dos descritores “Educação” e “Covid-19”. Os resultados identificaram apenas seis produtos – três editoriais e três artigos –, o que demonstra que, no campo da educação formal, pouco havia se publicado sobre a temática. Ainda que escassa a produção existente em termos quantitativos nos primeiros seis meses de pandemia, a pesquisa possibilitou reflexões acerca do novo panorama educacional estabelecido desde a imposição do distanciamento social, que transitava por tensões que permeavam o ensino remoto; a programação de retorno às aulas presenciais; e as aulas práticas em Saúde. Concluiu-se que há urgência na produção de conhecimento que possibilite aprofundar cientificamente as discussões acerca das nuances da pandemia no contexto educacional, especialmente no tocante ao questionável emprego do ensino remoto.

Saberes sobre altas habilidades/superdotação na formação inicial de professores de música

Alexandre Trindade de Almeida — 2024-10-24

O presente artigo tem como temática a formação inicial de educadores musicais para a atuação com alunos com altas habilidades/superdotação (AH/SD). Essa pesquisa teve por objetivo geral: investigar e analisar os conteúdos e conhecimentos relacionados às AH/SD no currículo ofertado na formação inicial dos professores de música. Os objetivos específicos foram: a) verificar e analisar as matrizes curriculares, os projetos pedagógicos e os conteúdos relacionados às AH/SD em cursos de Licenciatura Plena em Música (LPM); b) identificar e analisar a interação dos licenciandos em música com a temática AH/SD nas disciplinas de seus cursos, em experiências profissionais e de estágio supervisionado e em participações em grupos de pesquisa e/ou cursos de extensão; e c) identificar aspectos da educação musical que contribuam para o desenvolvimento de habilidades na área da música e em demais áreas. Trata-se de um estudo de casos múltiplos, de níveis exploratório e descritivo, contemplando pesquisas documentais e levantamentos de campo realizados em três instituições de ensino superior que ofertavam cursos de Licenciatura Plena em Música (LPM) no estado de São Paulo. Foi verificada a hipótese de uma possível lacuna na formação dos licenciandos e buscou-se oferecer subsídios para discussão, reflexão, adequação e aprimoramento de propostas pedagógicas em diferentes dimensões. Os resultados indicaram: baixo conhecimento dos discentes dos cursos investigados sobre o tema de AH/SD; arranjos curriculares com conteúdos de Educação Especial apresentados de forma rasa em documentos curriculares; desafios e propostas para a contemplação desses conteúdos nessas licenciaturas.

A pré-escola na EMEI e EMEF: desafios da construção de práticas pedagógicas para a infância

Elisangela Paines Caffarate — 2024-10-24

Este artigo tem como objetivo refletir sobre o direito a educação e o direito a brincadeira como fundamentais às crianças. A pesquisa foi realizada em duas escolas públicas de um município da região central do Rio Grande do Sul, onde ocorreram encontros formativos com as professoras das turmas de educação que atendem crianças de 4 a 6 anos de idade, possibilitando uma reflexão referente às práticas docentes no âmbito dos diferentes contextos da Educação Infantil. Neste artigo, são abordados dois aspectos que foram importantes e discutidos em encontros formativos com professoras da Educação Infantil de dois contextos: o direito a educação e a legislação que o referenda e o direito ao brincar como possibilidade de construir significados sobre o mundo. Sabe-se que a Educação Infantil tem como finalidade o desenvolvimento das crianças até cinco anos e onze meses de idade e é nessa fase que as crianças descobrem novos valores, sentimentos, costumes, ocorrendo também o desenvolvimento da autonomia, da identidade e a interação com outras pessoas. O outro aspecto mais discutido foi o brincar, pois o mesmo auxilia na aprendizagem fazendo com que as crianças criem conceitos, ideias, em que se possam construir, explorar e reinventar os saberes. Refletem sobre sua realidade e a cultura em que vivem.

A facultatividade da prática da educação física escolar e o ensino médio noturno

Francisco Jardel Paim de Freitas — 2024-10-24

Este estudo tem o objetivo de discutir as questões legislativas e curriculares que situam a Educação Física como facultativa para a ampla maioria dos estudantes do Ensino Médio noturno, destacando os efeitos nesse contexto. Para tanto, foram analisados os discursos presentes na Lei de Diretrizes e Base – LDB (Brasil, 1996), na Base Nacional Comum Curricular – BNCC (Brasil, 2018) e no Referencial Curricular Gaúcho – RCG (2020) quanto aos aspectos a serem considerados nas aulas de Educação Física. Em paralelo, foram realizadas entrevistas com professores de Educação Física que atuam no Ensino Médio noturno em escolas da rede pública do Estado do Rio Grande do Sul - RS. As ferramentas analíticas estão apoiadas nos Estudos Culturais. Indica-se que há diferentes discursos entre os documentos. Fica evidenciado que os docentes consideram a cultura da escola noturna e as identidades em circulação nesse âmbito ao darem contornos a uma docência que busca a garantia do acesso dos estudantes às aulas de Educação Física, ainda que a ampla maioria possa solicitar dispensa. Esse movimento dos docentes pode ser situado como uma ação de contraconduta.

Ressocialização e remição da pena: o direito à educação no Sistema Penitenciário de Porto Velho

Aparecida Luzia Alzira Zuin — 2024-10-24

Este trabalho aborda o direito do acesso à educação aos presos condenados dos regimes fechado, semiaberto e aberto, das 13 unidades prisionais do Sistema Penitenciário de Porto Velho, capital do estado de Rondônia. Aponta o ato da leitura no cárcere como condição para a ressocialização e remição da pena. Tem como justificativa que o acesso à leitura, na prisão, leva o apenado a compreender a liberdade como uma categoria da educação; para, enfim, analisar a liberdade pela perspectiva da pedagogia freiriana. A educação é, aqui, considerada como um direito multilateral que possibilita àqueles privados de liberdade desenvolverem o senso crítico, adquirirem a dignidade da pessoa humana e conscientização para participar da vida social de modo livre, com tolerância e respeito à vida e às regras sociais. Também analisa criticamente a edição da Resolução nº 9/2011 pela Resolução nº 6/2017, que trata das Diretrizes da Arquitetura Penal, retirando a exigência do módulo educativo nas construções dos presídios, para que se aumente o número de celas nos estabelecimentos penitenciários com o argumento da carência de vagas e a viabilização de novas vagas. A abordagem metodológica é qualitativa e quantitativa, de procedimento bibliográfico e documental, conferindo como está o acesso à leitura nas unidades analisadas por meio do Projeto Remição pela Leitura (PRL), atualmente em vigor; e de que forma se aplica a política de incentivo às práticas educativas, com orientação profissional, construção de salas de aula, ocupação dos espaços físicos nos presídios de Porto Velho. Dos resultados, concluiu-se que o PRL ainda não atendeu plenamente aos seus objetivos, prejudicando, consequentemente, o direito à leitura para remição da pena.

Creche no Brasil: um estudo multidimensional dos grupos de pesquisa do CNPq

Ana Keli Moletta — 2024-10-24

Este estudo analisa os grupos de pesquisa dedicados à temática creche registrados no Diretório dos Grupos de Pesquisa (DGP) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A pesquisa, de cunho documental e bibliográfico, teve como recorte temporal o período de 1988 a 2021, direcionando a consulta à documentação dos respectivos grupos. Combinando a abordagem prosopográfica e a Análise de Correspondência Múltipla (ACM), o objetivo foi identificar, relacionar e interpretar as dinâmicas desses grupos de pesquisa. Embora os grupos afirmem conduzir pesquisas sobre creche, os resultados apontam uma significativa escassez de publicações científicas e orientações de pós-graduação efetivamente focadas nesta temática. Este contraste entre o interesse declarado e a efetiva produção científica expõe um desequilíbrio preocupante no campo da educação infantil no Brasil.

Práticas educativas de direito a participação: Bebês sim, passivos não!

Erone Hemann Lanes — 2024-10-24

Práticas educativas que assegurem a participação infantil como um direito da criança é um desafio complexo aos/as professores/as que atuam na Educação Infantil, sobretudo no grupo dos bebês. Este estudo de cunho bibliográfico se propõe a contribuir com as discussões da área, buscando indícios acerca das nuances que emergem das práticas educativas realizadas com os bebês no contexto de atendimento formal e coletivo das instituições para, diante destas, refletir sobre os limites e possibilidades de práticas voltadas a assegurar a participação como um direito. O conceito de currículo orientador das práticas, os contextos de vida das crianças fora da instituição educativa, a articulação entre as ações de educar e cuidar e a complexa sutileza necessária ao trabalho docente realizado com os bebês compõem o conjunto de nuances discutidas para buscar indícios de como as práticas educativas podem se efetivar a luz do direito a participação infantil. Como conclusões finais destaca-se que, diante das especificidades e sutilezas que permeiam a educação dos bebês, é preciso que a todo momento os adultos envolvidos no processo se questionem sobre como exercem suas práticas, sobre quais concepções orientam seus fazeres, sobre como planejam e possibilitam a participação dos bebês no dia a dia, de modo que se construa uma prática educativa forjada com eles e não somente para eles.

Autoeficácia docente e condições de acesso a recursos no contexto do Ensino Remoto Emergencial no Ensino Fundamental

Dayane Pelacine Marques Faiam — 2024-10-24

O presente estudo teve como objetivo examinar o perfil dos professores de Ensino Fundamental quanto à Autoeficácia Docente, definida como as crenças que os professores possuem em suas capacidades para nortear os processos de ensino e de aprendizagem dos alunos, e ao acesso aos recursos digitais no contexto do ERE. O estudo caracteriza-se como uma pesquisa exploratória e descritiva. Um total de 88 professores do Ensino Fundamental participaram da pesquisa, sendo oito do gênero masculino e 80 do feminino e a faixa etária variou de 20 a 59 anos. A coleta de dados foi realizada online, por meio do Google Forms, aplicou-se a Escala de Avaliação de autoeficácia docente para o ensino remoto, composta por 28 itens subdivididos em: Fator 1) Autoeficácia para o Ensino Remoto em Tempos de Pandemia (18 itens) e Fator 2) Acesso a Recursos para o Ensino Remoto em Tempos de Pandemia (10 itens). Os resultados evidenciaram diferenças significativas entre os gêneros feminino e masculino, e apontaram que os participantes do gênero masculino apresentam maior acesso aos recursos digitais, não houve diferenças significativas entre os fatores da escala em função da faixa etária. Reflexões contínuas sobre o uso dos artefatos digitais no contexto escolar são necessárias, em especial sobre a necessidade de formação docente como elemento fundamental a uma prática pedagógica que conduza a uma avaliação docente positiva sobre sua capacidade para organizar e realizar as atividades exigidas e necessárias para atingir os resultados educacionais e de disponibilização de recursos por parte das instituições de ensino.

Compreensão de docentes do ensino fundamental sobre sustentabilidade socioecológica rumo à aprendizagem baseada em problemas

Alline Silva do Vale Guedes — 2024-10-25

Devido a atual situação de emergência planetária, a educação para a sustentabilidade socioecológica necessita estar presente nos currículos e práticas docentes do ensino fundamental. A utilização de metodologias ativas como a aprendizagem baseada em problemas pode se mostrar como uma alternativa na construção do pensamento crítico dos indivíduos rumo a uma sociedade mais sustentável. Objetiva-se investigar neste estudo a percepção de docentes do ensino fundamental da Escola Estadual Clara Camarão sobre domínio e abordagem da sustentabilidade socioecológica rumo a uma aprendizagem baseada em problemas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, em que foi usada a coleta de dados com 16 docentes por meio de um questionário on-line via Google Forms, focando-se na compreensão mais abrangente de seus pensamentos sobre sustentabilidade na prática educativa. A análise de dados, embasada no suporte teórico, foi realizada por meio da técnica de análise de conteúdo de Bardin. Os resultados mostraram que os docentes têm contemplado muito pouco a discussão da sustentabilidade socioecológica a partir da aprendizagem baseada em problemas, demonstrando certa fragilidade da formação inicial e/ou continuada dos docentes sobre a abordagem da sustentabilidade socioecológica. Conclui-se que embora as formações dos docentes sobre a temática tenham se mostrado insuficientes, constatou-se que os docentes estão dispostos a dinamizar a aprendizagem sobre sustentabilidade socioecológica na escola por meio da aprendizagem baseada em problemas.

Conversas em família sobre dinossauros em uma exposição no Museu Nacional de História Natural e Ciência, em Portugal

Luisa Massarani — 2024-10-25

Dinossauros são um símbolo clássico dos museus de ciências e história natural que despertam fascínio em adultos e crianças. Nosso objetivo deste estudo quanti-qualitativo foi identificar os tipos de conversas e interações presentes em visita familiar a uma exposição sobre dinossauros. Participaram do estudo um total de cinco grupos familiares (n = 17) que visitaram o Museu Nacional de História Natural e Ciência (MUHNAC), em Lisboa (Portugal). As famílias tiveram suas visitas gravadas por meio de uma câmera subjetiva e o material audiovisual foi analisado na perspectiva da criança visando entender como elas influenciam e dão sentido às experiências da família. Os resultados fornecem evidências de que as interações e conversas ocorreram com a participação ativa das crianças na experiência das famílias, geralmente iniciando conversas, direcionando a atenção do grupo e fazendo perguntas. As crianças demonstraram ainda ter conhecimentos que os adultos não tinham ao reconhecer e nomear espécies e trazer informações adicionais sobre hábitos e comportamentos dos dinossauros. Dessa forma, consideramos que a exposição “Entre dinossauros” apoiou o envolvimento das famílias, criando oportunidades de conversas sobre ciência e conexões com experiências prévias que deram sentido à experiência em família.

Metodologias ativas na educação profissional: uma revisão integrativa de literatura

Eduani de Cássia Souza Teodoro — 2024-10-25

Existe o discurso de que é necessário adaptar as concepções e as técnicas de ensino às especificidades do estudante do século XXI. De fato, as metodologias tradicionais vêm sendo atacadas, desde muito tempo, por movimentos que articulam novas compreensões e propostas de ensino-aprendizagem. Nesse embate, as metodologias ativas ganham espaço nos ambientes escolares. São aclamadas por romperem com o modelo tradicional, uma vez que têm como base uma pedagogia prática e problematizadora. Estimular o educando a assumir uma postura ativa, que corrobora com a autonomia e com a aprendizagem significativa são os seus maiores triunfos. Entretanto, no contexto da educação profissional, faz-se necessário observar os propósitos que norteiam tal opção metodológica e os seus desdobramentos. Nesse sentido, este trabalho tem o propósito de analisar o uso de metodologias ativas de ensino-aprendizagem na educação profissional a partir de uma revisão integrativa de literatura. Constatou-se que há uma variedade interessante de estratégias de operacionalização das metodologias ativas nesse contexto, grande parte ocupada com a problematização dos saberes, que soluções ético-políticas são necessárias para a capacitação docente, que é fundamental clareza epistemológica para a organização do trabalho pedagógico, de modo a possibilitar um alinhamento com o modelo de sociedade e de cidadão que se almeja estabelecer e que há, nas produções observadas, o gérmen de uma pedagogia transformadora.

Análise dos moocs no contexto do ensino superior: um mapeamento sistemático

Cleusa Maria Mancilia — 2024-10-25

Com o aumento da oferta dos chamados cursos online abertos e massivos, conhecidos por seu acrônimo MOOC (Massive Open Online Couses), na qual permitem que as pessoas aprendam conteúdos de maneira mais acessível e livre, esse trabalho tem por objetivo analisar de que forma esses cursos MOOCs estão sendo utilizados no Ensino Superior, direcionando um olhar às possibilidades metodológicas de Ensino, a partir da inserção no ambiente escolar. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório por meio do método de mapeamento sistemática. A análise de dados foi realizada com o apoio do minerador de texto SOBEK. O recorte temporal utilizado nessa pesquisa delimitou-se em 2018 a 2020, tendo como resultado a acentuação sobre a produção científica dos MOOCs, e como principal enfoque o ensino superior. Ainda vale destacar que, apesar da forte tendência ao crescimento de cursos inseridos na modalidade MOOCs, as implementações deles demandam de conhecimentos referentes a princípios, processos e práticas pedagógicas em relação ao ensino e aprendizagem mediado por computador. Assim espera-se que esse estudo auxilie nas discussões da temática e como sugestões para trabalhos futuros, propõe-se o desenvolvimento de uma pesquisa utilizando protótipo MOOC, atrelando teoria e prática em uma área específica utilizando como um recurso tecnológico em sala de aula, sendo ela remota ou presencial.

Formação inicial de pedagogas(os): análise dos projetos pedagógicos de cursos paranaenses sob a perspectiva inclusiva

Lucas Henrique Barbosa Alves — 2024-10-25

A presente pesquisa tem como objetivo investigar, por meio de Projetos Pedagógicos de Cursos (PPC´s), em que medida a temática Inclusão tem sido abordada na formação inicial de pedagogos nas universidades estaduais do Paraná. A coleta dos dados ocorreu por meio de pesquisa documental, com o acesso aos PPC’s dos cursos de Pedagogia, totalizando 16 cursos. Para o tratamento e interpretação dos dados foi utilizada à análise de conteúdo. Como resultados, destacamos as seguintes unidades de análise: a temática inclusão que não se dá de maneira transversalizada, sendo restrita às disciplinas em detrimento de outros aspectos nos PPC’s; ausência de experiência formativa de contato direto com estudantes apoiados pela Educação Especial na formação inicial; e a discussão acerca da metodologia de ensino e aprendizagem desarticulada das características dos estudantes apoiados pela Educação Especial. Concluímos que a formação inicial de boa qualidade é indispensável aos professores que irão atuar nos mais diferentes públicos e que, apesar do desenvolvimento já visível no que diz respeito aos aspectos formativos, ainda são necessários debates, maior transversalidade e conhecimentos acerca das especificidades de cada estudante, indo além dos conhecimentos teóricos relacionados à Educação Especial e Inclusiva.

Categorização do jogo para a pré-escola a partir da concepção da cultura corporal

Rafael Oliveira de Antonio — 2024-10-25

Quando pensamos na escola de educação infantil, o jogo é algo presente, porém nem sempre explorado em suas potencialidades, visando uma formação desenvolvente da criança pequena. Nesse cenário, o jogo acaba representado um momento de recreação e pausa das atividades de sala de aula. Parte dessa problemática, segundo nosso entendimento, está na ausência de uma organização didática do conteúdo jogo para a educação pré-escolar. Por isso, o objetivo desta pesquisa foi propor uma categorização inicial do jogo para a pré-escola a partir da concepção da cultura corporal, auxiliando o professor em sua prática de ensino. À luz do método materialismo histórico-dialético, realizou-se um estudo de natureza teórico-conceitual que buscou fazer uma primeira aproximação da categorização do jogo como conhecimento a ser socializado na pré-escola. Como resultado, a literatura da área mostrou o jogo como um conteúdo pouco explorado na educação infantil e associado, de forma equivocada, a brincadeiras de parque ou recreação, seguindo o propósito de desenvolvimento motor e divertir. Nesse contexto, uma categorização inicial do jogo para a pré-escola foi uma demanda própria do estudo, organizando os jogos em categorias, subcategorias, aspectos essenciais e atividades da cultura corporal vinculadas. Assim, o papel do jogo na ontogênese da criança é gestar a cultura corporal mediante sua prática. Como conclusões do estudo, destacamos que apesar das limitações relacionadas à categorização proposta necessitar ser testada/aperfeiçoada, inclusive em uma pesquisa de campo, elaboramos uma primeira aproximação desse tema, encorajando futuras investigações e o reconhecimento do jogo como um conhecimento escolar na pré-escola.

Educação para o lazer: contribuições para pensar o lazer como princípio educacional

Elisangela Luzia de Andrade — 2024-10-25

Este estudo insere-se na área de estudos que articula educação e lazer e tem como objetivo discutir as relações entre educação e lazer sob o olhar de estudiosos contemporâneos. Ao colocar em discussão conceitos da área de educação e lazer, pretende-se avançar para a conceituação de educação para o lazer, abordando os diversos elementos que constituem essa concepção, discutida por autores de referência da área. Para tanto, o texto foi desenvolvido a partir da revisão da literatura, com a seleção de estudos de autores que colaborassem com a discussão proposta. O percurso estabelecido para o desenvolvimento da discussão foi, em um primeiro momento, a realização da delimitação dos conceitos de educação e lazer, seguido do estudo e apresentação do tema educação para o lazer. Há de se observar que esses termos se relacionam e vão se constituindo ao longo do percurso histórico dos estudos acadêmicos. Colocando em relação os diversos elementos que constituem a concepção de educação para o lazer, que parte do construto dos estudos que articulam educação e lazer, concluiu-se que o lazer, como objeto da educação escolar, ainda não se apresenta assistido por educadores, gestores e políticas educacionais, contudo, ao ser assim considerado, extrapolaria os muros da escola, abarcando a comunidade e contribuindo para a emancipação dos sujeitos. Destarte, o lazer, quando pensado de maneira ampla, crítica e com potencial emancipatório, pode se configurar como princípio e método com objetivos educacionais, melhorando a vida em sociedade, como apregoa a educação para o lazer.

Concepções e práticas de alfabetização e de letramento de professores de Atendimento Educacional Especializado

Wanessa Ferreira Borges — 2024-10-25

Os alunos público-alvo da Educação Especial vêm sendo excluídos dentro da própria escola por não ser assegurada a eles a efetiva participação nas práticas de escolarização, principalmente no que se refere à leitura e à escrita. A fim de compreender essa realidade, este artigo objetivou descrever e analisar as concepções e as práticas de letramento segundo as narrativas de professores de Atendimento Educacional Especializado (AEE). O viés metodológico foi a pesquisa-ação colaborativa. Participaram da pesquisa oito professores de AEE que atuavam em salas de recursos multifuncionais e centros de AEE. A coleta de dados deu-se por meio de entrevistas coletivas semiestruturadas, que foram transcritas e submetidas à análise discursiva. Os resultados demonstraram que há um forte vínculo e preocupação com o domínio do código escrito, com a defasagem escolar, com os métodos de alfabetização e com o tempo destinado ao AEE, considerado insuficiente para o trabalho de complementação e suplementação curricular quando somadas demandas historicamente atribuídas ao AEE, como o trabalho com atividades de vida diária. Ademais, as professoras problematizaram o papel da escola no desenvolvimento dos alunos público-alvo da Educação Especial. A análise dos dados destacou a importância de pesquisas sobre a atuação docente dos professores de Educação Especial e da formação crítico-reflexiva sobre seu trabalho pedagógico.

O que ensinar de química?

Everton Bedin — 2024-10-25

Neste artigo objetiva-se apresentar uma análise quali-quantitativa realizada sobre o questionamento “O que ensinar de química?”. Para tanto, um formulário online com 7 assertivas, construído na plataforma Google Forms com ênfase na escala Likert de 5 pontos, foi respondido por 92 professores de química. A análise quali-quantitativa de cunho interpretativo, descritivo e estatístico, realizada a partir de teóricos da área e do software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), demonstrou que dependendo da faixa etária e do grau de formação dos professores a concordância em relação as assertivas varia significativamente, mesmo estas se caracterizando no grau da incerteza. Todavia, afirma-se que os docentes desenvolvem os objetos de conhecimento da ciência química que se entrelaçam a realidade do sujeito e ao contexto da sala de aula.

Desenvolvimento profissional e práticas pedagógicas com a Matemática: a trajetória de uma professora da infância

Laís Helena Besseler de Oliva — 2024-10-25

O presente artigo trata-se de um recorte de uma pesquisa de mestrado que teve como objeto de estudo o trabalho desenvolvido por professoras de Educação Infantil, no que se refere às práticas com a Educação Matemática para promover o pensamento matemático nas crianças. Configurou-se como problema de pesquisa a seguinte questão: quais experiências com a matemática podemos encontrar na trajetória de professoras de Educação Infantil e, de que maneira tais experiências podem influenciar em seu desenvolvimento profissional e em suas práticas pedagógicas ao promoverem o pensamento matemático nas crianças? Como procedimentos metodológicos utilizamos a produção de narrativas e a realização de entrevistas semiestruturadas. Posteriormente, foi realizada a triangulação das fontes e para a interpretação do material produzido foi utilizada a Análise Textual Discursiva (ATD). No recorte aqui proposto apresentamos alguns episódios da trajetória formativa e profissional de uma das professoras investigadas, a fim de entrelaçá-las à relevância das práticas com a Educação Matemática na infância, bem como à necessidade de investimento nos processos de formação continuada que evidenciem à qualidade do ensino e da aprendizagem e a construção significativa do conhecimento. A partir do estudo, considera-se que a participação dos professores de Educação Infantil em grupos colaborativos contribui com o desenvolvimento profissional e, consequentemente, com a ampliação da qualidade educacional oferecida às crianças.

Desmistificando a dislexia na universidade: questões relacionadas à inclusão e Educação Emocional

Mara Dantas Pereira — 2024-10-25

Apesar do maior acesso ao ensino superior por estudantes com dislexia, sua permanência se dá de modo mais ou menos dificultoso, dependendo do nível de entendimento sobre sua condição e dos recursos inclusivos que são ofertados pela instituição que faz parte. Gerenciar os desafios e exigências pertinentes a universidade pode ser uma tarefa percebida como difícil no processo de adaptação; as atribulações da vida acadêmica podem repercutir negativamente nas emoções dos estudantes com dislexia. Diante disso, objetivou-se desmistificar a dislexia na universidade, bem como discutir teoricamente acerca das questões relacionadas à inclusão e educação emocional. Metodologicamente, trata-se de um ensaio teórico à luz da literatura atualizada e de documentos legais, técnicos e científicos. O texto está organizado em quatro seções: i) breve panorama histórico da dislexia; ii) ingresso do estudante com dislexia na universidade: caminhos e descaminhos rumo à inclusão; iii) educação emocional na universidade: uma aliada para mitigar os efeitos da dislexia; e iv) considerações finais. Neste trabalho observou-se que as instituições de ensino superior devem ser espaços de aprendizagem e desenvolvimento que integrem programas e serviços de inclusão para aos estudantes com dislexia. Entende-se que para garantir a inclusão e a igualdade de oportunidades, é fundamental se adotar diversos modelos de atuação, em função de condições específicas e situações concretas. Também se constatou que a educação emocional é uma importante aliada para mitigar os efeitos negativos da dislexia na universidade.

Programa universitário de promoção de adaptação acadêmica e autoeficácia – PUP3A: estudo de viabilidade

Andressa Pereira de Souza — 2024-10-25

O Programa Universitário de Promoção de Adaptação Acadêmica e Autoeficácia é destinado a estudantes de graduação no primeiro ano no Ensino Superior visando o favorecimento e desenvolvimento de crenças de Autoeficácia e Adaptação ao contexto universitário. O objetivo do presente artigo foi avaliar a viabilidade de uma proposta interventiva para verificação do potencial de replicação para futuros estudos de eficácia e efetividade. Para avaliar a viabilidade do programa foi necessário realizar um recorte da proposta interventiva, ocorreram três encontros com as temáticas sobre perspectivas sobre futuro profissional, desenvolvimento de recursos de aprendizagem e hábitos de estudos e estabelecimento de relações interpessoais. Participaram dos encontros 13 estudantes universitários cursando o primeiro ano da graduação. Foram utilizados instrumentos para avaliar a satisfação, compreensão e generalização de conteúdo para os participantes e monitorização dos encontros pelos coordenadores de grupo. Os resultados permitiram identificar que houve adesão/aceitabilidade, compreensão e generalização de conteúdo dos encontros e a satisfação com programa e coordenadores de grupo pelos participantes. Dentre as adequações necessárias, a duração e quantidade de encontros serão ampliados, incluindo temas como Estados afetivos/emocionais no processo de Adaptação Acadêmica, persuasão verbal e autorregulação. Apresentar a proposta sempre no período inicial dos acadêmicos e vinculá-la a uma atividade que gere certificação para os participantes é fundamental para uma maior adesão e continuidade dos estudos.

Análise sobre os fatores que impactam a qualidade da educação básica dos municípios brasileiros

Sara Ferreira Santos — 2024-10-25

À luz da literatura e da relevância da educação como motor propulsor para o desenvolvimento de uma nação, o presente estudo objetivou analisar fatores que, de forma integrada, exercem influência sobre a qualidade da educação básica, a partir do Ideb, no intuito de oferecer subsídio para acompanhamento e controle com vistas à qualidade do gasto púbico em educação. Nesse interim, buscou-se analisar a associação entre fatores de governança, socioeconômicos e políticas públicas educacionais e o Ideb auferido nos municípios brasileiros, no período de 2017 e 2019. Ademais, com metodologia de natureza quantitativa, explicativa, utilizou-se o modelo estatístico Tobit. Com base na análise dos dados, infere-se que fatores de governança na gestão municipal, políticas públicas educacionais e capacidade econômica da população estão positivamente associadas ao desempenho educacional. No tocante ao nível de pobreza da região a variável mostrou-se inversamente relacionada ao desempenho da educação. A variável orçamento, apontou uma associação negativa em relação ao Ideb, mostrando que municípios que gastaram menos alcançaram melhores resultados educacionais, revelando que o volume de gastos, por si só, não é determinante para aumentar a qualidade da educaçao. Assim, os resultados surgem como intrumento de apoio e contribuição prática, tanto para a literatura, quanto para os gestores públicos, auxiliando-os na tomada de decisão, no tocante à melhoria do gasto público em educação, no Brasil, sugerindo que a melhora dos índices educacionais requer uma análise multifatorial, incluindo renda, capacidade de gestão, polítcas públicas educacionais.

Metodologias‌ ‌ativas‌‌ em tempos de crise: estratégias ‌de‌ ‌conhecimento‌ ‌no‌ ‌processo‌ ‌de‌ ‌ensino‌ ‌e‌ ‌aprendizagem‌‌

William Roslindo Paranhos — 2024-10-25

Com o propósito de obter êxito no processo de ensino-aprendizagem frente aos desafios em tempos de crise em virtude do da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e a doença por ele causada, o Covid-19, em que a sala de aula se torna um lócus de potencial contágio, teve-se de forma emergencial uma transformação na forma de ensinar. Tal fato traz consigo a necessidade de utilizar metodologias ativas e significativas, fundamentadas nos princípios da pedagogia interativa, trazendo à tona o estudante como protagônico, por meio de experiências sentidas e vividas. Com base nessa premissa, a presente pesquisa tem como objetivo analisar o uso de metodologias ativas como estratégias de conhecimento no processo de ensino e aprendizagem em tempos de crise. Para alcançar o objetivo proposto, realizou-se uma pesquisa de natureza exploratória, descritiva, configurando-a como de abordagem qualitativa. Em relação à coleta de dados, adotou-se a pesquisa bibliográfica na obtenção de dados primários e a aplicação de questionário para os dados secundários. Com esse estudo, concluiu-se que foram necessárias e imprescindíveis mudanças na forma de ensino-aprendizagem em tempos de crise, utilizando as ferramentas tecnológicas como suporte, protagonizando o aluno, permitindo formas diferenciadas na busca de conhecimentos, sendo esse, o “novo normal” no âmbito educacional.

As aulas de física como um acontecimento de sentido a partir da filosofia da experiência

Verena Santos Andrade Ferreira — 2024-10-25

Esse texto traz a experiência como um acontecimento de sentido, conforme proposto por Jorge Larrosa, como uma alternativa ao modelo de ensino comumente reproduzido nas instituições de Educação. O pesquisador pensa o ensino a partir da subjetividade, dimensão esta que a razão monolítica e crítica tentou afastar das práticas pedagógicas. Promover uma nova forma de pensar o ensino não é tarefa fácil, mas necessária, como demonstra Edgar Morin, quando fala da urgência da reforma do pensamento e do ensino, através do modo de pensar complexo, que apresenta como alternativa ao modo de pensar simplista produzido pelo cartesianismo. À luz dos fundamentos do Pensamento Complexo, dos princípios da experiência e do papel da linguagem no ensino de Ciências, esse ensaio traz a emergência de uma possibilidade de ensino que subverte os paradigmas tradicionais, ciente das dificuldades de tal desafio, mas igualmente ciente de sua necessidade, como tentativa de construir novos sentidos para o ensino, especialmente nas aulas de Física, em que, embora muitas sejam as possibilidades desse campo do saber, especialmente considerando os avanços das tecnologias nas práticas sociais, segue direcionada aos exames e vestibulares do país, muitas vezes distante de “sentido” para os estudantes.

Estudantes haitianos na escola pública: discursos, políticas e gestos

Daniel dos Santos — 2024-10-25

O objetivo deste texto é descrever e analisar discursos e práticas que permeiam o ingresso e a permanência de migrantes haitianos na comunidade escolar da cidade Nova Odessa (São Paulo, Brasil). Baseados em uma metodologia qualitativa, de base interpretativista, gestores escolares deste contexto participaram de um grupo focal e, neste, construíram narrativas e estabeleceram posicionamentos sobre a inserção de migrantes em uma escola pública de ensino básico. De modo específico, destacamos o uso da predicação social nos dizeres desses participantes, entendendo que a recorrência do adjetivo parece indicar concepções de acolhimento voltadas ao assistencialismo. Dessa maneira, entendemos que as narrativas (re)produzem e (re)atualizam marcadores de diferença entre “nós” e “eles” no contexto analisado, assim como distanciam a escola de uma infraestrutura intercultural possível.

Um encontro de pedagogias contra-hegemônicas na experiência de educação de adultos da UFSCar (1980)

Maria Luiza Ferreira Duques — 2024-10-25

O presente estudo investigou uma proposta de educação de adultos desenvolvida pela UFSCar no período da redemocratização do Brasil e teve como objetivo analisar o desenvolvimento das ações educativas no âmbito das duas teorias educacionais contra-hegemônicas presentes na estruturação do programa de educação de adultos: a Pedagogia Libertadora e a Pedagogia Histórico-Crítica. O estudo busca uma aproximação com o materialismo histórico dialético e se estabelece no plano da memória, tendo os dados levantados através de entrevistas e análises de documentos. A experiência de educação de adultos realizada na UFSCar configurou-se num duplo objetivo, que envolvia a apropriação da cultura letrada pelos educandos, alinhada à dimensão política do educar na perspectiva de transformações mais profundas dos indivíduos e das relações sociais de exploração e dominação, em meio às lutas pela redemocratização do Brasil na década de 1980. Enquanto proposta contra-hegemônica propulsora de transformação, a experiência de educação de adultos da UFSCar contribuiu e, continua a colaborar, com o cumprimento da função social da universidade, com a promoção da formação dos educadores que atuaram na proposta, com a produção científica, através das pesquisas que se desdobraram do trabalho pioneiro da UFSCar e, essencialmente, com a transformação dos educandos e da sociedade. O trabalho congregando, inicialmente a Pedagogia Libertadora e, depois, a Pedagogia Histórico- Crítica, a despeito de qualquer divergência entre essas duas teorias, buscou a transformação da sociedade opressora, operando na perspectiva da superação da sociedade do capital, socializando os conhecimentos científicos em sua forma mais desenvolvida, como propõe a Pedagogia Histórico-Crítica.

Significações e ressignificações do hospital pelos olhares das crianças com insuficiência renal crônica

Karina Cristina Rabelo Simões — 2024-10-25

O processo de hospitalização provoca algumas rupturas contextuais na vida da criança enferma, atingindo diretamente sua infância, especialmente, quando é acometida por patologia crônica. O objetivo desta pesquisa foi analisar as significações e ressignificações do hospital pelos olhares das crianças com insuficiência renal crônica. Participaram quatro crianças, de ambos os sexos, de oito a doze anos, oriundas de interiores do Maranhão e hospitalizadas pela insuficiência renal crônica em um hospital público de São Luís, pelo período de dois a cinco meses. Utilizou-se a entrevista semiestruturada, empregando-se recursos lúdicos como história interativa, livro autobiográfico e caixa dos desejos. A entrevista envolveu três aspectos: motivos da permanência no hospital, sentimentos atribuídos ao mesmo e desejos de mudanças para que o hospital fosse dos sonhos. Os resultados mostraram que a maioria das crianças compreendia os motivos de sua permanência no hospital, atribuindo ao mesmo, sentimentos como tristeza, sentir-se ruim e paciência. Apesar disso, todas relataram momentos de alegria, por meio do brincar como estratégia de enfrentamento e elemento de ressignificação do hospital. Os desejos pelo hospital dos sonhos corresponderam a mudanças nos seus cômodos, na alimentação, nos procedimentos médicos e hospitalares. Concluiu-se que as crianças com insuficiência renal crônica atribuíram significações e ressignificações desde o primeiro momento no hospital e durante sua permanência, apontando o protagonismo delas e o quanto foram capazes de ressignificar o hospital, por meio de suas percepções em relação ao mesmo e motivos de permanecerem nele, bem como atribuição de sentimentos adversos ao hospital em consonância com suas experiências.

Pesquisas qualitativas sobre masculinidades e educação: revisão de estudos em duas bases de dados

Jocilene Marquesini Mongim — 2024-10-25

Nas últimas décadas, no Brasil, observou-se um aumento das pesquisas sobre homens e masculinidades no campo de estudos sobre gênero. Compreendendo a escola como espaço de produção de práticas sociais que configuram relações de gênero, masculinidades e feminilidades diversas, este estudo tem como objetivo investigar como as metodologias qualitativas vêm sendo utilizadas nas pesquisas sobre masculinidades e educação. Para alcançar este objetivo, foi realizada revisão de literatura em duas bases de dados. Foram selecionados 67 estudos entre teses, dissertações e artigos, independentes da área de conhecimento. Privilegiou-se a produção científica nacional, como forma de compreender o contexto da educação brasileira no que se refere ao objeto de interesse da pesquisa. Foram analisados objetos de investigação, delineamentos de pesquisa, métodos de coleta de dados e de análise utilizados. Verificou-se que o objeto pesquisado tem sido abordado de forma predominantemente qualitativa, com número expressivo de pesquisas de inspiração etnográfica e de pesquisas documentais. A análise dos estudos indicou que a temática vem sendo discutida considerando múltiplos aspectos das relações de gênero no contemporâneo, bem como das diversas masculinidades entre si. Essa diversidade de pesquisas pode contribuir para ampliar o entendimento sobre a temática e auxiliar os profissionais de educação a lidarem com os desafios do cotidiano escolar frente a essas questões.