De uma agenda regressiva: O movimento Escola Sem Partido e o espírito do tempo
DOI:
https://doi.org/10.14244/198271994551Palavras-chave:
Movimento Escola sem Partido, Brasil, Educação para autonomia.Resumo
O Brasil viveu entre 2018 e 2022 um governo de características inéditas em sua história. Pela primeira vez ascendeu à presidência da República pelo voto direto um candidato que se colocara sempre em posição contrária aos princípios democráticos. Essa posição foi bem sintetizada em sua declaração ao votar, como deputado federal, pelo impedimento da então presidente Dilma Rousseff. Aludindo o golpe empresarial-militar de 1964, declarou que a vitória de então se repetia naquele momento, 2016. A candidatura e o governo de Bolsonaro se alicerçaram em uma agenda econômica ultraliberal associada a uma pauta regressiva nos costumes, com presença importante do extremismo religioso. Nesse contexto atuou com desenvoltura o Movimento Escola Sem Partido. Este ensaio ocupa-se dele em dois movimentos, o de localiza-lo na pauta supracitada e na análise de dois de seus pilares, o anti-iluminismo, representado pela submissão da escola à família, e a repressão sexual, que se materializa na afirmação dos modelos tradicionais de família e na recusa a qualquer expressão que não seja correspondente à heterossexualidade. Tudo o que diverge desse universo é considerado comunismo, no primeiro caso, e ideologia de gênero, no segundo. Argumenta-se ao final, que esses dois pilares destroem a possiblidade de construção de um sujeito autônomo, ao impedirem o pensamento e interditarem a experiência do desejo.
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