As vivências das sexualidades nas adolescências: o dito, o não dito e o ocultado

Abstract

Objetivou-se analisar o vídeo da campanha educativa do Ministério da Saúde e do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, denominado “Adolescência primeiro, gravidez depois”, lançado em fevereiro de 2020, na perspectiva de problematizar sobre as questões que visam a educar para as vivências das sexualidades de adolescentes e contribuir para a discussão do tema na área da educação. Para isso, realizou-se uma pesquisa documental qualitativa com análise do vídeo a partir de referenciais teóricos dos Estudos Culturais em Educação e de Educação para a Sexualidade. Considera-se que a estratégia educativa, por meio do vídeo em questão, é centrada na prevenção de gestação, na perspectiva de intimidar sobre os perigos da gravidez nas adolescências, sob o prisma da sexualidade como meramente reprodutiva cisheteronormativa. No vídeo, no entanto, não há explicações sobre como prevenir a gravidez. A orientação educativa é de que adolescentes devem conversar com seus pais e procurar uma unidade de saúde para mais informações. Assim, considera-se que o artefato em análise se utiliza de uma abordagem moral tradicionalista, que censura o acesso a informações confiáveis sobre sexualidades. Por conta disso, salienta-se que campanhas educativas em sexualidades para adolescentes devem ser assertivas, com base em evidências científicas e capazes de abranger também outras dimensões da vida, como afetos, relacionamentos, prazeres, respeito, problematizações de autogestão de risco, por exemplo, sendo, de fato, educação para as múltiplas possibilidades de viver as sexualidades.