A relação que os Kurâ-Bakairi mantêm com a escola: algumas reflexões

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DOI:

https://doi.org/10.14244/reveduc.v18i1.6918

Palavras-chave:

Relação com o saber, Educação Escolar Indígena, Kurâ-Bakairi

Resumo

Os dados foram constituídos por meio de observações e entrevistas, objetivando analisar a relação que os Kurâ-Bakairi mantêm com a escola. A relação que os Kurâ-Bakairi mantêm com a escola denota que ela é espaço de mediação com os não indígenas; por isso, acessar o mundo escolar, adotando provisoriamente um comportamento do karaíwa (o não indígena), não significa o abandono de sua identidade nem a transformação definitiva nele, portanto, não apresentaram sofrimento. Denota ainda que os estudantes Kurâ-bakairi, mesmo deixando de aprender algumas práticas cotidianas com a comunidade, pelo fato de dedicarem parte do tempo aos estudos, garantirão, com o acesso à escola, o mais importante para eles: o sustento e a reprodução das suas famílias. Portanto, a cultura Kurâ-Bakairi não funciona como obstáculo à aprendizagem dos conhecimentos veiculados pela escola. Constatamos, por parte dos estudantes, a disposição para aprender os conhecimentos escolares, como parte do ser Kurâ-Bakairi.

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Biografia do Autor

Edinéia Tavares Lopes, Universidade Federal de Sergipe

Doutora em Educação. Professora Associada da Universidade Federal de Sergipe, orienta nos PPGED e PPGECIMA. Membra do Grupo de Estudos e Pesquisas Educação e Contemporaneidade (EDUCON) e do Grupo de Estudos e Pesquisas Identidades e Alteridades: Desigualdades e Diferenças na Educação (GEPIADDE). Membra da coordenação Colegiada do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) da UFS, da Coordenação do Fórum de Educação Escolar Quilombola de Sergipe e da equipe do Projeto Caleidoscópio das Ações Afirmativas (CNPq). Coordenadora do projeto de pesquisa "Entrelaços de resistência: o que temos e o que queremos na Educação Escolar Quilombola de Sergipe?": Pesquisa nos temas: interculturalidade, decolonialidade, ações afirmativas, Educação Escolar Indígena, Educação Escolar Quilombola, Educação do Campo e Educação das Relações Étnico-Raciais. Coordenadora institucional do Núcleo UFS da Ação Saberes Indígenas na Escola

Yasmin Lima de Jesus, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP-Bauru)

Doutoranda em Educação para a Ciência, Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP-Bauru).  Licenciada em Ciências Biológicas e mestre em Ensino de Ciências e Matemática (PPGECIMA) pela UFS. Professora colaboradora voluntária no Departamento de Biociências (DBCI) da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas Educação e Contemporaneidade (EDUCON), do Grupo de Estudos e Pesquisas Identidades e Alteridades: Desigualdades e Diferenças na Educação (GEPIADDE) e membro do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI), da UFS. Também é membro do Grupo de Pesquisa Educação Continuada de Professores e Avaliação Formativa (UNESP/Faculdade de Ciências, Bauru). Membro colaboradora na função de formadora da Ação Saberes Indígenas na Escola (Núcleo UFS). É pesquisadora vinculada a Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (ABRAPEC) e a Sociedade Brasileira de Ensino de Biologia (SBEnBIO). Tem atuado nos temas: interculturalidade crítica e diálogos de saberes; decolonialidade; Educação Escolar Indígena; Educação das Relações Étnico-Raciais; questões sociocientíficas e socioambientais; discurso, linguagem e argumentação na educação em ciências; formação de professores de ciências e de biologia. 

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Publicado

15-11-2024

Como Citar

LOPES, E. T.; JESUS, Y. L. de. A relação que os Kurâ-Bakairi mantêm com a escola: algumas reflexões. Revista Eletrônica de Educação, [S. l.], v. 18, n. 1, p. e6918175, 2024. DOI: 10.14244/reveduc.v18i1.6918. Disponível em: https://reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/view/6918. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Relação com o saber e perspectivas de formação
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