Práticas de oralidade na alfabetização: uma leitura do material do programa Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa
DOI:
https://doi.org/10.14244/198271993400Palavras-chave:
PNAIC, Oralidade, Alfabetização.Resumo
Este trabalho apresenta uma análise sobre a concepção de oralidade que embasa o programa de formação docente “Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa” com base em três cadernos do 3º ano do ensino fundamental. Utilizamos como pressupostos teóricos uma concepção discursiva de linguagem, oriunda do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 2006; SCHNEUWLY; DOLZ, 2004) em que a aprendizagem dos gêneros textuais é necessária para o desenvolvimento humano; tal aprendizagem propicia a inserção dos alunos em práticas de linguagem, fator indispensável para a socialização e participação numa sociedade multiletrada. Utilizamos, também, as perspectivas relacionadas aos letramentos, em que oralidade e escrita estão integradas e não dicotômicas (MARCUSCHI, 2001; ROJO, 2001; ROJO; SCHNEUWLY, 2006). Por meio da pesquisa documental, selecionamos os cadernos 1, 2 e 8 por serem os que mais versam sobre o tema da oralidade. Os dados revelam que o material defende que o ciclo de alfabetização deve estar ancorado na perspectiva dos gêneros textuais; como consequência, práticas de oralidade e escrita devem estar integradas nas atividades escolares num viés social da língua. Nos três cadernos, há um enfoque nos eixos do ensino de oralidade em língua materna (produção oral, escuta, análise linguística e relações fala/escrita), o que demonstra que o programa evidencia questões didáticas importantes da oralidade. Tais análises nos permitem inferir que os projetos e sequências da seção “Compartilhando” se apropriam dos pressupostos do documento, o que nos indica uma positiva possibilidade de mudança para ensino de Língua Portuguesa nos primeiros anos de escolaridade.
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