Isolada e superficial? A formação em gênero e sexualidades no curso de graduação em pedagogia
DOI:
https://doi.org/10.14244/reveduc.v18i1.6687Palavras-chave:
Gênero, Sexualidade, Pedagogia, CurrículoResumo
Analisa-se a percepção de graduandos(as) em Pedagogia de uma Universidade pública paulista sobre as possibilidades de formação em gênero e sexualidades no seu curso. O curso que ambientou a pesquisa não possui uma disciplina específica sobre os temas na sua grade comum curricular, sendo esse o critério para sua escolha. A amostra foi composta por 212 graduandos(as) (N=212), contemplando sujeitos que estavam matriculados nos quatro anos dessa graduação. Aplicou-se um questionário composto por perguntas abertas e fechadas que os(as) questionavam sobre a abordagem dos temas. Na análise, recorreu-se à estatística descritiva, à técnica de Análise de Conteúdo (AC) e à literatura de base consultada. Para comparar a percepção dos(as) graduandos(as) com o que é previsto sobre os temas no curso, fez-se também uma análise documental de seu Projeto Político-Pedagógico (PPP) e de sua grade curricular. Pôde-se compreender que os temas estão, do ponto de vista burocrático, aparentemente incluídos tanto disciplinar como transversalmente no curso, além de também estarem contemplados em atividades curriculares, semicurriculares e extracurriculares que são ofertadas. Todavia, os dados coletados juntos aos(às) graduandos(as) mostraram que essa inclusão, principalmente a transversal, não se concretiza de fato, com os temas sendo abordados isolada e superficialmente no curso e reservados a disciplinas optativas. A concretização da formação em gênero e sexualidades depende da iniciativa e interesse dos(as) graduandos(as), cabendo a eles(as) procura-la para além das atividades curriculares obrigatórias previstas.
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