Por entre rostos: o sujeito analfabeto para além das ausências
DOI:
https://doi.org/10.14244/198271991465Resumen
DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271991465
O presente artigo propõe-se, por meio de procedimento de pesquisa denominado autoetnográfico, realizar uma reflexão acerca do analfabetismo a partir de um olhar mais atento à Dona Alzira, pessoa de muitas linguagens e que, sob o rótulo de analfabeta, é pensada socialmente a partir daquilo que lhe falta. Relega-se à periferia, assim, sua cultura e seus saberes próprios. Aliada a estas discussões, faz-se uma relação entre a aprendizagem da leitura e da escrita como divisor de águas entre aqueles socialmente valorizados enquanto cultos, trazendo à emergência tal discussão a partir da narrativa da história de alfabetização de uma das autoras. Busca aporte teórico em autores como Levinas, Nunes e Freire, teóricos que contribuem para a ampliação das discussões apresentadas no sentido de avançar no entendimento dos sentidos do analfabetismo e da alfabetização a partir da valorização do outro a partir de sua própria história, transpondo os rótulos sociais que caracterizam sujeitos analfabetos como inferiores. O artigo apresenta um importante desafio: olhar os sujeitos humanos a partir de suas próprias palavras. Escutá-los enquanto sujeitos de história, de cultura, para muito além do analfabetismo. Isso porque, o outro é rosto, pura linguagem e indizível, quando olhado em sua característica de infinito. Ele está em lugar de privilégio em relação a mim; vem antes e, justamente por isso, é meu mestre. É o próprio outro quem me ensina a olhá-lo.
Palavras-chave: Analfabetismo, Cultura, História de vida, Educação.
Abstract
This article proposes a reflection on illiteracy conducted using the auto-ethnographic research method based on a closer look at Alzira, a person who has many languages but, labeled as illiterate, is socially considered for what she lacks. Her culture and knowledge are relegated to the periphery. Within these discussions is the relationship between the learning of reading and writing as a watershed among those socially valued as cults, bringing such discussion from the narrative of the life history of one of the authors. It searches theoretical support in authors such as Levinas, Nunes, and Freire - theorists who have contributed to the expansion of the discussions presented in order to advance in the understanding of the senses of illiteracy and literacy, from the appreciation of the other from their own history, going beyond social labels that feature illiterate people as inferior. The paper presents an important challenge: to look at the human subject through their own words. That is why the other is face, pure language and unspeakable, when viewed in their characteristic of infinity. They are in a privileged place compared with myself; they come before me, and rightfully so, are my masters. It is the very other who teaches me to look at them.
Keywords: Illiteracy, Culture, Life story, Education.
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##plugins.generic.dates.accepted## 2016-03-11
##plugins.generic.dates.published## 2016-05-25