Práticas sociais (matemáticas) de produção de um planejamento financeiro na formação de educadores indígenas ((Mathematical) Social Practices for the production of a financial planning in the training of Indigenous teachers)
DOI:
https://doi.org/10.14244/198271992318Resumo
Abstract
The article discusses social practices in a classroom in which one notices evidences of mathematical learning, during activities on financial planning, using a debit and credit spreadsheet. These activities were developed with a group of indigenous students from the Intercultural Education Undergraduate Course for Indigenous teachers with emphasis in Mathematics Education offered at Universidade Federal de Minas Gerais – Brazil with two objectives: supply the demand of mathematical formation to the teachers in-training and support them in the control of their scholarship. We used the classroom intervention methodology, which produced empirical data, composed of video records of classes, notes, and interviews. Using the concepts of social practice theory, we identified the relations established by students in and between the practices that highlighted potential mathematical learning, when they used and/or reflected on the procedures used to calculate procedures and mathematical language to fill the spreadsheet and create graphics. We observed that the participation on these practices generated tensions between individual actions and collective actions, when they were demanded to act in a different logic of life to access and use the scholarship money. We also perceived that the indigenous students began to make the self-control over their spending. We argue that the financial management of the scholarship became a broad intercultural phenomenon that considered the individual and collective uses and necessities. The reflection about this experience points to some specific demands to indigenous teachers’ intercultural education, faced to the public policies to guarantee their right of access and permanence in higher education.
Keywords: Indigenous teachers. Financial planning. Scholarship. Mathematical learning.
Resumo
O artigo discute práticas sociais em sala de aula em que se percebem indícios de aprendizagens da matemática, ao se propor um planejamento financeiro para autogestão de uma bolsa de estudos, utilizando-se uma planilha de débito e crédito. As atividades foram desenvolvidas na Licenciatura Intercultural para Educadores Indígenas da Universidade Federal de Minas Gerais – habilitação Matemática –, com dois propósitos: atender à demanda de formação matemática dos licenciandos e subsidiá-los na autogestão da bolsa de estudos destinada ao custeio de sua permanência no curso. Foram desenvolvidas atividades pedagógicas que geraram os dados, coletados em vídeos de aulas, entrevistas e trabalhos dos estudantes. Adotando-se os conceitos da teoria da prática social, identificamos relações estabelecidas pelos estudantes entre e nas práticas que evidenciam aprendizagens matemáticas, quando eles usaram e/ou refletiram sobre os procedimentos de cálculo e sobre a linguagem matemática no preenchimento da planilha e na confecção de gráficos. Observou-se ainda que o engajamento nessas práticas gerou tensões entre ações individuais e coletivas, pois os estudantes são demandados a atuarem em diferentes lógicas econômicas, para acessar e utilizar os recursos de uma bolsa de estudos. Percebe-se que os estudantes indígenas passaram a fazer o controle de seus gastos. Em alguma medida, a gestão financeira da bolsa se tornou um amplo fenômeno intercultural que considerou usos e necessidades individuais e coletivas. A reflexão sobre essa experiência aponta demandas específicas da formação intercultural para professores indígenas, na área de Educação Matemática, frente às políticas públicas de acesso e de permanência dos indígenas na Educação Superior.
Palavras-chave: Professores Indígenas. Planejamento Financeiro. Bolsa Permanência. Aprendizagem Matemática.
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