A cultura visual e a técnica em imagens produzidas por estudantes de cursos de licenciatura
DOI:
https://doi.org/10.14244/198271993834Palavras-chave:
Technique, Technology, Photograph, Undergraduate courses.Resumo
Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa que tinha como objetivo problematizar como estudantes dos cursos de licenciatura de uma IFES (Instituição Federal de Ensino Superior) representam a técnica e a tecnologia, constitutivas da cultura visual, em imagens por eles produzidas. Organizou-se oficinas de produção de imagens. Abordou-se os seguintes conceitos: cultura visual; imagem; técnica e tecnologia. Participaram das oficinas 105 estudantes (52 duplas), que produziram 65 fotografias a partir da escolha de fenômenos no entorno da universidade. Quando as duplas voltavam, respondiam às questões: fenômeno escolhido (justificar a escolha); tem técnica nessa imagem? (justificar resposta); tem tecnologia nessa imagem? (justificar a resposta). Depois projetou-se as fotos e discutiu-se os conceitos de cultura visual, técnica e tecnologia. A análise das respostas escritas dos estudantes indicou que ao escolherem e justificarem os fenômenos eram detentores de uma cultura visual “pautada na visualidade, pela tendência de figurar ou visualizar a existência”. A maioria dos estudantes compreendeu a técnica como meio para se obter um fim, confundiu a tecnologia com o aparato técnico, e não criticou a técnica nem a tecnologia. Todos os estudantes demonstraram ter familiaridade com o artefato “técnico celular”, mas não criticaram esse uso. Os artefatos contemporâneos, particularmente o celular, estão tão inseridos no cotidiano, que se torna difícil estranhá-los, pois há um sistema simbólico, fundamentado na racionalidade técnica, tão arraigado em ações cotidianas, que é difícil estranhar o familiar. Por isso não se problematiza a técnica e nem a tecnologia, ambas produtoras da cultura visual.
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